domingo, 31 de maio de 2020

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Coisas... pessoais e...

Mariana Corte Gonçalves Costa- professora

Coisas... pessoais e (des)conexas

Uma pergunta: para quando a vida em liberdade?
Um sonho: um mundo melhor
Uma pessoa: não posso referir só uma... os meus pais
Uma alegria: os meus filhos
Um pensamento: os momentos que vale a pena recordar
Uma preocupação: o mundo de amanhã
Um lugar: Vila Mendo, a terra que me viu nascer
Uma irritação: a mentira
Uma saudade: daqueles que partiram

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Castelo de Almourol

Visita ao Castelo de Almourol 
Vila Mendo On Tour 

terça-feira, 26 de maio de 2020

Jacinto Lucas Pires- Coisas... pessoais e...

Jacinto Lucas Pires- escritor

Coisas... pessoais e (des)conexas

Uma pergunta: como é que vai o teu dom do espanto?
Um sonho: uma democracia europeia a sério
Uma pessoa: o meu pai 
Uma alegria: jogar basquete com os meus filhos e sobrinhos
Um pensamento: a Alice do outro lado do ecrã nunca leu a Alice no País das Maravilhas
Uma preocupação: estará o mundo a tornar-se demasiado asséptico e literal?
Uma Paixão: o Benfica
Um Lugar: longe
Uma irritação: o pretensiosismo 
Uma saudade: do tempo em que não era maluquice ter utopias

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Momentos

Ar livre... ar puro... como as crianças.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Entrevista a José Domingos

José Domingos Fonte
Nascido em 16/10/1957, em Vila Mendo. Residente nos Ginetes, concelho de Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel– Açores, desde 1980.
Percurso Académico:
Frequentou a escola de Vila Mendo (até à 4.ª classe), o colégio de S. João de Deus no Telhal-Sintra (ciclo preparatório) e o Seminário Diocesano de Évora (do 3.º ao 6.º ano); fez o 7.º ano, como aluno autoproposto, no Liceu da Guarda; aqui  concluiu, em 1979, o Curso do Magistério Primário; em 1994, concluiu a Licenciatura em História e Ciências Sociais na Universidade dos Açores.
Carreira profissional:
Professor do curso do CPTV- Telescola de 1979 a 1993 na freguesia de Ginetes; professor do 1.º ciclo de 1994 a 2000  e de 2016 até a presente data. Outras funções ligadas ao ensino: 1.º Presidente do Conselho Executivo da Escola Básica Integrada de Ginetes de 2000 a 2016 e onde continua a coordenar vários cargos que acumula com a atividade docente.
“Hobbies”: desporto- praticante polidesportivo de vários desportos quer individuais quer coletivos (com exceto da natação). Atualmente pratica semanalmente futsal e golfe rústico; habilidades artísticas: pinturas murais, cenários para teatro, cartoons... Devorador de livros sobretudo de ficção/históricos.

Como analisas o actual estado da educação e o papel dos professores?
No contexto atual, a educação (ensino- aprendizagem) está a dar, muito rapidamente, os primeiros passos num modelo que se irá instalar no após Covid 19. A sabedoria popular diz-nos que “a pressa não é sinónimo da perfeição” ou “depressa e bem, não faz ninguém”, pelo que, tenho medo que esta abrupta e repentina mudança na comunidade educativa venha, no futuro próximo, a debater-se com graves problemas. Um dos principais problemas será recuperar a confiança na instituição escola, pelo que prevejo o aumento do abandono escolar precoce. Portugal não irá cumprir as metas preconizadas pela UE. As ofertas formativas são muitas e variadas, mais eficazes para o Secundário/Universitário, onde os alunos já são detentores de capacidades que lhes permitem separar o essencial do acessório, enquanto, nos outros ciclos, estas ainda estão em desenvolvimento ou mesmo em fase embrionária. No Ensino Básico, as ofertas formativas por mais inovadoras/criativas que apresentem a informação, em nada “beliscam” o papel presencial do professor, antes pelo contrário. O sucesso da aprendizagem passa pela relação direta que se estabelece entre o docente e o discente. Os “feedbacks” que nos chegam, quer dos alunos, quer dos encarregados de educação, são no sentido de que a presença física do docente é imprescindível em todos os ciclos do ensino-aprendizagem. Penso mesmo que, no após pandemia, logo a seguir às profissões que estão na “linha da frente” no combate à pandemia, será a classe docente a mais valorizada. Esse reconhecimento partirá dos pais/encarregados de educação que vivem na “pele” o dia a dia de um professor… muitas vezes, apenas com uma criança… e apreendem o significado “Síndrome Burnout”. 

