sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Ciclo de Entrevistas- Cláudia Gonçalves

Nasci no “Dia do Trabalhador” do ano de 1989, e sou a primeira (menina) neta e sobrinha que uma família numerosa viu nascer e crescer, à qual sempre chamaram de “Claudinha”. Devo-lhes muito quanto à educação, aos valores e princípios que sempre me incutiram e que me ajudaram a ser a pessoa que hoje sou.
Estudei sempre na Guarda, onde frequentei diversas escolas; nomeadamente a Escola Primária da Estação, seguindo-se a Escola de Santa Clara e terminei o secundário na Escola da Sé. Posteriormente ingressei no Ensino Superior no Instituto Politécnico da Guarda – Escola Superior de Saúde.
Gosto de ler, ver televisão, ir ao cinema e ir às compras. Não dispenso um cafezinho com os amigos, para pôr a conversa em dia. Adoro viajar e conhecer novas culturas, sabores e tradições.

1 - Quando e onde tiraste o teu curso?
Concluí em 2012 a Licenciatura em Enfermagem na Escola Superior de Saúde da Guarda. 

2 - No momento, qual a tua actividade profissional?
Sou Enfermeira no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), no serviço de Neurocirurgia.

3 - Que expectativas tens a nível profissional?
Pretendo continuar a exercer a minha atividade profissional num hospital central, como é o caso do CHUC, que constitui uma referência nacional e internacional em áreas consideradas como de excelência. É para mim um privilégio fazer parte desta “casa”, uma vez que me permite adquirir um vasto conjunto de competências técnicas, científicas e humanas para prestar cuidados de saúde de qualidade. Por outro lado é um hospital que aposta na formação, ensino, investigação e inovação e como tal é vantajoso para todos os profissionais de saúde.
Gostaria de num futuro próximo, continuar a minha formação para obter o grau de Mestrado e assim especializar-me numa determinada área.

4 - Voltar à Guarda está nos teus horizontes?
Infelizmente, não. A Guarda será sempre a minha cidade, o local onde vivi grande parte da minha vida, onde tenho a minha família e alguns amigos, mas não é o local onde me imagino nos próximos anos! Recordo todos os momentos nela, vivenciados com saudade, pois para além de ser a ser a minha cidade natal é uma cidade bonita, com costumes e tradições… Enfim, tem o seu encanto!
E, sempre que o tempo me permitir regressar, pretendo disfrutar da tranquilidade que ela me oferece junto da minha família.

5 - Como vês a actual situação política no que concerne ao emprego e futuro dos jovens?
Como jovem e como enfermeira, vejo esta situação com especial preocupação. A taxa de desemprego jovem merece uma reflexão acerca das vagas no Ensino Superior e a capacidade de empregar os finalistas de cursos como o caso de Enfermagem. É necessário reajustar a oferta formativa face ao panorama do país, sabendo que em paralelo têm de ser
implementadas medidas que permitam aumentar o número de postos de trabalho das áreas onde há mais desemprego, como é a área da Enfermagem. É estranho pensar que Portugal está a formar excelentes profissionais cobiçados pelo estrangeiros e destinados a "exportar", e continuamos ano após ano sem tomar uma ação neste ponto embora se invistam milhões num sistema de Ensino Público de excelente qualidade. Mas sim, esta é a pergunta de um milhão de euros, não havendo receitas mágicas para resolver este flagelo.

6 - Como vês o futuro da Guarda e do interior como tal?
A Guarda, como a maioria das cidades do interior, sofre do fenómeno generalizado de despovoamento do interior. Não é caso único, segue aliás a tendência das restantes regiões do interior. No entanto, e considerando as cidades vizinhas, este fenómeno está bastante acentuado na cidade da Guarda. Muito pouco emprego, pouco movimento, um centro da cidade assente em serviços públicos (CMG, tribunal, segurança social, finanças), bancas, e o pouco comércio que vai subsistindo. Infelizmente o cenário atual não permite vislumbrar alterações de fundo, pelo que cada vez mais a cidade vai ser ponto de passagem para aqueles filhos da terra que foram para fora e, de vez em quando, regressam para os fins-de-semana, aniversários, natais e afins. Tenho, porém esperança que pequenas mudanças venham a surgir no futuro, por exemplo com projetos empreendedores que vejam na Guarda uma saída para este marasmo em que nos encontramos. Seja com empresas de área tecnológica (assim o IPG consiga formar mais gente e fixar jovens no interior), seja com produtos endógenos, a Guarda tem de ir mais além. Basta ver o exemplo de cientistas e empresários com raízes da Guarda, que conseguiram singrar por esse mundo fora. Sonhar ainda não custa, temos de ser ambiciosos.

7 - Um projecto, uma ideia, um sonho, enfim… uma utopia para Vila Mendo? 
A vida de Vila Mendo passa por aqueles que têm raízes com a terra, os filhos/netos/bisnetos da terra que teimam em voltar e conviver nesta aldeia, revivendo tempos idos com saudade. Para mim em particular é um lugar muito especial, local de reuniões de família, onde nos juntamos e convivemos sempre que podemos também em memória aos que já partiram.
Sabendo que os tempos mudaram radicalmente, e que esta evolução da sociedade e do estilo de vida mata à partida estas pequenas aldeias. O futuro passa por trazer gente de fora para conhecer Vila Mendo, as suas gentes e os seus sabores, os seus tesouros.
Só recorrendo a iniciativa privada poderemos ver algo de novo e de diferente em Vila Mendo no futuro. Apostar em converter antigas quintas em modernos locais de realização de eventos e em simultâneo criar habitações destinadas a turismo rural. Esta é aliás uma das paixões que gostaria de um dia poder realizar. Será por aqui o futuro de Vila Mendo, para além da obrigação que nós jovens temos de manter as tradições que nos ligam desde o berço a esta terra.

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