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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Nota

A Graça Sousa pede para publicar a seguinte nota:

"Agradeço as palavras de apreço e incentivo a todos aqueles que me têm feito chegar sugestões e comentários relativos aos meus textos sobre a freguesia de Vila Fernando. Essas palavras têm-me encorajado a tentar descobrir e a contar mais pormenores desconhecidos da vida dos nossos antepassados.
Obrigada. Até breve."
Graça Sousa

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

As invasões francesas e a freguesia de Vila Fernando- 3ª parte

Graça Sousa- professora

Na freguesia de Vila Fernando, sabemos que, pelo menos, cerca de 20 pessoas morreram às mãos dos franceses.
O Pe José Soares, natural de Vila Fernando, redigiu os assentos de óbito, substituindo o Pe Agostinho Pereira da Silva, vigário da freguesia, que, talvez doente, ferido ou ausente, teve um “impedimento” que o impossibilitou de escrever.
Nesses registos, como seria de esperar, tendo em conta a gravidade dos acontecimentos, nota-se alguma desorganização cronológica.
(Nesta altura, Albardo e Adão ainda faziam parte da freguesia de Vila Fernando.)

1810
10 setembro
Vila Mendo – António João, viúvo, “foi morto pelas tropas francesas em o limite de Ruivós, Bispado de Pinhel (…) e foi sepultado pelos habitantes de Ruivós fora do lugar sagrado pela razão do inimigo”.

13 setembro
Adão – José Joaquim, viúvo, “foi morto pelas tropas francesas (…) e por isso não foi sepultado em lugar sagrado”.

14 setembro
– Albardo – António Afonso, casado com Maria Miguel, “foi morto pelas tropas francesas” e sepultado na Capela do Espírito Santo de Albardo.

1811
18 março
Vila Mendo – Manuel Gonçalves do Ordonho, viúvo, com cerca de 57 anos, faleceu “de uma maligna (…) e foi sepultado na Capela do dito lugar por não se poder conduzir à Matriz em razão do inimigo francês”.
(Nota: O perigo era tanto que as pessoas nem sempre corriam o risco de levar os defuntos até à Igreja de Vila Fernando onde, habitualmente, eram sepultados.)

20 ou 21 março
Quinta do Meio – António Antunes, com cerca de 41 anos, casado com Maria João, “foi morto pelos franceses” e sepultado no adro da Igreja de Vila Fernando.

20 ou 21 março
Quinta de Cima – Manuel João, solteiro, com cerca de 34 anos, “foi morto pelos franceses” e sepultado no adro da Igreja de Vila Fernando.

20 a 29 março
Vila Mendo – José Francisco, solteiro, com cerca de 47 anos, “foi morto pelos franceses por isso sem Sacramentos”. Foi sepultado na Capela de Vila Mendo “por não se poder conduzir à Igreja Matriz”.

28 março
Quinta do Meio – Catarina Fernandes, viúva, com cerca de 77 anos, “foi morta pelos franceses por isso sem Sacramentos”. Foi sepultada na Capela da Quinta do Meio “por não se poder conduzir para a Igreja Matriz”.

28 março
Vila Fernando – Manuel Gonçalves Marcos, solteiro, com cerca de 32 anos, “foi morto pelos franceses por isso sem Sacramentos”. Foi sepultado no adro da Igreja de Vila Fernando.

30 março
Vila Fernando – José António, solteiro, com cerca de 33 anos, “foi morto pelos franceses”. Foi sepultado no adro da Igreja de Vila Fernando.

20 a 27 março
Vale de Carros de Baixo – Agostinho Pires, com cerca de 52 anos, casado com Antónia Gonçalves, “foi morto pelos franceses por isso sem Sacramentos”. Foi sepultado “em um Chão junto à mesma Quinta de Vale de Carros”, segundo disseram ao Pe José Soares.

27 março
Vila Mendo – Maria Teresa, com cerca de 38 anos, casada com Manuel Cardoso, “faleceu sem Sacramentos por se não poderem administrar por causa do inimigo francês”. Foi sepultada na Capela de Vila Mendo “por se não poder conduzir à Igreja Matriz”.