Como imaginas a Escola daqui a 20 anos?
Uma das mais valias desta epidemia, na educação (ensino), centra-se na literacia digital. Agora, todos nós fomos obrigados a olhar para os equipamentos informáticos não como instrumentos de lazer, mas como equipamentos de trabalho/aprendizagem. Penso mesmo que, no futuro próximo, o currículo escolar, vigente do Ensino Básico, irá sofrer grandes alterações. A rainha das disciplinas estará na comunicação, pelo que ganham importância a Língua Materna e o Inglês. Em segundo lugar, passarão a valorizar as disciplinas que apelam à criatividade e inovação tanto, artística, como físico-motora. Só depois virá a Matemática alicerçada em conteúdos relacionados com o domínio dos orçamentos domésticos. Já as disciplinas Sociais-Humanas verão a sua importância reduzida, pois, nos próximos tempos, a mobilidade turística será reduzida. Transversal a todas estas disciplinas, irá estar a Informática. Ao nível das vivências sociais, todos nós termos de nos adaptar à nova realidade. O beijo e o abraço em que fomos educados irão passar para o rol dos usos e costumes. O uso de máscara e o distanciamento social passará a ser uma realidade, sobretudo nos centros urbanos. Em Vila Mendo essas proteções apenas serão necessárias aquando da compra de bens que chegam, de vez em quando, à aldeia. A nossa Associação Cultural deverá, desde já, começar a implementar regras de convivência, caso pretenda manter as celebrações das tradições que tão dignamente tem desenvolvido. Já imaginaram os franceses não poderem dar os quatro repenicados beijos?! 

Vives nos Açores; porquê os Açores? Como é aí a vida?
Por motivos de trabalho, “emigrei” para os Açores. Sentados no café Madrilena (não sei se ainda existe), eu e o meu primo Manuel Silva debatíamos o distrito escolar onde seria previsível obter colocação num escola, no ano letivo de 1979/80, quando o padre Ardérius, nosso ex-professor, nos aconselhou a concorrer para os Açores. Nessa época, em Portugal continental, obter colocação numa escola do 1.º ciclo era difícil (só quem concluísse o curso do Magistério Primário com média de curso superiores a 16 era colocado). A escolha do distrito de Ponta Delgada foi, apenas, para facilitar a escrita da direção nos envelopes.
Viver nos Açores, nomeadamente em S. Miguel, não é como viver no interior do Portugal. Embora a população esteja a reduzir, são raras as freguesias (não chamamos aldeias) com menos de 1000 habitantes e cada freguesia é, na sua maioria, constituída por um único povoado. O casario, sobretudo branco, estende-se ao longo de uma estrada principal bem asfaltada, muitas vezes, por mais de 4 km e, de quando em quando, há pequenos ramais transversais. No início da década de oitenta, a ilha toda estava eletrificada e a água canalizada vem da década de sessenta. As habitações têm, na sua maioria, muito conforto e são, sobretudo, campeãs em limpeza. Os animais estão nos pastos e são raras as lareiras acesas, pelo que há poucas moscas e a sujidade é mínima. O clima não sofre grandes amplitudes térmicas: varia entre 10 graus no inverno e os 26 no verão. As pessoas dedicam-se, sobretudo, à prestação de serviços e, a grande maioria trabalha na administração pública. A lavoura é a principal atividade relacionada com a exploração do campo. As manadas de vacas são, em grande parte, constituídas por mais de 100 cabeças. O resto dos terrenos estão semiabandonados. O que é pena, pois são muito férteis, não precisam de ser regados para um pé de batateira produzir mais de 20 batatas médias. O turismo está em fase de desenvolvimento acentuado. Com a abertura dos aeroportos às companhias aéreas “low Cost”, vive-se num “boom” de turistas. Eles chegam de todo o mundo. Ilhas de emigrantes estão a passar para terras de imigrantes, pois muitos adquirem casa e por cá ficam. Depois, nesta ilha, temos o mar e a montanha… é só escolher o espaço ajardinado, levar apenas a carne e… comemos churrasco sentados em bancos e mesas acimentadas. Numa frase resumo: os Açores é a natureza em festa, onde ainda imperam as leis básicas ambientais e as paisagens são deslumbrantes!

