sexta-feira, 29 de março de 2013

Figuras da Terra- T`Zé Pôpo

Apesar de não ser natural de Vila Mendo (o T´Zé Pôpo era natural da aldeia de Santo Amaro - freguesia da Cerdeira-do-Côa), este senhor, com o passar dos anos, sempre foi visto pelas pessoas da nossa Terra como mais um dos nossos.
De nome próprio José Alves, este senhor, nasceu no dia 27 de Março do Ano da Graça de 1924. As suas quatro primeiras décadas de vida passaram-se a trabalhar na agricultura, a ganhar “o dia” e a servir como Pastor. Muitas vezes vagueava pelos Mercados da zona onde procurava trabalho. A esta sua busca Vila Fernando também não era alheia, já que regularmente frequentava a Tasca da Mariazinha. Certo dia, meu Pai, estava no referido local e por la apareceu o T´Zé Pôpo. Depois de alguns “copos” bebidos meu pai perguntou-lhe se queria ir para Vila Mendo trabalhar como Pastor. Logo aceitou. Chegados a Vila Mendo, meu Pai explicou a meu Avô [António Pissarra] o sucedido. Desde esse dia o T´Zé passou a ser mais um funcionário da casa. Mas foi sol de pouca dura visto que passados alguns dias, sem nada dizer, desapareceu. O tempo passou e volvido, sensivelmente, um mês meu Pai reencontrou-o numa Taberna do Adão. Já com o vinho a produzir efeito, quando viu meu Pai, começou a chorar e a suplicar-lhe que lhe desculpasse e o deixa-se regressar a Vila Mendo, pois “nunca tinha sido tão bem tratado”. Mas meu Pai disse-lhe que não podia prometer nada devido à forma como tinha ido embora. No entanto lá foram para a nossa Aldeia. Mas meu Avô já não o queria para Pastor devido à maneira como se tinha comportado. Apesar de tudo, com os pedidos de meu Pai, meu Avô lá acedeu, mas logo o avisou que não tinha outra oportunidade. Desde esse mês de Setembro de 1969 até à sua morte em 1994 esse Senhor foi, em casa do meu Avô, tratado como mais um da família.
Sempre foi uma pessoa simples, humilde, respeitadora, educado e, acima de tudo, muito divertida. Estava sempre disposto para a chalaça, brincadeira ou uma, muito característica, “mugafa” (carantonha). A minha Avó São e minha Madrinha Marques eram, quase diariamente, alvo das suas brincadeiras. As duas irmãs, regularmente, diziam: ”Rela-nos” a cabeça!”
Sempre gostei muito dele e sei que também era meu amigo. Aliás ele dizia que as pessoas de que mais gostava eram meu Avô, meu Pai e eu. Sempre o recordarei com amizade e carinho, até porque, de entre outras estórias com ele, quando lhe perguntavam há quantos anos estava em Vila Mendo, ele respondia: “São os mesmos que o Jú tem de vida. Vim para cá um mês antes de ele nascer!”.
No Rebanho que ele pastoreava existiam algumas ovelhas que lhe pertenciam. Então no dia em que, pela primeira vez, fui nomeado Mordomo da Festa de Vila Mendo ele disse: “Para o ano vamos matar, no dia da Festa, o melhor Borrego que eu lá tiver!”. E assim foi!