26 a 30 março
Adão – Tomé Gonçalves, com cerca de 43 anos, casado com Isabel Francisca, “foi morto pelos franceses”. Foi sepultado junto a Rocamador, segundo constou ao Pe José Soares.

31 março
– Roto – João Francisco, viúvo, com cerca de 70 anos, “foi morto pelos franceses”.

31 março
Roto – José Lopes, com cerca de 46 anos, casado com Isabel da Costa, “foi morto pelos franceses”.

Últimos dias de março
Roto – João Lopes, com cerca de 44 anos, casado com Maria Fernandes, “foi morto pelos franceses”.

Últimos dias de março
Adão – José da Cunha, viúvo, com cerca de 70 anos, “tendo ficado em casa por causa de uma enfermidade nela foi morto pelos franceses”.

Últimos dias de março
Adão – Maria Joaquina, solteira, com cerca de 23 anos, filha de Teresa Proença, viúva, “tendo ficado de cama por causa de uma enfermidade nela foi morta pelos franceses”.

Últimos dias de março
Quinta do Meio – Manuel João, com cerca de 63 anos, casado com Maria Nunes, “foi morto pelos franceses”.

14 abril
Adão – Francisco, solteiro, com cerca de 19 anos, filho de Teresa Proença, viúva. Morreu “pelos maus tratos dos franceses”. Foi sepultado na Capela do Adão. (Este Francisco era irmão da Maria Joaquina acima referida.)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

As invasões francesas e a freguesia de Vila Fernando- 2ª parte

Graça Sousa- professora

2ª parte

Constam ainda desse “Mapa geral” algumas observações sobre acontecimentos dramáticos que nos deixam entrever a profunda violência a que foram sujeitos os nossos antepassados e que, nitidamente, se assemelham às imagens de guerras atuais que a televisão nos mostra diariamente. Essas observações ficam aqui transcritas.

“Além das pessoas de que se faz menção neste mapa, muitas outras têm morrido depois, por causa de pancadas, tiros e feridas com que foram maltratadas pelos franceses, fadigas, moléstias e privações de toda a espécie e continuam a morrer. Ignora-se mesmo a sorte de algumas, que foram obrigadas a ir com o inimigo.

Todas as do sexo feminino, ou a maior parte, que tiveram a infelicidade de lhes cair nas mãos, foram atroz e brutalmente insultadas, sem respeito da idade, ou condição, nem a moléstias; e muitas mortas por modos os mais bárbaros e estranhos, sem lhes valer terem fugido para as serras e sítios mais inacessíveis.

Os Templos foram horrorosamente profanados com ultrajes do Mistério mais Augusto da Religião, onde não pôde acautelar-se, com irrisão e destruição das Imagens quase todas, demolidos os Altares; queimados todos os móveis e mesmo o pavimento e forro; e muitos destelhados. Abriram muitas sepulturas pela suspeita de que ocultariam dinheiro ou outras preciosidades e de alguns fizeram lupanar.

Quase nada escapou pelos campos e serras por mais escondido que estivesse porque as gentes apanhadas eram afogadas com cordas e padeciam outros tratos, os mais desumanos, para que declarassem onde paravam as coisas escondidas. Depois eram mortas a tiro ou a ferro ou as deixavam enforcadas em árvores.

As terras pela maior parte ficaram incultas por falta de gados, de braços e de sementes. A maior parte dos habitantes vivem unicamente das ervas do campo.

Em muitas das relações não se faz especial menção do número de cabeças de gado roubado, ou das quantidades de géneros, dinheiro ou outras coisas, mas é certíssimo que em todas as freguesias invadidas se fizeram os mesmos roubos e desacatos de que há no mapa declaração.

Finalmente, todas as freguesias invadidas ficaram reduzidas à maior miséria que pode imaginar-se. É este o testemunho unânime de todos párocos.

