quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Matança do Porco/Festa do Chichorro

Desde tempos imemoriais que o porco assume um papel de primeiro relevo na alimentação e, por consequência, na economia das comunidades rurais, pelas inúmeras possibilidades na feitura dos mais diversos tipos de alimentos, tão importantes ao longo do ano na sobrevivência das famílias. O porco tinha até uma importância capital na teia das relações sociais e nas dinâmicas comunitárias uma vez que, não raras vezes, servia para, de forma silenciosamente ruidosa, estabelecer ou (re)afirmar o estatuto de abastança, logo o estatuto social. Os fluxos migratórios das décadas de 60/70 e inerentemente o contacto com hábitos culturais diferentes, bem como a electrificação das aldeias (Fevereiro de 1979) fizeram com que os hábitos alimentares mudassem sobremaneira. Deste modo a importância do porco na alimentação e nas dinâmicas comunitárias foi gradualmente perdendo visibilidade e, até, viabilidade.
De forma a resgatar esta prática ancestral, a ACR Vila Mendo tem, de há vários anos a esta parte, promovido a Matança do Porco. Nos últimos anos contamos com a particularidade de darmos, em todo o processo, maior ênfase a uma “iguaria” que era feita em todas as matanças: o Chichorro. Criámos também o Pão de Chichorro.
Havia duas qualidades: o do coiro, que era constituído, basicamente, pela carne entremeada cortada em pequenos pedaços e o do “Redanho”. Este apenas era constituído pela gordura existente nas massas gordas do animal.
A sua confeção era simples. A carne era introduzida em panelas de ferro diferentes e aí fritos na própria gordura que libertavam. Apenas lhes era acrescentado sal grosso a fim de realçar o seu sabor. Depois de já confecionados, eram então exprimidos para que o excesso de gordura fosse libertado. Depois de arrefecerem eram comidos com uma fatia de bom pão centeio e um melhor copo(s) de vinho tinto. Este constituía um simples, mas muito apreciado, petisco nesses dias intensos de azáfama mas também de convívio.
No próximo sábado, continuaremos com a tradição.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que saudades do tempo das matanças no antigamente......