Saíste de uma zona periférica para outra; que futuro para as comunidades interiores?
Sendo verdade que os Açores distam 1600 km da metrópole e estão dependentes de aviões, só estão a 2 horas de Lisboa/Porto. Já viajei para o continente por menos de 10 euros. Sei que o covid 19 irá afetar esta situação. Pelo que noto, em questões relacionadas com as periferias, há grandes diferenças entre os Açores (S. Miguel e Terceira) e o interior continental. Nestas duas ilhas, esta problemática é menos acentuada. O decréscimo populacional destas ilhas é reduzido e está ligado, não tanto à mobilidade social, mas sim à diminuição da natalidade iniciada nos finais década de oitenta: antes, a média de filhos por casal rondava os oito filhos e, agora, situa-se pelos dois. Raras são as casas desabitadas ou em ruínas e há mesmo carência de habitações para os novos casais. Já nas outras sete ilhas, vive-se intensamente a desertificação, os jovens partem para as universidades e… não voltam. A falta de soluções, nestas ilhas, para colmatar o isolamento e outras necessidades, mesmo as básicas, estão dependentes de fatores que não se dominam: o estado do tempo (ventos e as vagas marítimas) que impossibilitam a navegação aérea/marítima. Nos Açores, são raros os regressos às origens dos que partiram… sobretudo para a América. Já no interior português, de vez em quando, há “carolas” que, fartos dos ambientes citadinos, regressam à terra de origem. No entanto, penso que, “é sol de pouca dura”, os seus descendentes não irão dar continuidade do sonho paterno e irão partir de novo. O adágio “amor e uma cabana” do interior português fica muito aquém dos atuais anseios sociais. O eco do Ensino à Distância nas nossas aldeias prova isso mesmo, quando a internet, um bem social prioritário, está muito aquém do desejado. Se os filhos da primeira geração de emigrantes ainda acompanharam os pais nas vistas de verão à terriola, já as gerações seguintes, raramente, o irão fazer. Hoje, o chamariz principal que leva os emigrantes a visitar a aldeia natal é a “quinta das tabuletas” onde repousam os entes queridos e a possibilidade de caminhar pela natureza na frescura do ar puro, à procura da tapada que está escondida no imenso matagal. Penso que será cada vez mais difícil a vida nas nossas envelhecidas aldeias. Investir no turismo rural parecerá ser uma boa medida. No entanto, o turista, amante da natureza, também quer ver pessoas, conhecer outras realidades, conversar e… se não houver pessoas?! Eu terei medo de caminhar entre o fantasma do casario abandonado! A desertificação veio para ficar… a não ser que pandemias como a que estamos a viver se tornem num “habitué”!

Que potencialidades tem a Guarda e o que achas que lhe falta?
Já não conheço a Guarda. A Guarda do meu tempo, enchia-se de estudantes durante os períodos letivos e, no verão, de emigrantes. Eram célebres os cafés: Madrilena, Mondego, Monteneve e o do Bonfim com o seu prato de moelas… Ah, não posso esquecer a casas dos jogos de bilhar e dos matraquilhos (Prolar e Bola de Prata) sempre cheias de jovens! 
A Guarda é um centro urbano. Tem polos atrativos para satisfazer os anseios das gerações atuais. Embora, não tão acentuado, a sua população tenha vindo no sentido descendente, mas não é tão evidente como nas aldeias que a envolvem. Será sempre a primeira “paragem obrigatória” para tudo o que entra em Portugal, por Vilar Formoso. Saibam os egitanienses criar, desenvolver e oferecer vivências tão irresistíveis que, quem por lá uma vez passar, fique com vontade de voltar. Antigamente, conquistavam-se as clientes pela boca: a boa comida e a boa bebida era o suficiente para se ter a casa cheia. Hoje, para além das duas anteriores, teremos de juntar a higienização, a empatia, o sossego, a paisagem… e a condição de poder estar, em qualquer lugar, em contacto com o mundo. A Guarda cidade tem estas condições, mas terá que as estender pelas localidades envolventes, se quiser dar significado à caraterística do ”F” de cidade “farta”! No após coronavírus, vejo a Guarda como um atrativo polo aglutinador de circuitos turísticos que, num raio de 70 km, tem muitas e diversificadas ofertas, uma vez que o receio de ficar dependente, preso no exterior, irá “obrigar” fazer turismo cá dentro!