Os Templos, e as casas, que não foram inteiramente queimadas ou demolidas, ficaram somente com as paredes e telhados, sem portas, sem janelas, nem trastes de qualidade alguma, com muito poucas excepções.

Não há exemplo de devastação tão bárbara e de mãos dadas com a mais decidida impiedade.”

(Nota: algumas palavras foram atualizadas.)

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

As invasões francesas e a freguesia de Vila Fernando

Graça Sousa- Professora

1ª parte
Em 1810, no início da 3ª invasão, o exército francês, comandado por Massena, entrou em Portugal, atravessando a fronteira da Beira Alta e apoderando-se, em 27 de julho, da praça de Almeida. Os militares franceses avançaram sobre Lisboa, mas, na impossibilidade de ultrapassarem as linhas defensivas de Torres Vedras, bateram em retirada e, depois de algumas batalhas, dirigiram-se novamente à fronteira.
A sua passagem foi acompanhada por níveis inauditos de violência: pilhagens de objetos de valor, roubo de víveres, ferimento e tortura de civis; incêndios e destruição total de casas, campos e sementeiras; violações; assassínios…
No dia 3 de abril de 1811, ocorreu um confronto no Sabugal, entre as tropas anglo-lusas e as francesas. Estas últimas seriam, em breve, empurradas, finalmente, para lá da fronteira.
Depois disso, foi pedido aos párocos que elaborassem “Relações”, registando os danos causados pelo invasor nas suas freguesias e, a partir desses documentos, foram criados “Mapas”, que se encontram guardados na Torre do Tombo, com o resumo das informações.


Mapa geral das mortes, incêndios, roubos, e mais danos feitos no Bispado da Guarda pelo Exercito Frances comandado pelo General Massena, e na sua retirada em 1811

Na região da Guarda, os prejuízos foram notórios e, por aquilo que percebemos, os registos ficaram aquém da realidade, pois nem todos os párocos responderam e, dos que o fizeram, alguns não discriminaram as perdas, limitando-se a referir, de forma genérica, nas suas “Relações”, “que os inimigos tinham levado ou destruído tudo, frutos, gados, roupas […] não deixando cousa alguma senão a fome, e a miséria que vai destruindo a população a passos largos”.
Segundo esse “Mapa geral”, no aro da Guarda, onde se incluía a freguesia de Vila Fernando, o “valor das ruínas nos Templos e Casas Religiosas; vasos sagrados roubados ou destruídos, dinheiros de Instituições Pias […] expressado nas Relações” ascendeu a 12.417$980 (reis) e o “valor dos roubos feitos aos particulares em dinheiro, víveres, roupas e mais trastes; danos pela ruína das casas e prédios rústicos com quantias expressadas nas Relações” atingiu 422.612$490 (reis). Os militares franceses, famintos, roubaram, na região, tudo o que os pudesse alimentar: 40.186 alqueires de “grão frumentáceo e legumes”, 1727 alqueires de castanha seca, 593 alqueires de castanha verde e batatas, 1978 almudes de vinho e vinagre, 315 almudes de azeite, 141 arrobas de carne de porco salgada, 115 “colmeas reputadas a 1000 rs cada hua”…
Entre a população, sucumbiram, pelo menos, 1127 pessoas: 505 de morte imediata e 622, posteriormente, devido a pancadas, tiros e outros tipos de violência.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVIII

Graça Sousa
- professora
Casamentos – Parte 4 (2ªparte)

lAssinaturas das testemunhas

Nesta época, os padrinhos e as madrinhas nem sempre eram mencionados pelos Vigários ou por quem os substituísse. No entanto, havia quase sempre referência aos nomes das testemunhas que assinavam no fim de cada assento. Era frequente serem padres que assistiam à cerimónia, mas muitas pessoas (sempre do sexo masculino), residentes na freguesia, desempenharam esse papel. Algumas não sabiam escrever e assinavam com uma cruz, uma estrela ou outro símbolo; outras redigiam o seu nome com dificuldade como se não soubessem escrever mais nada; outras, no entanto, traçavam lindas assinaturas que nos mostram que o analfabetismo talvez não estivesse tão presente na nossa freguesia como poderíamos imaginar.
Aquilo que se segue é uma amostra de algumas destas últimas assinaturas. Os autores residiam todos na freguesia de Vila Fernando.













