terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Sugestão de leitura

Márcio Fonseca- Natural do Rochoso. Engenheiro Informático. Editor do Blogue "Crónicas do Noéme" desde 2009, onde tem denunciado os crimes ambientais perpetrados uma e outra vez no nosso rio e defendido acerrimamente a sua despoluição.
Em 2014, editou o livro: Guarda os produtos de cá- "em busca dos nossos produtos e dos nossos produtores, numa viagem também ela feita pelos sabores e memórias da nossa região".


O Malhadinhas- Aquilino Ribeiro- 1ª edição - 1958

"Danado aquele Malhadinhas de Barrelas, homem sobre o meanho, reles de figura, voz tão untuosa e tal ar de sisudez que nem o próprio Demo o julgaria capaz de, por um nonada, crivar à naifa o abdómen dum cristão". 
Começa assim a obra que me deu a conhecer mestre Aquilino, um dos grandes da literatura portuguesa e Beirão dos quatro costados. Ler esta novela é como andar para trás no tempo e recordar o que foram as nossas aldeias, as suas figuras, costumes e linguajares. Ao lermos as aventuras do Malhadas de Barrelas é-nos fácil imaginá-lo a comer chichorros em Vila Mendo, beber um traçadinho no Rochoso ou à socapa apanhar uns peixes no Noemi. Visse ele o rio Noemi no estado em que está e de certeza o estadulho de carvalho ganharia outro uso.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Calcetamento das ruas

Largo da Escola (Associação)
Os trabalhos continuam a decorrer.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Entrevista a Fernando Alvim

Fernando Alvim nasceu em 1974, em Vila Nova de Gaia. É radialista, humorista e apresentador. Estreou-se aos 13 anos a fazer rádio: da Rádio Nova Era à Rádio Press, da Rádio Energia à TSF, da Rádio Comercial à Antena 3, onde hoje se encontra. Pelo meio, apresentou os programas Top Rock (TVI), Curto-Circuito (SIC Radical), Perfeito Anormal, Cine XL e Boa Noite Alvim. Seguiu-se o 5 para a Meia-Noite (RTP 2) e É a Vida Alvim (TVI e actualmente no Canal Q). Apresentou também, na RTP, o concurso O Avô fugiu de Casa. Apresenta há mais de dez anos o programa Prova Oral, na Antena 3. Dirige a Speaky.TV, a revista 365, o Festival Termómetro e o Festival Alternativo do Ano. Criou os Monstros do Ano, a Regata de Barquinhos a Remos e os Prémios Novos. Organizou ainda o encontro Portugal É Agora, em dezembro em 2013, no Pavilhão do Conhecimento. Mantém o blogue Esperobemquenão. É também DJ, percorrendo o país de norte a sul.
Publicou, em 2008, o livro Alvim: 50 Anos de Carreira, após ter publicado a obra No Dia em Que Fugimos Tu não Estavas em Casa ( 2003) e Quatro homens para tantas mulheres (2005). É também o criador da editora Cego Surdo e Mudo, na qual editou Mente-me Só se For Verdade (2013); Não És tu, Sou eu (2012) e Não Atires Pedras a Estranhos Porque Pode Ser o Teu Pai (2010). 

Um percurso tão frenético que o levou a comemorar 50 anos de carreira em 2008! O Manuel Tróia (com oitenta e poucos anos) afirma mesmo que, possivelmente, será mais velho que ele próprio; algo confirmado pelo Pereira- mais velho que os dois!!  ( Manuel Tróia: essa figura incontornável da comunidade Vilamendense, exímio condutor de motorizada e "atropelador" de mulheres em série, na estreitíssima (!) estrada que liga à Santa Ana...)
Prometeu que quando casar voltará a Vila Mendo ( depois de ter cá estado em 2013) para festejar!!! Aguardamos ansiosamente tal acontecimento, tal como Ti Alfredo, o maior galã de Vila Mendo, que o Fernando Alvim não teve o privilégio e honra de conhecer- para sua sorte- ( saberia então o que é concorrência a sério na arte do galanteio)!!!!

Como se definiria enquanto pessoa? 
Sou uma pessoa que quase sempre não sabe onde estão as suas chaves de casa. É isso que eu sou. Alguém que permanentemente se esquece de alguma coisa, mas que tenta furiosamente fazer tudo, responder a tudo.

De entre as várias facetas enquanto artista, qual a que lhe enche mais as medidas?
 A de ser um génio. Isto de ser um génio, tem que se lhe diga. Temos que criar expressões de génio, acções de génio e o mais difícil.. ser um génio.