Mas o dia de que, ele, mais gostava era o de Consoada! Logo que eu, pela manhã, chegava a Vila Mendo, a “piscar” o olho, perguntava: “À noite vamos lá?”. Depois de Consoarmos começava, tentando disfarçar, a dizer: ”Tou” com uma soneira. Já vou para a cama!”. Eu, então, fazia-lhe sinal e, ele, lá dizia “boa-noite” e descia as escadas. Depois de me esperar, lá iamos os dois para a Fogueira de Natal, mas antes disso entregava-me, sempre, dinheiro para “pagar a minha parte e a sua” - dizia. Por ser simpático e divertido toda a gente gostava da sua presença, por isso essa noite terminava sempre com a tentativa de lhe comprarem um Borrego e uma grande… borracheira! Várias vezes, com a ajuda de alguns amigos, tive de o levar em ombros para a cama!
Uma característica sua era gostar bastante de fumar e comer/beber coisas doces. Diariamente fumava “Kentucky”, no entanto meu Tio Victor Moura e meu Pai (mais regularmente) sempre que iam a Vila Mendo ofereciam-lhe “SG Gigante”, então cheio de felicidade fazia uma “mugafa” das suas e exclamava: “Gosto! Gosto! Gosto! Quando Gosto, Gosto!”. Mas os Doces eram a sua grande perdição! Desde o café, ao refresco de café preto com água, das sobremesas, às Sopas de “Cavalo Cansado” tudo tinha que estar carregado de açúcar. Muitas vezes, principalmente no Verão, quando carregávamos feno ou palha ele dizia: “Se cá apanhasse um litro de água, um de vinho e um quilo de açúcar…! Ia tudo de uma vez!!!”.
Mas com o passar dos anos aliou todo este espírito divertido a uma preocupação: o T´Zé Pôpo tinha medo que meu avô falece-se primeiro do que ele (o que não se verificou). E só perdeu, em parte, essa preocupação quando meu Pai lhe prometeu que se isso acontecesse ele iria trabalhar e viver para “a nossa Quinta de Vale de Estrela”
Com o aparecimento de problemas de saúde, que foram fulminantes, foi internado no Hospital Distrital da Guarda. O Médico que o acompanhava logo informou de que era situação irreversível e que o tempo de vida seria curto. Então minha Mãe questionou o Médico sobre a possibilidade de lhe dar, diariamente, algo que o satisfizesse e lhe aliviasse o sofrimento. O Médico concordou. Desde então, diariamente, minha Mãe alimentava-o com um dos seus manjares prediletos: “Café Preto” bem doce! Para ele era reconfortante e uma enorme felicidade!
Certo dia enquanto eu e minha Mãe faziamos a visita, o T´Zé, com as lágrimas a correrem pela cara, afirmou: “ Jú, obrigado por me vir ver. Já nunca mais volto a Vila Mendo!”. Passados poucos dias, faleceu…
                                                                                 Júlio Antunes Pissarra