quarta-feira, 13 de outubro de 2021

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVIII

Graça Sousa
- professora

Casamentos – Parte 4 (1ªparte)

lAssinaturas das testemunhas
Nesta época, os padrinhos e as madrinhas nem sempre eram mencionados pelos Vigários ou por quem os substituísse. No entanto, havia quase sempre referência aos nomes das testemunhas que assinavam no fim de cada assento. Era frequente serem padres que assistiam à cerimónia, mas muitas pessoas (sempre do sexo masculino), residentes na freguesia, desempenharam esse papel. Algumas não sabiam escrever e assinavam com uma cruz, uma estrela ou outro símbolo; outras redigiam o seu nome com dificuldade como se não soubessem escrever mais nada; outras, no entanto, traçavam lindas assinaturas que nos mostram que o analfabetismo talvez não estivesse tão presente na nossa freguesia como poderíamos imaginar.
Aquilo que se segue é uma amostra de algumas destas últimas assinaturas. Os autores residiam todos na freguesia de Vila Fernando.
 
      Manuel Miguel-1718   José de abreu-1799

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVIII

Graça Sousa- professora

 Casamentos- 3ª parte (cont.)

l Os apelidos de noivos e noivas eram muito variados:

Abreu, Afonso, Aguiar, Almeida, Álvares, Andrade, André, Antunes, Azevedo, Cabral, Cardoso, Carvalho, Cavaleiro, Costa, Crespo, Cruz, Cunha, Dias, Domingues, Duarte, Esteves, Fernandes, Ferreira, Figueiredo, Fonseca, Francisco(a), Gil, Gomes, Gonçalves, Gracia, João, Jorge, Lopes, Lourenço(a), Luís, Magalhães, Marques, Martins, Matos, Melo, Mendes, Miguel, Monteiro, Morais, Moreira, Moura, Neves, Nunes, Paulo, Pereira, Pina, Pinheiro, Pires, Ramos, Reis, Rodrigues, Santos, Saraiva, Silva, Simão, Simões, Soares, Teles, Teixeira, Tenreiro, Valente, Vasco, Veiga, Vicente…









Contudo, alguns estavam bem enraizados na freguesia. É o caso de Gonçalves, Fernandes ou João. Os apelidos mais frequentes dos noivos eram Gonçalves (300), Fernandes (132), João (112), Francisco (39), Miguel (35), Costa (31), Marques (27) e Martins (27). Para as noivas, temos Gonçalves (275), João (145), Fernandes (86), Miguel (62), Marques (45), Antunes (30), Jorge (24) e Pires (21).


l Como havia muitos nomes iguais ou semelhantes, as profissões, as características físicas ou psicológicas, a idade, o local de origem ou de residência de cada um eram utilizados como forma de diferenciação. Algumas dessas palavras são-nos já estranhas porque caíram em desuso e já não conseguimos abarcar o seu real significado.


Profissões
Ferreiro (VF), Serralheiro (VM), Estudante (VF), Tecelão (Qta Meio, Qta Cima, Qta JD), Moleiro (Qta JD), Pastor (PR, Adão), Soldado (Qta Cima, Qta JD, VF), Estanqueiro (VM), Almocreve (Alb), Alfaiate (Alb, VF, Qta Meio, PR, Mte Carreto), Barbeiro (VF, PR), Escrivão (Adão), Sapateiro (VF), Condessa (VF), Cavaleiro (PR), Violeiro (Guarda)

Origem ou residência
das Poldras (VM, Alb), do Lagar (Alb), da Escada (Qta Cima, Alb), da de Moura (PR), da Varanda (Adão), da Serra (VM, Adão), o Castelhano (Alb), da Igreja (VF), da Fonte (Qta Cima, Alb), da Moreira (VF), das Eiras (Adão), das Moutas (Adão), da Quelha (Alb, da Qta Cima), das Naves (VF), do Cimo (VF, Mte Carreto, Adão), do Fundo (VF), do Forno (Alb)

