sábado, 30 de junho de 2018

Entrevista a Telmo Conde

Telmo Henrique Antunes Conde, 36 anos, natural da Guarda.
Filho Joaquim Gonçalves Conde e Maria Arlete Gonçalves Antunes Conde.
Sou casado e pai de uma menina com 9 meses. 
Sou médico dentista há 13 anos.
Desempenho o papel de dirigente associativo na ACR de Vila Mendo e no Moto Clube da Guarda. 

1- Estudaste no Porto. O que te levou a regressar à Guarda?
Após o percurso académico na invicta permaneci por lá mais um ano para trabalhar e aprofundar alguns conhecimentos em diversas áreas. Apesar de ter estado 7 anos fora da Guarda mantive sempre contacto com as minhas origens. 
A certa altura recebo uma chamada com uma proposta de emprego aqui na Guarda. Ponderei e aceitei o desafio. Filho e neto único com fortes ligações aos meus avós não tinha como não aceitar a hipótese imediata de me aproximar dos meus. 
A família, os amigos e os laços de amizade trouxeram -me de volta ao berço.

2- Sentes falta da agitação das grandes cidades?
Não, nenhuma ! Adoro visitar a cidade que tão bem me acolheu, mas a tranquilidade do interior é impagável.
Demoro cerca de 10 minutos da minha vida por dia para ir e regressar do meu local habitual de trabalho, sem semáforos, sem trânsito, tudo com muita serenidade. 

3- Enquanto médico, que lacunas observas no sistema de saúde?
Muitas lacunas infelizmente. Na parte da saúde oral  posso dizer que estamos a anos luz do que seria expectável num país civilizado. 
A medicina dentária está em em segundo ou terceiro plano no SNS. Há poucas unidades hospitalares no nosso país que tenham o serviço de estomatologia a funcionar. A titulo de exemplo, em 2005 estagiei durante três meses no hospital de Guimarães integrado num protocolo da minha faculdade e estava nessa altura a atender as marcações de 2002!! Algo surreal.

4- Saúde oral. Que conselhos darias às pessoas para a sua promoção?
Como em quase tudo na vida a prevenção é e será sempre uma grande aliada para evitar dissabores, como tal, tenho por hábito dizer que, a cada refeição devíamos escovar os dentes. Claro que esta conduta é uma utopia.
O governo implementou o programa de cheque dentista para crianças, grávidas, idosos e doentes de risco. Com esta ajuda tem sido possível incutir hábitos de higiene nos mais novos e despistar doenças graves em situações de risco elevado.
Escovar os dentes pelo menos duas vezes ao dia ( manhã e ao deitar) é o mínimo que peço a quem me aborda nesse sentido.

5- Que consideras importante na perspectiva de diminuir as assimetrias entre o Interior e o litoral?
O interior tem sido muito penalizado nesse sentido. Oferta de emprego reduzida, salários inferiores, introdução de taxas nas scuts e auto estradas, o valor da fatura da luz igual ao do litoral, quando o nosso inverno se perpetua por nove meses são alguns dos motivos que nos isolam a cada dia.
Urge que os senhores do governo intercedam neste sentido, para que as assimetrias diminuam.

6-Como vês a guarda, hoje?
Vejo-a como a cidade eleita para ver crescer os meus filhos, na qual lhes poderei proporcionar um dia a dia tranquilo.
O tempo que não se perde nas intermináveis filas de trânsito permitem-nos usufruir mais da família, amigos e atividades coletivas.

7- Que te diz Vila Mendo, que te diz o futuro de Vila Mendo (e a Associação)?
Vila Mendo é sinónimo de família, alegria e momentos bem passados. Faz-me recordar as primeiras voltas no trator que o meu avô me permitia, as voltas de bicicleta, momentos de uma infância feliz.
O futuro de Vila Mendo, como o de outras aldeias do interior, está condenado à desertificação. Felizmente a Associação tem tido um papel fundamental para contrariar este ciclo com a realização de atividades nesse sentido.
Estou nesta associação desde o primeiro dia, quase há 20 anos, e estão bem visíveis os diversos melhoramentos que de forma direta e indireta dela resultam.
Do que depender de mim esta casa manter-se-á no ativo por muitos e bons anos. 




1 comentário:

Anónimo disse...

To live well happy live