quarta-feira, 27 de março de 2013

A mesa

Mesa de Ping Pong. Tem sido um sucesso.
Fábio e Telmo Nascimento numa animada partida.
(Cedida pelo Telmo Conde) 

terça-feira, 26 de março de 2013

segunda-feira, 25 de março de 2013

Visita da Federação Distrital das Associações Juvenis

Nestes tempos conturbados, urge encontrar sinergias e estratégias comuns que possam contribuir melhor para a afirmação das associações e, consequentemente, das populações em que se inserem. 

sexta-feira, 22 de março de 2013

estórias da Terra- Júlio Antunes Pissarra


As Malaguetas
Entre, sensivelmente, meados das décadas de 50 e 60 o meu avô António Pissarra e minha avó Purificação detinham, em Vila Mendo, um pequeno estabelecimento comercial que se repartia por Mercearia e Taberna. A diversidade de produtos não era muita mas, sempre se encontravam Massa, Açúcar, Arroz, Conservas, Farinhas, Azeite, Pão, entre outras Miudezas. Na Taberna algumas Laranjadas e o Vinho eram reis.
O “gestor” deste espaço era o meu pai (José Pissarra) que repartia a sua atividade profissional entre o referido espaço e a colaboração, com meu avô, nas tarefas agrícolas e do negócio de gado.
O dia de maior clientela era o Domingo. Mas esse facto colidia com a vontade de meu pai acompanhar os seus amigos para um passeio dominical, que regularmente concluía com a visita a algum baile da região, e com a presença do fornecedor de pão. Este Senhor, que semanalmente se deslocava, de Burro, da Malhada Sorda até à nossa Terra, depois de descarregar os alforges fazia questão de beber vários “meios quartilhos” de vinho e antes do anoitecer não iniciava a viagem de regresso para a sua aldeia. Com o sucessivo repetir desta situação, meu pai e alguns amigos (Sr. José Vinhas, Sr. Clementino e Sr. António Vinhas) tiveram que encontrar uma forma deste honesto Moleiro deixar de perturbar as tardes de Domingo.
Depois de muita reflexão a solução foi encontrada!
O Domingo chegou e com ele regressou o Moleiro vindo da Malhada. Desta vez nem foi necessário, o senhor, pedir bebida já que o grupo de amigos fez questão de o obsequiar com uns “copos”. Com o líquido a subir à cabeça o Moleiro começou a dormitar, então meu pai e o Sr. José Vinhas iniciaram a “Operação Malaguetas”!
Enquanto, o Sr. José Vinhas, levantava a cauda do jumento, meu pai utilizando um pau, introduzia-lhe, no ânus, algumas malaguetas!!!
Com certeza a temperatura corporal do animal iniciou uma vertiginosa subida…! Subida essa que provocou uma tremenda reação que se manifestou no pular, urrar, dar coices ou rebolar pelo chão. Com este “chim-frim”, o seu proprietário, acordou. Desesperado com o comportamento do seu companheiro de tantas viagens, o Moleiro, tentava, em vão, consolar o animal. A chorar, “falava” com o animal e pedia-lhe para se acalmar, rezava a todos os Santos existentes e fazia promessas, a Deus, para que o animal não morresse! Volvida hora /hora e meia o sofrimento começou a decrescer e foi então que, já pela caída da noite, os dois companheiros seguiram viagem com destino à Malhada Sorda.
O Moleiro continuou a fornecer de pão, a Taberna, mas depois de contas feitas e de dois ou três “copos” bebidos lá regressava ao seu destino e desde então nunca mais o referido grupo de amigos viu prejudicadas as suas tardes e noites de Domingo.

P.S. Esta Estória foi-me relatada por meu pai (José Marques Pissarra).
                                                                       Júlio Manuel Antunes Pissarra

quinta-feira, 21 de março de 2013

Almoço

Sábado, dia 23, vamos realizar mais um almoço. O motivo? Quem disse que é preciso motivo?!. Mas vem na decorrência da Matança do porco. Será feijoada, elaborada pelos cozinheiros oficiais (Luís Costa, Júlio Pissarra e Mário Maria). Esperemos que se esmerem pois vão ser objecto de avaliação; e os critérios são altos... é que para se ser cozinheiro de e em Vila Mendo torna-se necessário atingir níveis de excelência! Aconselho os cozinheiros a entrarem em período de estágio para elevarem os níveis de concentração, de modo a corresponder às expectativas criadas e que não queremos goradas. Os avaliadores andarão por lá!..  
Além do aspecto da confraternização per si, tão essencial na vida de cada cada um e na vida de uma associação, este tempo serve também para ajudar a definir melhor estratégias de acção por parte da nossa colectividade.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Gentes de Cá

Michel (este ano cá te esperamos)

domingo, 17 de março de 2013

Feiras em Vila Mendo? Eis, ainda, a questão!..