Características físicas ou psicológicas / Idade
moreno (Alb), o valente (Adão, VF), orca (Qta JD), seco (Alb), basulo (PR), o calvo (Qta Cima), mocho (PR), o crespo (VM, VF, Alb), o ruço (VF), a mouca (Alb), vermelho (VF), do cornelho (Alb), inverna (VF), botelho (VM), o cego (Adão), o louro (VF), o rico (Adão), chicana (VF, VM, Adão), a pomba (Adão), dos cravos (VM), cancela (Qta JD) remédio (PR), o neto, o moço, o velho


l Vigários, curas e capelães

Além do Vigário, que residia em Vila Fernando e que estava dependente do Tesoureiro-mor da Sé da Guarda, havia normalmente um padre cura (que ajudava o Vigário e o substituía quando era necessário) e padres capelães no Adão, em Albardo e no Roto. Encontramos ainda referências a outros padres que estavam de passagem ou que eram familiares / amigos dos noivos ou dos Vigários e Curas. Eram eles que, habitualmente, assinavam os assentos como testemunhas.

Vigários

Vig. António Tenreiro Cabral – 1674-1712

Vig. Manuel Nunes – 1713-1720

Vig. Policarpo da Cruz – 1720-1759

Vig. Manuel Rodrigues Leitão – 1760-1767

Vig. Agostinho Pereira da Silva – 1768-1771

Vig. Francisco José Antunes – 1773-1783

Vig. Agostinho Pereira da Silva – 1784-…


sexta-feira, 20 de agosto de 2021

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVIII

Graça Sousa- professora

Casamentos Parte 3

        l Os noivos


l De 1701 a 1800, encontramos noivos solteiros (820) e viúvos (261), assim como noivas solteiras (992) e viúvas (89). Após a morte dos respetivos cônjuges, geralmente, os viúvos e as viúvas não demoravam muito a casar de novo, tentando refazer a sua vida e/ou encontrar alguém que cuidasse deles (delas) e de filhos pequenos. No caso dos homens, há quem se tenha casado três e quatro vezes (42).

 

l Nos 1085 casamentos ocorridos no séc. XVIII, 678 dos noivos pertenciam à freguesia de Vila Fernando e 382 eram “de fora”. No caso das noivas, 1040 eram da freguesia e 40 vieram de outros lugares. De lado ficam alguns casos sobre os quais não há informação.

 

l Algumas quintas da freguesia tiveram um número muito reduzido de noivos e de noivas (Quinta da Nave Derradeira, Quinta das Pousadas, Quinta de João Lopes, Quinta de Vale Longo, Quinta dos Pombais, Monte Cimeiro); outras parecem ter desaparecido porque, ao longo destes cem anos, não lhe é feita qualquer referência (Quinta da Queimada ou Quinta de Afonso Fernandes, por exemplo). A designação de “Quinta de Baixo” não aparece em lado algum mas, em contrapartida, continua a surgir o nome da Quinta de João Dias.

Há ainda referências ao Adão “piqueno”(ex: 7-11-1791) e a Moinhos dos Barrocais (ex: 28-4-1748), ambos pertencentes à freguesia de Vila Frenando.

 

Freguesia de VF

Noivos

Noivas

Adão

143

219

Albardo

134

196

Monte Carreto

36

62

Pousafoles “ó” Roto

71

123

Quinta da Caravela

3

14

Quinta de Cima

42

71

Quinta de João Dias

26

50

Quinta de Vale dos Carros

11

12

Quinta do Meio

41

63

Vila Fernando

96

114

Vila Mendo

70

90

 

l Tal como no século anterior, os 382 noivos e as 40 noivas que não pertenciam à freguesia de Vila Fernando eram maioritariamente provenientes de quintas e lugares das freguesias próximas: Vila Garcia, Jarmelo, Rochoso, Casal de Cinza, Carvalhal Meão, Santa Ana da Serra da Azinha, Marmeleiro, Pega, Pousafoles do Bispo, Gonçalo Bocas, Castanheira, Arrifana, Benespera, Panoias, Bendada, Guarda… Alguns noivos e noivas eram de origem mais longínqua, pois vinham de locais abrangidos pelos bispados de Lamego, Viseu, Coimbra, Braga e Elvas.