O dia ideal seria… 
passar uma tarde inteira a dizer poemas do Herberto Hélder à Monica Belucci. E a comer gelados do Santini.

Um projecto de sonho na sua carreira? 
Ter uma casa com vista para o mar na Zambujeira. E já agora, com vista para a Mónica Belucci .

Uma impressão sobre Vila Mendo. 
Gostei imenso e um dia que me case - já imaginaram decerto com quem - voltarei para comemorar tamanho acontecimento mundial.

Imaginar-se-ia a viver numa comunidade do Interior?
Confesso que não, excepto nas férias. sou muito urbano, muito citadino, preciso de uma agitação cultural e social que o interior por enquanto não me pode oferecer. Mas adoro o interior do país e vejo-o como o pulmão das cidades.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Calcetamento das ruas

(Rua do Forno)
Está a decorrer o calcetamento das ruas, desde o largo da Escola (Associação) até ao Regato e até ao início da Avenida Motard. Vila Mendo vai ficar, sem dúvida, mais bonita (se tal é possível!).

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Memórias de Vila Mendo- Victor Brito Moura

Victor Brito Moura- Natural de Loriga- Seia. Residente em Seia. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Foi criança feliz, adolescente assim assim, funcionário público e não público, militar pouco aguerrido. Advogado, Vereador na Câmara Municipal de Seia, Deputado na Assembleia da República. Atualmente, é Presidente do CA da ProSena, S.A.- Escola Profissional da Serra da Estrela.
A sua ligação a Vila Mendo advém do casamento com Maria Alcina da Corte Pissarra. Nas redes sociais só frequenta, por enquanto, o facebook...

A inauguração da luz elétrica em Vila Mendo foi, também a inauguração do meu relacionamento com esta tão peculiar povoação. Do grupo, que de Coimbra se deslocou para este evento, só eu era o estreante. Em compensação fui, desse grupo, excluindo obviamente a anfitriã que nos convidou, o que mais vezes repetiria esse contacto. 
A minha estreia começou, aliás, pelas sensações novas; nunca tinha vivido sem energia elétrica e por isso foi bom ter apreciado a alegria que se espelhava nas pessoas com a chegada deste tão essencial melhoramento. Pena foi que dela estivessem privadas tantos e tantos anos. Só quem experimenta essa carência lhe sente a falta. Daí se entender que a virtude maior do poder local, que Abril instituiu, tenha sido a realização de obras para dotar as povoações de infra-estruturas básicas. Era um mundo novo, com outra luz, esse de poder transformar, com um simples clique, a noite em dia. Era um sonho acalentado que estava à beira da sua concretização. 
O dia da inauguração foi de festa. E as festas portuguesas celebram-se à mesa…desse dia recordo a cerimónia, junto do poste onde estava (e ainda está, creio eu) o transformador e que foi onde o Abílio Curto, Presidente da Câmara da Guarda, moveu o manípulo mágico que fez luz. Nessa cerimónia usou ele da palavra e também, em representação de Vila Mendo, mas sem mandato expresso… a nossa anfitriã. Foi a primeira vez que tive contacto com Abílio Curto, muito justamente cognominado o “Presidente das Aldeias”, pelas obras de infra-estruturas que executou nestes aglomerados do concelho da Guarda. Recordo também a presença do Gandarez em serviço da Rádio Altitude. Depois, cada um dos presentes recolheu às suas casas, levando os convidados para, à volta da mesa, fazerem verdadeiramente a festa! 
Foram tempos deliciosos os que passei em Vila Mendo. Recordo com muita saudade as idas até ao Lanceiro, Chão do Enchido, Eira, Lameira de Touco, atravessar um riacho no trator que o meu sogro conduzia temerariamente, mas com grande perícia. Também foi uma aprendizagem. Nunca tinha andado de trator, nunca tinha presenciado tão de perto as atividades agrícolas, desde a ceifa do centeio, ao armazenamento da palha nas altas “medas” ou em palheiros, da sementeira e apanha da batata… onde tinha enorme prazer de dar uma mais que ineficaz ajuda, que depois se ressentia nas dores de cintura que sentia, na 2ª feira, e que no princípio atribui a uma qualquer crise de rins, que de verdade, nunca tive. Só com o passar do tempo e a experiência adquirida, concluí que era a falta de hábito … é sobretudo desses trabalhos que guardo recordações muito gratas. Porque irrepetíveis. 
O saber-fazer do senhor António Pissarra, meu sogro, permitiam-lhe… nunca estar inativo. Na atividade agrícola estava permanentemente sincronizado e, conhecendo como conhecia os seus segredos, não se permitia desperdício de tempo. Chegado ao local da ação, de imediato tudo mexia…Fosse na sementeira, na rega ou na colheita…ou qualquer outro trabalho de manutenção ou reparação. Mas se fosse de carpintaria de mecânica ou na forja, não era diferente. Não havia pausas, dúvidas ou hesitações: tudo sincronizado e em sequência perfeita. 
Ouvir o rebanho, o cantar dos galos e dos pássaros, as vacas a circularem livremente, sabendo onde se dirigir sem necessidade de guarda/guia, permanecem na minha memória sensorial.
Comprometi-me há muito (mais de 1 ano, seguramente), a escrever algo sobre esta minha memória de Vila Mendo. Hoje, depois de muitas promessas que não cumpri, envio este alinhavado que não é, nem o que tinha idealizado, nem o que, seguramente, de mim esperava quem me fez a solicitação. Os afazeres e responsabilidades assumidas noutros âmbitos não me permitiram outro contributo. Quero no entanto reiterar que este poderá ser um início de colaboração. Não quero deixar de sublinhar que é ditosa a terra que tem um conjunto de jovens que se lhe dedica de alma e coração e, com grande dinâmica, desenvolve atividades que mantêm Vila Mendo no mapa. Ora, a par da proximidade com a Guarda e com a sede da freguesia, traduzida numa razoável ligação rodoviária, que permite contactos rápidos e torna apetecível, por exemplo, viver em Vila Mendo e trabalhar na Guarda. A meu ver, o problema do interior reside, sobretudo, na ausência de gente, de pessoas. Vila Mendo tem todas as condições para fixar pessoas que trabalhem na cidade. Se o fizer, os filhos e outros familiares dessas pessoas podem residir aqui todo o dia de todos os dias. As receitas, as soluções para o interior não são unívocas nem iguais. Nasci numa terra bem maior, com indústria que dava trabalho a muitas centenas de pessoas, que sustentavam 8 salas de aula da instrução primária, com ensino pré-primário… hoje está reduzida a 1 sala e a indústria desapareceu, estando reduzida a 1 fábrica de malhas. Assim as perspetivas, a médio prazo, são bem piores do que as de Vila Mendo, dadas as distâncias a centros populacionais maiores (dista, por ex, 20 kms da sede do concelho com uma estrada de montanha). Os hábitos de vida, ligados à indústria, dificilmente voltarão, sendo a desmotivação muito maior do que em Vila Mendo. E, sobretudo, não tem um núcleo de jovens com a dedicação e a capacidade destes de Vila Mendo.





segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Momentos

Carlos; Tó; Manuel; Sr. Manuel André; Sr. José Soares

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Sugestão de Leitura

Agostinho Lopes- Nascido em Março de 1973, em França.
Filho de emigrantes, naturais de Vila Fernando, que regressam a Portugal no Verão de 1978. Os pais tornam-se pequenos agricultores, ajudados pelos filhos, no cultivo de pequenas propriedades e na criação e exploração pecuária.Frequenta a Escola Primária e a Telescola em Vila Fernando. Prossegue os seus estudos na Escola Secundária Afonso de Albuquerque, na Guarda. Obtém Licenciatura em Professores do Ensino Básico, variante Português/Francês, na Escola Superior de Educação da Guarda.Desde 1996, tem exercido a profissão de professor do 1º Ciclo, nos distritos da Guarda e de Castelo Branco. 
Vive em Vila Fernando.

Livro:
SILVA (Agostinho da).— Diário de Alcestes. Lisboa: Ulmeiro Editores, 1990. ISBN: 972-706-218-0.
Agostinho da Silva é referenciado como um dos principais intelectuais portugueses do século XX. Da sua extensa bibliografia, destacam-se o livro Sete cartas a um jovem filósofo, publicado em 1945. Participou também como colaborador em diversas publicações periódicas.
Uma vez mais, a integralidade do ser humano está presente na reflexão em torno de temas como Sacrifício, Intemporalidade, Lealdade, Tolerância, Justiça, Democracia e Poder, entre outros, que encontramos nesta obra. Reflexão necessária, urgente, num tempo de grandes mudanças, intolerâncias, crises e guerras.    

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Neve na Guarda

                   Na pretérita sexta-feira

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Sugestão de Leitura

Paulo Gonçalves Marcos- Quadro superior do Novo Banco. Professor de Marketing na Universidade Católica. Autor e co-autor de três livros : "Gestão Financeira Bancária", "Gestão Estratégica na Banca" e "Marketing Inovador". Colunista na imprensa económica. Presidente do Sindicato Nacional dos Quadros Bancários. Presidente da AMBA (www.amba.pt) e do LisbonMBA AlumniClub, entre muitas outras coisas.

