sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

estórias da Terra- Júlio Pissarra


        Júlio Pissarra                  Paulo Soares               Zé Gonçalves


A Guita
Nesses tempos Vila Mendo possuía, propriedade da Lurdes e do Filipe Barbeira, um Mini-Mercado.
Era nesse local que eu e o meu amigo Paulo Soares iniciávamos muitas tardes de Verão. Depois do almoço nada melhor, para sobremesa, que um delicioso gelado. Certo dia, enquanto saboreávamos o referido refresco, surge, de carro, o meu primo Zé Gonçalves. Eu e o Paulo fizemos logo sinal para ele parar. Assim fez! Mas logo avisou que “… só ia a casa do Carlos das “Ínsuas” buscar a Guita que ele tinha trazido da Guarda, para ir enfardar feno”. Mesmo assim fizemos questão de ir, mas de seguida, o Zé, sentenciou:
- Hoje não vai haver “Festa!!!”... há muito que fazer..!
Em casa, o Carlos, não estava.
- Deve estar no “Beto” - Disse o Paulo.
Mas não estava.
- De certeza que está no “Boteco” da Quinta de Cima - Disse eu.
- Já sei o que quereis, mas não estais com sorte! …muito que fazer!!! …buscar a Guita e “vou-me b´ora”!!! - exclamou o Zé.
Voltamos a parar no “Beto”, mas só para bebermos mais uma cerveja, visto que do Carlos das “Ínsuas” nem rasto.
- Deve andar para a Estação. - Comentou o Paulo.
Na tasca da “Mariazinha”, nada!
- Sr. Costa, esteve aqui o Carlos das “Ínsuas”? - Não! - Respondeu.
No “Zeca Lucas” ninguém o tinha visto. Quem sabe no café do Sr. Carlos Alberto?! Mas também não se encontrava.
- Onde andará o Carlos? E logo hoje que preciso tanto da Guita! – exclamou, desanimado, o Zé…
No fundo, este Roteiro, apenas estava a servir para se saborearem umas frescas “Minis”! Mas como a esperança é a última a perder …
De repente o Paulo dá com a solução.
- Já sei onde está!
- Onde?! - Questionámos eu e o Zé.
- Está no Albardo. É lá Festa!Na viagem par o Albardo o Zé foi peremptório ao afirmar que se não encontrassemos o Carlos regressaríamos a Vila Mendo ou então deixar-nos-ia, a mim e ao Paulo, em Vila Fernando. Mas do Carlos nem sinal. Quanto mais da Guita..! Bebidas mais algumas cervejas o Zé avisou:
- Bebemos mais uma e “vaz´ebora”! Tenho muito que fazer!!! Tal…! … ver do Carlos “da Quinta”… tem lá a Guita… Tal..! … enfardar o Feno…
Quando saíamos desta localidade encontrámos os Mordomos da Festa munidos de alguns foguetes.
- “Oh amigo” posso deitar um foguete? - Perguntou o Zé.
- Claro que sim. - Respondeu o Mordomo.
Depois de deitar o foguete e já resignado, o Zé, vira-se para os dois amigos e diz:
- “Quereis Festa. Não é?! Já não enfardo o feno, hoje não faço mais nada, mas já estais *Lixados comigo!!!
Mais uma ronda por todos os Cafés da nossa Freguesia, mas só para beber cerveja, porque pelo Carlos já nem perguntávamos…
Com a tarde a avançar, a fome começou a chegar. Então, eu e o Paulo, começámos a pedir ao Zé para regressarmos a Vila Mendo. Mas o Zé não esteve pelos ajustes.
- Até aqui andei ao vosso mando, agora quem manda sou eu. Vamos ao “Beto”!
Aí “estacionámos” e muito tarde de lá saímos. Bem suplicávamos, ao Zé, para irmos comer. Mas o Zé respondia:
- Agora aguentais! Beto, põe aí mais umas “Minis”!!!
O que nos salvou foi o facto do Sr. António Pires ter oferecido um queijo para o pessoal petiscar. Foi como uma dádiva de Deus! Vá lá, ainda serviu para “enganar” o estômago… Nessa altura, até, já o Carlos das “Ínsuas” confraternizava connosco…!
Entretanto a minha Tia Lídia, mãe do Zé, ligava regularmente para o café do Beto e perguntava pelo filho. O meu primo fazia então sinal, ao Beto, para ele dizer que já tinhamos saído… Mas como as chamadas não paravam o Zé teve que atender.
- Mãezinha, mãezinha do coração! Vou já, vou já! - Exclamava o Zé.
Já ultrapassadas as 22h regressámos, finalmente, a Vila Mendo!
No Largo da Amoreira um grupo de Senhoras esperava pelo nosso regresso. A expressão facial da minha Avó Purificação, da Tia Lídia e da Sra. Lurdes mostrava a preocupação e mal-estar que sentiam.
- Louvado seja Deus! – Disseram em uníssono a Avó Purificação e a Tia Lídia.
- Andai cá que já levais!!! - Sentenciou a Sra. Lurdes.
- Fala tu com elas. - Disse o Paulo.
Então o Zé sai do “Golf” e numa atitude de quem dá uma ordem e quer vê-la imediatamente cumprida esclarece:
- Vá! Vá! Pouco barulho! Pouco barulho! As três já para casa e caladas! Porque se não voltamos já atrás!
Resignadas e menos preocupadas, as três ilustres Senhoras, lá regressaram a casa. Então eu, o Paulo e o Zé fomos “deitar de comer ao gado” do Zé, que já desesperava por uma retemperadora refeição…
E assim conclui a estória de uma tarde de Agosto que, ainda hoje, os seus protagonistas recordam com humor e alguma nostalgia.
Ah! Já me esquecia! A muito procurada e desejada Guita nunca chegou a Vila Mendo!!!
O Feno?! Bem… o Feno… apenas foi enfardado passado dois meses!!!
Abraço e até à próxima Estória da minha amada Vila Mendo!



1 comentário:

Anónimo disse...

Que três personagens...