terça-feira, 22 de junho de 2021

Terra das 7 Vozes


No âmbito da residência artística do músico Ricardo Coelho (e da sua equipa) em Vila Fernando, foi apresentado no final da tarde da passada sexta-feira (18 de junho), no grande Auditório do Teatro Municipal da Guarda, o espetáculo “Terra das 7 vozes”. Trata-se de uma iniciativa no âmbito do programa Incentivarte, do Município da Guarda, que apoia novos projetos artísticos com criadores e coletivos artísticos locais.(Município- TMG)

O Clube dos Amigos da Freguesia de Vila Fernando, através do seu Grupo de Cantares 7Vozes e no âmbito acima mencionado, apresentou o projecto “Terra das 7 Vozes” numa alusão às 7 aldeias que constituem a freguesia (Vila Mendo, Vila Fernando, Quinta de Cima, Quinta de Baixo, Quinta de Meio, Monte Carreto e Aldeia de Santa Madalena). Ainda que pudesse fazer uma análise crítica pura e dura (construtiva) ao dito espectáculo (bastante bem conseguido, adianto já), nomeadamente à linha condutora, coerência estética, elementos cénicos ou até mesmo à selecção de algumas músicas do cancioneiro, entre outros pormenores que, na minha óptica e vale o que vale, deveriam ser aprimorados; não é isso que importa tanto: importa todo o processo, não tanto o resultado final. E se os processos não tivessem sido excelentes, não teríamos um bom espectáculo. De facto, questões cénicas, musicais, até dramatúrgicas à parte, aquilo que me impressionou mais foi (e face à pouca experiência de palco das pessoas) a alegria, a vivacidade, o prazer e a simplicidade com que nos brindaram. Sentia-se que estavam a desfrutar e isso passou claramente para o público e não há maior elogio a um artista do que quando consegue passar esse sentir aos espectadores: e as 7Vozes (grupo bastante heterogéneo) foram uns verdadeiros Artistas. Mérito, muito mérito também ao Grupo da residência artística que em menos de 3 semanas ouviu, viu, sentiu, adaptou, criou, e operacionalizou o “Terra das 7 Vozes”.
Atrevo-me a afirmar que o conjunto desta iniciativa selou um destino promissor e duradouro ao grupo de cantares e à própria associação que a suporta. Porquê? Porque este projecto artístico teve algo… (daquilo que tenho escrito aqui na espécie de ensaio: Vida e(m) pandemia…) algo de transformativo; algo que não se esgota na acção, no acontecimento em si; algo que terá um efeito gerador multiplicativo de vontades, de energias e sinergias… com reflexos profundos e profícuos na individualidade de cada qual e na própria comunidade.
Numa entrevista ao jornal a Guarda há ano e meio sensivelmente, afirmava que a Guarda Capital Europeia da Cultura só tinha a ganhar com o envolvimento efectivo das colectividades concelhias de modo a valorizar aquilo que de melhor temos: a ruralidade enquanto marca identitária- com memória, com verdade e projectada no amanhã. Cada vez mais, acho que é este o caminho para que, pelo menos, entre na “shortlist” que decidirá a cidade vencedora. Com este exemplo, verificou-se que a Guarda e as suas Associações têm tanto potencial… têm o saber, o saber-fazer e o saber-ser… é só acarinhá-las e dar-lhes meios…
Uma nota; para algumas pessoas da freguesia com algum tipo de responsabilidade em vários domínios: deveriam ter estado presentes… este espectáculo e respectivos frutos (deduzo eu) também foram e serão para vós…
Da ACR Vila Mendo espera-se que esteja disponível para cooperar com o Cube dos Amigos da Freguesia de Vila Fernando, sempre que possível.
Bem-hajam.

Sem comentários: