quinta-feira, 19 de julho de 2018

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVII- Baptismos (continuação)

Por Graça Sousa- Hoje, a última parte desta 1ª parte referente ao séc XVII na nossa freguesia. 

l Até 1614, parecem ter estado à frente da freguesia o Pe Sebastião da Fonseca, o Pe cura Gaspar de Morais e o Pe Fernando de Aragão. Contudo, há ainda referência aos padres Estêvão Nunes, Domingos Saraiva, Manuel Dias e Luís de Carvalho (prior de Vila Garcia).
Depois dessa data, houve três Vigários que permaneceram na freguesia por longos períodos de tempo. Alguns elementos das suas próprias famílias passaram a viver em Vila Fernando ou a visitá-los com regularidade. Irmãos, irmãs, mães, sobrinhos, primos são referidos nos assentos como padrinhos, madrinhas, testemunhas ou padres que realizavam as cerimónias.
Além dos Vigários, passaram em Vila Fernando numerosos outros padres que os ajudavam e até os substituíam quando eles se ausentavam ou adoeciam. Nesses casos, os batismos eram realizados “na presença” / “na absencia” e “de licença” do Vigário.
Vigários
Datas
Outros padres


Vig. Manuel Gouveia

.Familiares:
Pe António Borges (irmão)
Pe Manuel Borges (sobrinho) Pe Francisco de Gouveia











1614 – 1646
.Pe Francisco do Bulhão, cura de Sta Ana
.Pe António Borges, irmão do Vig. Manuel Gouveia
.Pe Luís Barbosa, da Guarda
.Pe Lázaro Gonçalves, cura de Vila Garcia, depois de Pousade e depois de Gonçalo Bocas
.Pe António Fernandes, vigário de “Casal Cinza
.Pe Domingos Cardoso, cura de S. Pedro da Guarda
.Pe Lourenço Martins, cura de Sta Ana
.Pe Manuel de Figueiredo
.Pe Baltasar de Costa, prior de Vila Garcia
.Pe Manuel da Fonseca
.Pe João …, de Maçaínhas
.Pe Manuel Borges, sobrinho do Vig. Manuel Gouveia, cura de Sta Ana, depois vigário do “Richoso
.Pe Francisco Ribeiro, morador na Guarda
.Pe Tomé Costa, morador na “Remela
.Pe Cristóvão Pacheco, residente em Vila Fernando
.Pe Francisco de Gouveia, familiar do Vig. Manuel Gouveia, residente no Marmeleiro, depois residente e “assistente” em Vila Fernando e aquele “q administra os Sacramentos nesta Igreja
.Pe Francisco Nunes Sequeira
.Pe Francisco João, natural do Rochoso
.Pe António da Costa, chantre na Sé da Guarda









Vig. Francisco de Carvalho








1646 – 1674
.Pe Francisco de Gouveia, cura do Marmeleiro e depois de Carvalhal Meão
.Pe Francisco Nunes Sequeira
.Pe Manuel Borges, vigário do Rochoso
.Pe Manuel Figueira, presbítero da Guarda e depois cura de Pousade
.Pe Diogo Viegas, cura de Aldeia Nova e depois de Mte Margarida
.Pe Marcos Gonçalves, natural de Albardo, cura de Sta Ana
.Pe Tomé Fernandes Manso, da Guarda
.Pe António Rodrigues, morador em Casal de Cinza
.Pe Francisco João, natural do Rochoso
.Pe José Dias, “com licença” do Vigário “por estar doente na cama
.Pe Rodrigo “Bontelho”, “Vigário Encomendado” na Igreja de Vila Fernando











Vig. António Tenreiro Cabral


.Mãe: Sebastiana Cabral

.Irmãos: Brígida, Eufémia, Páscoa,  António, Pe Manuel T.C.

.Sobrinhos: António e Bernarda

.Primos: Pe António Rodrigues, Pe Manuel Pires, Pe António T.C.  