Livro:
Axilas & outras histórias indecorosas (2016, Sextante Editora/Grupo Porto Editora), PVP: 12 euros (https://www.wook.pt/livro/axilas-outras-historias-indecorosas-rubem-fonseca/12940429)

Autor:
Rubem Fonseca é prémio Camões (2003), o mais importante galardão das letras lusófonas. Ganhou por 5 vezes o prémio Jabuti. É, provavelmente o mais importante escritor de língua portuguesa.

Ler é prazer. É sonhar, é fazer pensar, é educar. É diversão. E poucos autores o fazem tão bem quanto Rubem Fonseca, um prémio Camões que só recentemente começou a ser editado entre nós. O Brasil é mais, muito mais, que samba e telenovelas. É também o local onde se escreve de forma prodigiosa e autores como Rubem Fonseca dão alegria e som aos seus escritos. Sem pretensões intelectuais, Axilas é uma coletânea de pequenas histórias, que se devoram de um trago! De um só fôlego! Um pequeno grande livro, de episódios do quotidiano das grandes cidades brasileiras, com a sua trama social muito bem narrada. Um livro que nos põe bem dispostos e a querer ler mais!

Avaliação: 92/100

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Entrevista a Jacinto Lucas Pires

©Paulo Goulart
Jacinto Lucas Pires é licenciado em Direito, mas é sobretudo escritor… de romances, contos, peças de teatro, filmes, música. O seu último livro chama-se "Grosso modo", um livro de contos onde não se pode dissociar uma forte componente política e social numa perspectiva de construção do presente. Antes lançou "O Verdadeiro Ator", romance que ganhou o Grande Prémio de Literatura DST 2013 sendo publicado nos EUA pela Dzanc ("The true actor", tradução de Jaime Braz e Dean Thomas Ellis). A sua marca está patente também no teatro, trabalhando com diferentes grupos e encenadores, mas faz parte da companhia “Ninguém”. Da sua incursão pela música destaca-se a sua pertença à banda “Os Quais”. Até há pouco, tinha uma rubrica na Antena 3 denominada Voz Guia. Actualmente tem um debate com o Henrique Raposo, todas as segundas e quartas-feiras pelas 09h20, na Rádio Renascença sobre assuntos da actualidade e é cronista no jornal desportivo O Jogo, demonstrando a sua ampla capacidade criativa em áreas díspares. É editor do Blogue “ O que eu gosto de bombas de gasolina”. Fez também uma incursão pela política na campanha às presidenciais de 2011, sendo mandatário da juventude de Manuel Alegre.
Está ligado, não  propriamente a Vila Mendo, mas a Vila Fernando, através da sua avó Patrocínia Lucas, mãe do seu pai Francisco Lucas Pires que mantinha uma forte ligação a Vila Fernando. Foram várias as férias, foram várias as vezes que Jacinto passou e esteve em Vila Fernando, pelo que o poderemos considerar como um dos filhos da freguesia… e os filhos à casa retornam! Esperamos que este pequeno desafio possa contribuir para outros de maior monta e visibilidade. A Associação de Vila Mendo está preparada para o desafiar


Como se define enquanto criador?
Sou escritor. Trabalho em diferentes territórios (teatro, música, cinema), tudo é escrita.

A cultura como factor de mudança das sociedades. Realidade ou utopia?
A utopia é real. O que é o humano sem sonho, sem desejo, sem querer tornar-se o que é? Nascemos homens e mulheres iguais e livres, temos de nos tornar cada vez mais isso.


Como vê o futuro das comunidades rurais do Interior à luz dos desafios que se colocam a Portugal enquanto povo, e nos desafios que se colocam a Portugal no contexto europeu?
O futuro dessas comunidades faz-se de um equilíbrio difícil, parece-me: como é que podem manter-se vivas sem se falsificarem? É uma questão para o país todo, no fundo — embora com diferentes variantes nuns sítios e noutros. A questão europeia e a dos nossos desafios na Europa é de outro nível: como conseguir mais democracia e mais transparência na União Europeia — o que implicará um salto político, de tipo federalista — num momento de grave crise, uma crise de crises, em que os Estados parecem crescentemente desunidos, as pessoas não se sentem representadas pelos políticos e velhos e novos ódios começam a subir à tona.