Sendo estritamente pragmáticos, não podemos afirmar taxativamente a inexistência das feiras mas… não podemos afirmar, taxativamente, que as houve. Resumindo: a dúvida permanecerá; haverá os que continuarão a dizer que sim e haverá os que dirão que a hipótese será um tanto remota, e encontrar-se-ão argumentos para cada uma dessas visões, sendo até que a “fé” desempenha aqui um papel, muitas vezes, importante: o querer acreditar a todo o custo inviabiliza, não raras vezes, uma análise despretensiosa e descomprometida.
Posto isto, uma pequena nota: estar mais de acordo com uma visão do que com outra, não significa gostar mais ou menos da nossa terra, aliás, será até um pretensiosismo pois “essa coisa de gostar” não será propriamente mensurável e comparável, julgo. Tentar esclarecer uma questão, na busca da verdade, parece-me um acto de coragem e honestidade intelectual que deve ser fomentado e apoiado em todas as situações e circunstâncias da nossa vida pública e privada. Até porque no caso concreto da existência ou não das feiras, esta procura da verdade não traz qualquer prejuízo pois… nunca houve qualquer benefício por se falar, e falar, e tornar a falar delas em Vila Mendo, nem isso diminui as suas gentes, pelo contrário: o querer saber a verdade só enobrece a nossa aldeia enquanto comunidade de pessoas sérias, honestas e verdadeiras, penso.
Agora que balizei, perceptivelmente espero, os pressupostos da minha análise e da análise que deve ser feita por todos aqueles que querem debater, de forma séria e desapaixonada, este tema, vou, sucintamente, ajudar a pensar alguns dos argumentos a favor e contra da realização das feiras em Vila Mendo.
Na minha, modesta, opinião o argumento mais forte a favor é, paradoxalmente, o único que não pode ser verificável: a tradição oral. De facto, os mais velhos referem que “já os antigos falavam dela” e lembro O Sr. Zé “Casona” que faleceu há dois/três anos e que teria hoje 100 anos, o qual referia isso mesmo. E aqui podemos perguntar: Se não houve feira porque é que esse registo oral chegou como chegou até aos nossos dias? De qualquer modo, a ter havido feira esta não chegou ao séc. XX, nem ao XIX, nem à segunda metade do séc. XVIII, pois nos inquéritos mandados fazer pelo Marquês de Pombal a todas as paróquias do país a seguir ao terramoto de 1755, e mais precisamente em 1758 a 22 de Maio, o padre de Vila Fernando, Policarpo da Cruz em relação a Vila Mendo só menciona o número de fogos (casas) e a existência de “uma capela do Apóstolo de Santo André aonde se diz missa para administração de sacramentos”. Ora se por essa altura houvesse algum tipo de feira na nossa aldeia, por certo isso seria mencionado dada a importância de tal.
Quanto ao facto de a feira aparecer em vários livros de história, isso, penso, deve-se ao facto de os diversos autores terem por base a mesma fonte: Alexandre Herculano que se enganou ( e aqui não há dúvidas) no foral de Castelo Mendo ao dizer que era de Vila Mendo; foral esse onde vinha a autorização da criação das feiras realizadas três vezes por ano e com os benefícios e privilégios conhecidos.
Quanto aos vestígios, considero que para haver aquele tipo de feiras tinha de haver necessariamente infraestruturas permanentes e duradouras, que não chegaram até nós ou... não existiram. Quanto a isto cito outra vez o Sr. Zé “Casona” que afirmava que os antigos diziam que na construção da Sé tinham vindo buscar muita pedra a Vila Mendo.. Seria, não seria?.. Não temos como verificar objectivamente. Ainda relativamente aos vestígios, penso ter lido uma teoria no jornal A Guarda, há uns anos, de um colaborador do referido jornal que escrevia sobre assuntos históricos, em que afirmava que Vila Mendo teria sido destruída nas invasões francesas, daí a não existências de vestígios. Seria, não seria?.. Contudo esta teoria será, porventura, mais fácil de investigar.
Quanto à confluência de caminhos, à existência dos baldios, ou a existência de uma tradição de negociantes/comerciantes, são argumentos válidos, com certeza, mas que podem ser transferidos e aplicados a centenas de outras povoações onde, por certo, se conjugam estes requisitos e não há registo de qualquer feira…
Termino como comecei: não podemos afirmar taxativamente a inexistência das feiras mas… também não podemos afirmar, taxativamente, que as houve! E perante isto, o que se pretende é que, vendo os indícios, cada qual retire as suas próprias conclusões, sem qualquer tipo de dramatismo ou paternalismo exacerbado em relação à nossa Vila Mendo que é de todos os seus filhos.
Espero ter contribuído para ajudar a pensar melhor esta questão, pese embora não dar uma resposta cabal e objectiva a esta problemática. No campo dos desejos tenho uma certeza: TODOS gostaríamos que a resposta fosse: SIM, mas…
Feiras em Vila Mendo? Eis, ainda, a questão!..

sexta-feira, 15 de março de 2013

Filhos da Terra- Acácio Pereira

Podem ler Aqui mais um artigo de opinião do Acácio Pereira, presidente do sindicato do SEF, no Diário de Notícias intitulado "Mais um modelo policial". Não perca.

