sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Estórias de Vila Mendo

Depois da intervenção dos militares na casa da escola, ou casa da professora, após o 25 de Abril de 1974, criámos o Clube da Juventude nesse espaço. Esta experiência foi mal sucedida porque nessa época não se conseguiu reunir as condições e apoios para que o projeto tivesse pernas para andar.
No entanto, passaram-se ali alguns serões agradáveis e recordo, particularmente, mais dois episódios: 
A galinha decepada que caminhava
Recordo-me de uma noite em que, depois de um jogo de “lerpa”, o Adérito para pagar as dívidas foi buscar uma galinha à capoeira dos pais para fazermos uma patuscada. Eu e o Jorge Pereira ficámos com a tarefa de matar a pobre da galinha. Saímos do salão e fomos matá-la num dos terrenos que ladeiam o largo. Segurei-a com as duas mãos, enquanto o Jorge lhe agarrou na cabeça e cortou o pescoço. Para não me sujar com o sangue larguei-a e, para espanto nosso, o animal começou a andar… parecia fugir ao destino. Claro que nós fugimos para o lado contrário e fomos para o salão relatar o insólito acontecimento.
Só a fomos buscar depois de uma grande galhofa e a pobre da galinha acabou por ser cozinhada mas de tão rija, estava verdadeiramente intragável. Devia ser a mais desdentada da capoeira!
Patifaria
Noutra noite, depois do fecho, decidimos colocar todos os carros de bois e carroças que estivessem na via pública virados de lado, isto é com uma das rodas no ar. Para disfarçarmos a autoria da brincadeira nem os dos nossos familiares escaparam.
Na manhã seguinte a pacata aldeia acordou em verdadeiro alvoroço. Só podia ser coisa de gente estranha à aldeia diziam.
A sra. Maria afirmava “os nossos não foram pois até nos colocaram o arado de madeira em cima do portão”; a minha mãe retorquia “ai os meus também não porque os nossos carros também estão virados”.
A estratégia resultou!
Devo acrescentar que fomos cuidadosos e, para além do incómodo, não causámos prejuízo a ninguém.

                                                                          Manuel da Silva Gonçalves

3 comentários:

Anónimo disse...

Espetáculo

Anónimo disse...


... e os carros de bois passaram a "estacionar" nos currais ou encostados às paredes,... menos o do senhor Manuel Domingos. Pelo que na noite seguinte, retirámos as rodas do dito carro e laçámo-las pela canada dos campos.
No dia seguinte, o senhor Manuel Domingos só pedia as chavetas ... e educadamente começou a guardar o seu carro no curral.
E assim, se arranjou espaço para os automóveis circularem nas vais públicas de Vila Mendo.

Anónimo disse...

grandes tempos.....