O Professor José Manuel acabou de editar um livro de poesia. Ainda o não adquiri e por isso não posso fazer qualquer tipo de consideração mais concreta e objectiva, mas conhecendo o Professor como conheço ( fui seu aluno de Latim e Português no Seminário da Guarda) é com certeza um livro de qualidade que recomendo vivamente. Costuma publicar alguns dos seus poemas no blogue "Ar da Guarda" que recomendamos aqui no blogue. Colaborou também no nosso Caderno de Memórias. O Professor é próximo das nossa Terra, dos Prados, freguesia das Panoias. Neste momento dá aulas na Escola Secundária Afonso de Albuquerque (Liceu) na Guarda.
Em meu nome, e em nome da Associação de Vila Mendo, as nossas saudações por este desiderato.
"A obra reúne 77 poemas de José Manuel Monteiro, que aponta no Prefácio a "busca da perfeição" como "condição de todo o ser humano". José Manuel Monteiro assinala as palavras como "alimento do espírito" e faz radicar na figura dos pais a educação para o domínio da linguagem, paralelamente à construção da identidade, repartindo também com eles a autoria e o mérito destes poemas."- Blogue Exppressão
" Um livro é uma casa onde cabem muitas vozes. E como há casas grandes, médias e pequenas assim também acontece com os livros. Este é um livro modesto e quer apenas ser o eco de múltiplas vozes que o rodeiam e o tornaram possível. Que o fizeram respirar. Que o fizeram pulsar. Que o fazem permanecer vivo.
Que vozes são essas?
1. a voz da poesia: atraente, sedutora, simbólica, maviosa, denunciadora, laudatória, musical. Os poemas acontecem, como dizia Fernando Pessoa e Sophia Andresen. Surgem, insinuam-se, crescem e amadurecem nas folhas límpidas dos livros. A poesia é a voz da vida.
2. a voz das raízes: somos o que somos porque alguém nos ensinou a ser, a estar, a enfrentar a vida. Somos o que somos porque alguém nos deu a vida e a fala. No sangue, no seio alimentador, no puxão de orelhas na hora certa ficou a marca de quem nos precedeu, de quem nos alimentou a alma e nos ofertou o exemplo a seguir. Quem diz raízes, diz família.
3. a voz dos poetas: que lemos, que nos deliciam ou nos arranham o espírito para nos fazer despertar. A clareza de Sophia, a genialidade de Pessoa, o rigor de Eugénio, o cheiro a urze e a terra molhada de Torga. E quantas mais vozes que continuamente nos arrebatam, nos empolgam, nos levam para o mundo da fantasia poética e literária.
4. a voz da cidade: no frio, na neve, no prosaísmo dos pardais a saltitar, no ruído das ruas a empalidecer com os últimos raios de um sol poente. Nas leituras de Augusto Gil e de Nuno de Montemor, de Vergílio Ferreira e Manuel António Pina, nas memórias de Eduardo Lourenço e de Bonito Perfeito, de Manuel Poppe e de Virgílio Afonso.
5. a voz das pessoas: dos colegas que nos animam, dos alunos que puxam por nós, dos amigos que nos incentivam a registar para o futuro as palavras que mastigamos.
6. a voz da lua: seja ela quem for ou o que for. Ignota e persistente inspiração umas vezes fértil e fluente, outras infértil e perra. Umas vezes em lua cheia de plenitude, outras lua nova desaparecida.
7. a voz da música: as harmonias fecundas que enredam as palavras no doce sabor das ideias.
E mais vozes haveria a enumerar, mas fundamentalmente são estas que percorrem as páginas (cheias) deste livro. Que sejam alívio e conforto nas alegrias ou nas tristezas da vida. Com alegrias e tristezas nasceram porque elas também são a vida. Como a poesia é a vida." José Manuel Monteiro- (05/12/2015)