terça-feira, 12 de março de 2013

sexta-feira, 8 de março de 2013

Vozes da Terra- Júlio Pissarra


Feiras/Mercados Medievais em Vila Mendo. 
(Clicar nos mapas para melhor visualização)
Quando se pretende analisar um facto histórico é perfeitamente natural que surjam opiniões antagónicas, principalmente com a não existência de verdades absolutas, se é que as há em relação a muitos momentos da História de Portugal e Universal. Todos nós conhecemos situações da História onde o consenso não existe!
No que respeita ao Artigo do Zé Domingos, relacionado com a existência ou não de Feiras Medievais em Vila Mendo, as opiniões também divergem.
Antes de apresentar os meus argumentos que defendem o “Sim” à existência de Feiras Medievais na nossa Terra, vou realizar uma breve reflexão sobre o texto apresentado pelo nosso, atrás referido, amigo de Vila Mendo.
Respeitando a sua opinião penso que, apenas, está sustentada em suposições:
1ª – Quem somos nós para supor que o grande Alexandre Herculano confundiu Vila Mendo com outra localidade?
2ª – “…a sua [Alexandre Herculano] afirmação baseia-se em leitura de Documentos Manuscritos”, afirma o Zé Domingos. Tudo certo, mas então, esses documentos não têm valor? Ou será que se, baseado nos referidos, Alexandre Herculano referisse que provavam existência de confusão, aí já deveríamos acreditar na sua veracidade e autenticidade?
3ª – Referir que não existiram Feiras Medievais porque as casas, agora existentes, têm menos de 120 anos, parece-me, além de uma suposição, algo contraditório, porque de seguida é afirmado que Vila Mendo, antiga Vila Romana, tem cerca de 1800 anos.
4ª – Afirmar que a ausência de vestígios arqueológicos é uma prova também não me parece correto. Todos nós sabemos que, quase diariamente, são descobertas, por esse mundo fora, novas provas arqueológicas. Será que se fosse realizada, em Vila Mendo, uma investigação desse género não seriam encontrados sinais e evidências, dos nossos antepassados, que nos deixariam orgulhosos?
 Relacionada com esta temática a minha argumentação, a favor da existência das Feiras, lança também, algumas suposições, mas acrescenta dados documentais que podem ser importantes para a resolução deste enigma.
Alguns indícios que sustentam a minha Tese:
1º - Francisco Falcon, um dos grandes historiadores brasileiros, diz que Alexandre Herculano era um historiador criterioso, com método científico, que apenas se apoiava em documentação rigorosa e não se deixava influenciar por Lendas ou Mitos. Então pergunto: será que tão ilustre escritor e historiador terá cometido um erro tão crasso ao ponto de confundir as Feiras realizadas na nossa Aldeia?
2º - Na Primeira Imagem vemos a capa do meu Livro de História do 10º ano onde as nossas Feiras são referidas.

3º - Na Segunda Imagem, pertencente à referida Coletânea, podemos ler referências às Feiras de Vila Mendo e observar um Mapa, que cita um prestigiado historiador português, onde, facilmente, se pode identificar a localização exata de Vila Mendo e Castelo Mendo. Se houvesse engano, e agora sou eu a especular, então quase de certeza que Vila Mendo apenas seria citada no mapa ou somente no texto, ou em nenhum deles!
4º - Na Terceira Imagem, parte integrante de um estudo realizado pela historiadora Virgínia Rau e onde é analisada a questão das Feiras Medievais, podemos igualmente, identificar a localização de Vila Mendo e Castelo Mendo.
(“A Evolução Económica de Portugal nos Séculos XII a XIV”. Volume 10º - pág. 123) – Fonte: Castro, Armando – História Económica de Portugal – II Volume, Lisboa, Editorial Caminho.)
5º – Nas duas imagens seguintes vemos outro exemplo de um Compêndio (pág. 508, 509 e 510) da História de Portugal que faz referência às Feiras Medievais em Portugal. Entre outras são citadas as Feiras de Marialva, Trancoso, Castelo Mendo, Sabugal e também as de Vila Mendo!

6º – Para concluir a apresentação de exemplares que falam nas Feiras Medievais de Vila Mendo, vou apresentar a capa e um excerto de mapa, dessa obra (pág. 794), onde a nossa Aldeia volta a estar referenciada.
 
