(continuação)
Às perguntas: será que todo o ser humano é um “verdadeiro” pensador? Com capacidade para pensar pensamentos que valham a pena ser pensados? As respostas podem ser, de alguma forma, simples. De facto todo o ser humano é pensador: do menos inteligente ao génio; do que tem défice cognitivo até ao comum das pessoas; do mais maldoso ao bondoso… todos somos pensadores. Provavelmente, toda a gente sem excepção pode vir a ter (ou já teve) pensamentos primordiais, criativos, potencialmente originais. E provavelmente, foram perdidos, porque não lhes foram dados a atenção, nem a forma, e muito menos a expressão necessárias. Perdem-se no emaranhado dos constantes e inconstantes pensares improdutivos, que se perdem a eles próprios. Desperdício? Talvez uma forma de o cérebro se não sobrecarregar com inutilidades costumeiras.
Mas se todos podemos ter capacidade embrionária, potencial para pensar pensamentos profundos (que valham a pena ser pensados), são pouquíssimos aqueles que os têm de facto- na perspectiva de chegarem à consciência; e de serem expressos e preservados. Pouquíssimos são aqueles que conseguem uma finalidade orientada, exigente para produzir pensamentos transformativos e originais: impactantes nas comunidades e humanidade. E aqui há- com bastante probabilidade- uma componente inata, genética de relevância ímpar. Ainda que através de exercícios e treino mental ou meditação ou oração se possam atingir níveis de abstracção formidáveis, o pensar inovador e transformador, a própria criatividade, a originalidade e as configurações de sentido escapam muito a esta lógica. A verdade é que não conhecemos todos os mecanismos do pensamento; que se esquivam claramente à nossa compreensão; e vontade, até…
Dando um salto na análise, o pensamento da humanidade está muito condicionado, ou pelo menos fortemente sujeito às indagações de três preocupações primordiais: o ser (portanto a existência como tal); a morte (os limites e o fim); Deus (o divino). Três preocupações embrenhadas, inseparáveis, visceralmente unas, claramente unívocas, por demais completas e complexas, que o pensamento atinge nelas e por elas os seus limites, e impasses que esses limites lhe impõem a ele mesmo: e que lhe são necessários para a continuação do infindável questionar; porque infindáveis as insuficientes ou inexistentes respostas…
Voltaremos a essas preocupações, até porque elas só podem ser reflectidas no silêncio. No silêncio do pensamento (diametralmente diferente do pensamento silencioso). Nesse silêncio que expressa o que se é, e retira o Homem da superficialidade de si mesmo. Diferenciado da estridência do acto que demonstra o que se quer parecer. E nem sempre coincidentes. Uma luta titânica de autenticidade, de coerência interna com que todos (?) somos assolados.
Mas… e de que silêncio falamos?
(continua)
Notas: Aproximam-se as eleições legislativas. E emerge um cansaço da política. Um desencanto com as políticas. Um desacreditar dos políticos. Espera-se que não da Democracia. E depois ainda temos o martírio das autárquicas. Antes das presidenciais. Num ano. É obra.
A eleição do papa Leão XIV (não ligando ao nome numa vertente futebolística, até porque equipa de vermelho!) faz-nos pensar da importância de ele ser um referente ético e moral, e um sinal e uma voz- actuante- de esperança (real) para humanidade; demasiadas vezes inumana. Precisamos disso. Precisamos dele. Crentes. Não crentes.
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