1674 – 1700
.Pe Gaspar Forte, prior de S. Miguel do Jarmelo
.Pe Simão Francisco, cura de Sta Maria do Jarmelo
.Pe Manuel da Cunha Monteiro
.Pe Francisco João, do Rochoso
.Pe Manuel Antunes Isidro, cura de Vila Garcia
.Pe Diogo Pereira, prior da Igreja do Alvendre
.Pe Francisco Fernandes Teixeira, capelão no Adão
.Pe Pedro Afonso, do Rochoso
.Pe Manuel Pires, primo do Vig. A.T.C., do lugar de S. Paio, Bispado de Coimbra, capelão do Adão
.Licenciado Francisco do Rego, vice-reitor e mestre do Colégio da Sé da Guarda
.Pe Francisco da Guerra, de Pega, cura de Vila Garcia e depois capelão na Santa Sé da cidade da Guarda
.Pe Manuel Cardoso, cura de Sta Ana e depois de Vila Garcia
.Pe António Gonçalves, morador em Vila Fernando
.Pe Manuel Dias do Jarmelo, cura de Sta Maria
.Licenciado João Camelo Forte, cura do lugar das “Cheyras”, prior da Ima
.Pe Bartolomeu Dias Leonardo, vigário do Marmeleiro
.Pe Estêvão Tavares da Costa, prior de Vila Garcia
.Pe António Rodrigues, do lugar de S. Paio, primo do Vig. A.T.C. e depois capelão do Adão
.Pe Tomás da Fonseca, vigário de Casal de Cinza
.Pe António Tenreiro Cabral, do lugar de Nabais, primo do Vig. A.T.C.
.Pe Manuel Tenreiro Cabral, irmão do Vig. A.T.C.
.Pe Diogo Teixeira, da vila de Celorico
.Pe Bartolomeu Francisco de Oliveira
.Pe Pedro Gonçalves, de Vila Fernando

l Pequenas histórias
– “Aos vinte e oito de Setembro de 1656 Bautizei eu Franco Carvalho Vigro desta Igrja a Miguel o qual foi achado a porta de Dos Marques juiz da vara do lugar de Albardo com hum escrito q dizia Esta criança he filha de Miguel João moleiro de Albardo quem a achar saiba q vay por Bautizar criemna e façam christam oje 24 de 7bro de 1656 sua may he Das Glz a morgada de Villa Mendo…”. O Vigário acrescentou no fim “esta criança he ja morta”.

– Em 1657, o mesmo Vigário escreveu uma observação na margem de um assento: “esta criança era mto pequinina”.

– Em 1673, o Vigário anotou um comentário na margem de outro assento: “perdeuse a vella no caminho e a oferta não apareçeo”.

– Em 1679, o Vig. António Tenreiro registou o batismo de uma Maria, em Vila Fernando, e escreveu que os pais eram “… moradores em o lugar de Aldea Ruyva, os quais vindo ver sua tia a genrinha foi Ds1 servido alumiala em sua caza…”     (1Deus)

– Em 1689, nasceram dois gémeos em Vila Fernando: o Policarpo e a Águeda. O Policarpo foi baptizado em janeiro. À margem do assento dele, o Vig. António Tenreiro escreveu “este, e a debayxo ambos foram de hũ ventre, porém Agueda tardou des dias”.
A Águeda foi batizada em fevereiro. No assento dela, que aparece logo a seguir ao do irmão, o Vigário explicou que “… tardou des para onze dias despois q pario o menino e ja o anno passado pario outras duas crianças q tardou de hum parto a outro outo para nove dias…”

– Em 1698, foi batizada uma menina filha de pais incógnitos e o Vigário registou que “…a qual criança se esta criando no lugar de Villa Mendo em caza de Mª Frca mer de Mel Antunez que lha deram a criar da Cidade da Gda e foi baptizada por Maria Nunez, q serve de parteira na mesma Cidade…” (Quando as crianças, ao nascer, corriam risco de vida, eram batizadas imediatamente por um dos familiares ou vizinhos. Isso não substituía a cerimónia na Igreja que seria realizada logo que houvesse condições.)

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Consultar os arquivos paroquiais é a forma de estarmos o mais próximo possível dos nossos antepassados. Podemos vê-los a nascer, ser batizados, casar, ter filhos, ser padrinhos e testemunhas, perder os seus familiares e, por fim, morrer. Por vezes, encontramos mesmo as suas assinaturas e, quando temos o privilégio de consultar livros e não microfilmes, podemos até pensar que, para escrever, puseram a mão naquela página onde nós podemos pôr a nossa. E, aí, o tempo parece sumir-se, deixando-nos frente a frente, comovidos, com alguém que nunca vimos mas que parece que conhecemos há muito… 

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns pelo estudo da freguesia

Anónimo disse...

Excelente investigação.

Anónimo disse...

seria interessante verificar com certeza se as quintas de que fala se referem às atuais quintas de cima de baixo e do meio.