Quem foi referência na tua infância?
Saí em setembro, ainda com nove anos, pela primeira vez, de Vila Mendo. Memórias desses nove anos são poucas. Os meus “heróis” foram o Manuel Pissarra por me permitir guiar o trator; o Eusébio Soares, por chutar muito alto uma bola de “cauchu”; o Zé Joaquim (barbeiro) quando tocava acordeão; o Manuel Pereira, do Zé Pereira, pela irreverência comportamental, defensor do costume de dar cinturadas nas criança com menos de 15 anos apanhadas fora de casa, após o sol posto; não posso esquecer, o velho ti Zé Bragança pela sua capacidade de contar e recontar, sentado nas suas escadas, os seus contos. Historietas que, mais tarde, usei para motivar os meus alunos; a minha mãe, a ti Prazeres, pela sua capacidade de memorização factual dos acontecimentos; e, finalmente, os três “artistas” que facilmente inovavam/adaptavam para resolver problemas pontuais da comunidade: António Pissarra, António da Miuzela e meu pai Joaquim Domingos. Mas, acima do individual, sobressaía a cooperação da comunitária que, em momentos de necessidade e que só o coletivo permitia colmatar, se unia: as malhas, a tira das batatas, a recuperação da capela… o pôr transitáveis os enlameados caminhos… No período dos dezassete aos vinte e um anos, passei mais algum tempo em Vila Mendo. Desse tempo sobressai o reconhecimento e aceitação da freguesia de Vila Fernando de que, na anexa de Vila Mendo, havia mais valias que a podiam valorizar nos mais variados aspetos. Vila Mendo conquistou Vila Fernando!! As poucas “verdinhas” (20$00) começaram a sobrepor-se às “isabelinhas” e às “azulinhas”, isto é, o poder do copo ou da força musculada, passou ser desvalorizado pelas habilidades/capacidades que os jovens vilamendenses demonstravam. Os meus “novos heróis” passaram a ser: os meus primos Tó Terras pela sua irreverência perante a vida rural e pela astúcia com que se impunha na freguesia e o Manuel Silva pela sua capacidade oratória em expor as suas ideias nas assembleias e o Adérito que, apesar das muitas críticas assertivas, tinha muitas capacidades (era um rapaz dos sete ofícios).

Memórias marcantes desses tempos?
Dos momentos marcantes por mim vividos na nossa aldeia, uns como simples observador e outros como participante ativo, destaco: o início da emigração, sobretudo a minha despedida do meu pai, no alto da Balça; as peripécias do meu primeiro dia de escola; os castigos corporais aplicados aos alunos mais velhos pela regente a lecionar na escola; a luta campal entre os “Cristinas” e os “Pissarras”; a batalha de pedras, em vésperas do Crisma, após a reunião preparatória na igreja paroquial, dos jovens de Vila Mendo contra o resto da freguesia; o arco de boas vindas ao bispo da Guarda da autoria do Sr. António Pissarra e ornamentado sobre a coordenação da minha tia Adoração; a contenda de Vila Mendo versus dr. Crespo pela água da Balça; a ”descoberta” do tabaco americano na quinta de Vale Carros; a intervenção do exército acantonado na casa da senhora Augusta, aquando da recuperação da escola e na abertura da estrada nova para Vila Fernando; a decisão dos jovens em tomar posse da “casa da professora” e torná-la num espaço acolhedor nas noites frias do inverno; a tomada de posição dos jovens vilamendenses em não deixar que a renda da Balça fosse levada pela junta de freguesia; o grito de revolta dos jovens contra a perda do campo de futebol, traduzido num comunicado lido em espaço nobre da Rádio Altitude; a forma subtil de “obrigar” os nossos pais a retirar os carros de bois e dos burros das ruas; a demonstração de espírito de companheirismo entre os jovens vilamendenses traduzido na defesa do bom nome da nossa terra, não só nas “partidas” que, pela calada da noite, fazíamos nas aldeias vizinhas, como também e, sobretudo, na prática de atividades na área do desporto, mas não só no futebol, como também no atletismo, ténis de mesa, xadrez e nos jogos tradicionais. Por último, a instalação da rede elétrica em 1979. Ao nível cultural, destaco o verão de 1974, quando o padre Manuel começou a contar, assiduamente, nas suas peças teatrais, com atores e cenógrafos de Vila Mendo.

Voltarás a Vila Mendo?
Não posso dizer que “dessa água não beberei”, pois adivinhar o futuro é-me proibido, no entanto, está longe das minhas cogitações regressar. Visitas de médico sem dúvida: calcorrear a rua principal, beber água no chafariz, passar pela Capela e virar no largo da escola, são anseios que apertam o coração. Ah, e, se encontrar alguém conhecido para o cumprimentar, será a cereja no topo do bolo!