Se pudesse alterar alguma coisa na sociedade portuguesa, o que seria?
O cabisbaixismo.

O dia ideal seria…
Hoje.

Uma memória de Vila Fernando…
Pôr moedas nos carris do comboio, jogar basquetebol no terreiro e futebol no campo da bola, encontrar um lacrau nas madeiras.

Um projecto de sonho na sua vida?
O romance que ando a escrever há uns anos.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Próximas publicações

Ao lado, estão descritas algumas das publicações a serem feitas a breve trecho. Amanhã a mini-espécie de entrevista a Jacinto Lucas Pires.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Momentos no Adão

No Adão, ao fim da noite, depois da Festa do Chichorro, Vila Mendo a confraternizar com o Adão

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Jacinto Lucas Pires- Entrevista

Na próxima Sexta-feira, dia 10, uma pequena espécie de entrevista ao escritor Jacinto Lucas Pires.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Olhares de Vila Mendo

          (A Fotografia é do Henrique Nascimento)

A imponência das casas simples, acolhedoras, forjadas na rudeza do granito duro, como dura a vida de quem lá viveu. Lá dentro, histórias de vida emanadas na agrura dos tempos idos. Foram-se as gentes... ficaram as pedras... permanecem as memórias... sempre.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Festa do Chichorro- por Tiago Gonçalves

Ainda na ressaca do Festa do Chichorro, publicamos o artigo que o Tiago Gonçalves escreveu, na pretérita semana,  no jornal Terras da Beira, na coluna "A Frio e a Quente", sobre isso mesmo.

Festa do Chichorro
Este espaço é dado a estados de alma. Uns saem para a escrita a frio e após longa ponderação e outros a quente, uma escrita mais próxima do coração. O de hoje sai com a assumida emoção de quem escreve sobre as suas raízes profundas e com o profundo orgulho de quem procura contribuir, ano após ano, para que as mais ancestrais tradições gastronómicas das nossas aldeias não sejam votadas ao esquecimento.
O Chichorro, conhecido em muitas outras paragens como torresmo, não é um alimento da moda nem tem como se encaixar em nenhuma nouvelle cuisine nem como aspirar a conseguir a denominação de gourmet. Não é light, nem fit, nem diet. E essa é a suprema preocupação do chichorro pois não pertence à categoria dos alimentos procurados nesta era moderna!
Mas o chichorro é nosso, é genuíno, é puro e rural. Como o são os enchidos com a Morcela da Guarda à cabeça. E correm todos risco de desaparecimento se seguirmos à risca os ditames do politicamente correto por não estarem em concordância com os cânones modernos que olham para estes produtos como nocivos. 
Desde tempos imemoriais que o porco assumiu um papel primordial nas comunidades rurais, sobretudo pelo relevo que tinha na alimentação e sobrevivência das famílias. Devido às parcas condições económicas o aproveitamento do porco tinha que ser feito com parcimónia e preocupação de que nada fosse deixado ao acaso. E assim surgiram produtos e petiscos de fazer crescer água na boca e que muitos dos que lêem este texto certamente se recordam.
No que ao chichorro diz respeito havia duas qualidades: o do coiro, que era constituído, basicamente, pela carne entremeada cortada em pequenos pedaços e o do “redanho” apenas constituído pela gordura existente nas massas gordas do animal.
A sua confeção era simples. A carne era introduzida em panelas de ferro diferentes e aí frita na própria gordura que libertava. Apenas era acrescentado sal grosso a fim de realçar o seu sabor. Depois de confecionados, eram então espremidos para que o excesso de gordura fosse libertado. Depois de arrefecerem os chichorros eram finalmente comidos com uma fatia de bom pão centeio acompanhada de um melhor copo de vinho tinto.
É esta forma simples, genuína e assumidamente rural que de há alguns anos a esta parte temos procurado recuperar na aldeia de Vila Mendo. E por isso, uma vez mais, no próximo sábado a tradição estará viva com o reviver de toda a gastronomia associada à matança. Desde a prova dos miúdos antes de almoço, à fritura do chichorro durante a tarde, passando pela “miga” (composta de pão, sangue, azeite e alho) os sabores ancestrais que cresceram com muitos de nós estarão à mesa sendo por alguns momentos enaltecidos como merecem. 
É também uma oportunidade de recordarmos os nossos antepassados, a festa que faziam nestes dias, a abastança que por um dia festejavam e que fazia esquecer as agruras e dificuldades dos outros dias. É tempo de recordar e sobretudo de impedir que caia no esquecimento o que nos trouxe até aqui.
                                                                                           Tiago Gonçalves