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVIII

Graça Sousa- professora

Casamentos Parte 2

lCerimónia 

l Ao longo do séc. XVIII, foram registados 1085 casamentos nos livros paroquiais da freguesia de Vila Fernando, o que corresponde a uma média aproximada de 11 casamentos por ano. No entanto, houve alturas em que o número foi largamente excedido (1702 – 22; 1706 – 24; 1709 – 22; 1750 – 25; 1763 – 21) e outras em que os matrimónios quase desapareceram (1734 – 2; 1769 – 2; 1770 – 3; 1778 – 1).

 

l Se compararmos os valores do séc. XVII com os do séc. XVIII, percebemos que se manteve a tendência crescente de casamentos até 1725, altura em que houve uma pequena quebra.

Casamentos no séc. XVIII

1701-1725

326

1726-1750

266

1751-1775

221

1776-1800

272

Total

    1085

Casamentos no séc. XVII

1601-1625

79

1626-1650

168

1651-1675

218

1676-1700

311

Total

      776

 

 

 


 


l As cerimónias eram normalmente realizadas na Igreja Matriz de Vila Fernando mas houve exceções. Os noivos pediam uma autorização especial ao Bispo e conseguiam que os seus casamentos tivessem lugar nas Capelas de S. Bartolomeu do lugar do Adão (ex: 1766), do Divino Espírito Santo do lugar de Albardo (ex: 1779) ou de Santa Maria Madalena do lugar do Roto (ex: 1783). (Ex: “… em a Capela de Santa Maria Madalena do lugar do Roto desta mesma freguesia por licença do Sr. Bispo foram recebidos em face da Igreja…” – 23-9-1783)

 

l Um casamento era um momento preparado com antecedência e que obedecia a requisitos e regras. Nada era feito ao acaso e tanto o estado civil como o grau de parentesco dos noivos eram esmiuçados com todo o rigor. Se os laços de parentesco fossem próximos, era preciso pedir autorização e pagar bula. (Ex: “Foram dispensados pelo Exmo Senhor Núncio destes Reinos em terceiro e quarto grau de consanguinidade de que apresentaram Certidão de dispensa que fica no cartório desta Igreja para em todo tempo constar…” – 9-8-1773)

 

l Aparentemente, os noivos podiam contrair matrimónio quando fosse conveniente. Por exemplo, em junho de 1782, houve cerimónias nos dias 5, 12, 18 e 28, que corresponderam a quarta, quarta, terça e sexta, respetivamente, e, em junho de 1791, foram registados casamentos nos dias 10, 12, 13, 23 e 24, equivalentes a sexta, domingo, segunda, quinta e sexta. Por vezes, o Vigário acrescentava algumas informações sobre a data: “sendo Domingo do Santíssimo Nome de Jesus” (15-1-1758), “sendo em véspera do dia de Entrudo” (6-2-1758), “sendo dia de Nossa Senhora da Anunciação” (3-4-1758).

Durante este século, os meses mais escolhidos para a cerimónia do casamento foram fevereiro (180), maio (122) e janeiro (117) e os meses com menos procura, agosto (65), julho (59) e março (45).

 

l Percebemos que o Vigário pedia aos noivos algum tipo de pagamento pela cerimónia porque encontramos, diversas vezes, a informação “deve a galinha” (ex: 20-9-1763) rabiscada na margem dos assentos. Numa outra ocasião, num registo de casamento realizado, com licença do Sr. Bispo, na Capela do Divino Espírito do lugar de Albardo, o Vigário escreveu “e me pagaram o que me ajustei com eles pelo trabalho de la os ir receber” (2-10-1775). Nota: receber = casar