quarta-feira, 22 de julho de 2020

ao Amigo Tiago Gonçalves

Que dizer?.. Que escrever?..
Penso em ti… banha-se-me o olhar.
Paro… penso…  as palavras não querem ser escritas- não quero, porventura, assentir que não estás-  o lacrimejo ressurge sem qualquer estorvo (não são só minhas- as lágrimas- são de tantos, são de Vila Mendo). Expecto ainda que tudo não passe de uma aflição, de uma história kafkiana com que às vezes nos deleitamos enquanto arte- absurda, surreal.
Não estás! Mas permaneces… na memória… arejada, embora aturdida. Os dias demorados em Vila Mendo, parecem agora uma eternidade; os lautos silêncios são atalhados pelo choro sibilino que a espaços estonteiam a pacatez aldeã. Ninguém acredita! Olhares exasperados encaram os céus à procura de respostas na divina providência: onde está? Existe? Interpelamos tudo e todos na ânsia de explicações, já!
Paro… penso… tenciono quedar-me com a tua honradez, com a tua honestidade e verdade de pessoa inteligente, atenta ao outro… conciliador e agregador de vontades. Perfeito, não o eras certamente, mas, definitivamente, eras um homem bom.
Paro… penso… nas histórias e estórias que vivemos… que viveste com outros. Sorrio, finalmente… imagens admiráveis e aprazíveis assolam a minha mente. É com elas com que vou permanecer, com que vamos ficar. É com elas que vamos homenagear-te quando desaparecerem os ciscos e a poeira que muram e embaciam o nosso espírito. 
Sei uma coisa: amas Vila Mendo! Mas agora, sabes tu uma coisa: Vila Mendo ama-te!... como tanta outra gente. 
Tiago: contigo, NUNC ET SEMPER

(originalmente publicado no jornal O Interior desta semana)

1 comentário:

Anónimo disse...

Tocante