Importa referir que a esta “História de Portugal” foi-lhe atribuída, em 2009, por unanimidade do respetivo Júri, o Prémio Literário D. Dinis instituído pela prestigiada Fundação Casa de Mateus
7º - Além das Obras Literárias, que foram produzidas por diversos historiadores de referência, existem outros aspetos, aliás também referidos e bem pelo Zé Domingos, que me levam a acreditar na existência dessas Feiras. De todos eles dou especial ênfase à Tradição Oral.
Os documentos escritos podem desaparecer ou estarem perdidos em algum arquivo, por isso uma das melhores formas de adquirir conhecimento é através do saber que é passado de pais para filhos, de geração em geração. Esse não se evapora.
Desde tenra idade que ouço meu Tio António Vicente, natural da Miuzela-do-Côa, senhor com perto de 80 anos, referir-se, baseado em Livros de História dos seus tempos de estudante no Liceu, às Feiras Medievais de Vila Mendo.
Devo, aqui também, recordar o testemunho dos meus quatro avós pois todos eles afirmavam que já os seus antepassados se referiam à Feira que, antigamente, se terá realizado em Vila Mendo.
8º - Para concluir deixo aqui um reparo que pode merecer reflexão. Porque será que Vila Mendo desde sempre foi referenciada, e os mais velhos assim o podem confirmar, como uma aldeia de muitos negociantes/comerciantes de gado? Será que esse não foi o grande legado que essas, Feiras da Idade Média, nos deixaram?
Quando tiveram o seu início? Durante quanto tempo duraram? Quando terminaram? Não é fácil responder, mas baseado em alguns sinais e fortes indícios, estou convicto de que a minha amada Vila Mendo teve a sua Feira Medieval.
Abraço a todos especialmente ao Zé Domingos que, através do seu Artigo, proporcionou a existência deste dinâmico, acalorado e, acima de tudo, enriquecedor debate.   

                                                                     Júlio Manuel Antunes Pissarra

terça-feira, 5 de março de 2013

Momentos

Fábio Alves; Rodrigo Costa; Andreia Corte Soares; Inês Costa

sexta-feira, 1 de março de 2013

estórias da Terra- Manuel da Silva Gonçalves

Depois da intervenção dos militares na casa da escola, ou casa da professora, após o 25 de Abril de 1974, criámos o Clube da Juventude nesse espaço. Esta experiência foi mal sucedida porque nessa época não se conseguiu reunir as condições e apoios para que o projeto tivesse pernas para andar.
No entanto, passaram-se ali alguns serões agradáveis e recordo, particularmente, mais dois episódios: 
A galinha decepada que caminhava
Recordo-me de uma noite em que, depois de um jogo de “lerpa”, o Adérito para pagar as dívidas foi buscar uma galinha à capoeira dos pais para fazermos uma patuscada. Eu e o Jorge Pereira ficámos com a tarefa de matar a pobre da galinha. Saímos do salão e fomos matá-la num dos terrenos que ladeiam o largo. Segurei-a com as duas mãos, enquanto o Jorge lhe agarrou na cabeça e cortou o pescoço. Para não me sujar com o sangue larguei-a e, para espanto nosso, o animal começou a andar… parecia fugir ao destino. Claro que nós fugimos para o lado contrário e fomos para o salão relatar o insólito acontecimento.
Só a fomos buscar depois de uma grande galhofa e a pobre da galinha acabou por ser cozinhada mas de tão rija, estava verdadeiramente intragável. Devia ser a mais desdentada da capoeira!
Patifaria
Noutra noite, depois do fecho, decidimos colocar todos os carros de bois e carroças que estivessem na via pública virados de lado, isto é com uma das rodas no ar. Para disfarçarmos a autoria da brincadeira nem os dos nossos familiares escaparam.
Na manhã seguinte a pacata aldeia acordou em verdadeiro alvoroço. Só podia ser coisa de gente estranha à aldeia diziam.
A sra. Maria afirmava “os nossos não foram pois até nos colocaram o arado de madeira em cima do portão”; a minha mãe retorquia “ai os meus também não porque os nossos carros também estão virados”.
A estratégia resultou!
Devo acrescentar que fomos cuidadosos e, para além do incómodo, não causámos prejuízo a ninguém.

                                                                             Manuel da Silva Gonçalves