Que te diz Vila Mendo?
Para mim, Vila Mendo continua e continuará a ser a única de quem eu digo, com emoção, é minha terra. Foi nela que eu nasci e que recebi a educação (ética) que me acompanha na minha vivência social. Vila Mendo está-me no sangue. Ouvir algum “continental” que por aqui passa falar da Guarda, emociona-me, perco a vergonha e meto conversa. Ao abrir o computador, o primeiro site a visitar é o da Associação Cultural que tão bem tens coordenado. Chateado fico, ao saber que conterrâneos meus passaram por esta ilha, muitas vezes a menos de 200 m da minha casa e nem se dignaram dizer um simples olá!

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Vidas

No lento respirar dos dias demorados, os silêncios são estorvados pelo rouco sibilar do apito que anuncia a chegada das mercancias. Ajuntam-se as pessoas... e esperam e palavreiam... rompendo o enfado destes tempos inusitados.

terça-feira, 19 de maio de 2020

Coisas... pessoais e...

Telmo Conde- Médico Dentista

Coisas... pessoais e (des)conexas

Uma pergunta: para quando a nossa liberdade?
Um sonho: conhecer os meus netos
Uma pessoa: avô Acácio
Uma alegria: a minha família
Um pensamento: a estabilidade da minha família
Uma preocupação: a educação dos meus filhos
Uma paixão: mundo das duas rodas
Um lugar: Aldeia de Santa Madalena
Uma irritação: inveja
Uma saudade: tempos de estudante universitário

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Ciclo da Vida

Nestes tempos, em que a incerteza da morte ensombra o nosso quotidiano, a natureza segue o seu curso... gerando Vida.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Entrevista a Paulo Gonçalves Marcos

Paulo Gonçalves Marcos
Presidente da Direção do SNQTB – Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários 
Presidente do Conselho Directivo do SAMS Quadros
Presidente do Conselho de Administração da FSB – Fundação Social Bancária 
Presidente do Conselho Directivo da União dos Sindicatos Independentes (USI) – Central Sindical 
Vice-Presidente dos Conselho Económico e Social (CES) da Região Autónoma da Madeira (RAM) 
Vice-Presidente da Comissão Permanente de Concertação Social do CES da RAM 
Membro do Conselho Económico da Região Autónoma dos Açores (CESA) 
Vice-Presidente da FECEC – Federação Europeia dos Quadros das Instituições de Crédito 
Board Member da CEC European Managers – Confederação Europeia de Quadros 
Colunista no Jornal Económico 
1. Quase trinta anos de experiência no sector financeiro, do qual é quadro superior. Experiência e projectos em área de Marketing, Planeamento Estratégico, Banco de Retalho, Banca Telefónica, Crédito, Compliance, Recursos Humanos, Gestão de Activos e Passivos, Negociação. Com responsabilidades de gestão e liderança em vários continentes. 
2. Professor universitário (1991-2016) na Universidade Católica Portuguesa. Marketing, Business Policy, Estratégia, Marketing Planning, Marketing Research, Thesis Seminar. Programas de Licenciatura, Mestrados, Pós-Graduações e Formação de Executivos. 
3. AMBA – Associação dos Antigos Alunos do MBA da Nova 
a. Presidente da Direção (2013-2016) 
b. Vice-Presidente (2008-2011) 
4. The Lisbon MBA Alumni Club – President (2015-2017) 
5. Autor e co-autor de três livros de cariz técnico (Universidade Católica Editora; Bertrand/Pergaminho) 
6. Licenciatura em Economia (Catolica Lisbon School of Business and Economics), MBA e Mestre em Gestão de Empresas (Nova School of Business and Economics), Programa Doutoral em Ciência Política (IEP UCP) 
7. Prémios e bolsas académicas 
a. Bolseiro Fulbright 
b. Bolseiro de Investigação NOVA SBE/American Appraisal/MAC Group 
c. Prémo Alexis de Tocqueville para o melhor aluno do programa doutoral 
8. Outros interesses 
a. Corri uma maratona, plantei duas árvores, escrevi três livros e tive quatro filhos 
Sócio do Sport Lisboa e Benfica, Clube Desportivo de Paço de Arcos, Clube Desportivo Novo Banco

Como Presidente do Sindicato dos Bancários, como avalias o papel e a acção dos bancos na situação complexa do presente? 
Sou presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), um dos seis sindicatos bancários. De qualquer forma, o SNQTB é o maior sindicato português. 
Os bancos e os bancários estão a ser vitais nesta crise, sanitária primeiro, económica depois. A capacidade de fazer chegar liquidez á Economia (famílias e empresas), de elaborar moratórias, entre outras, só são susceptíveis de serem feitas com um sistema bancário robusto, tecnologicamente apetrechado e com pessoas qualificadas. 

Normalmente os sindicatos são vistos como organizações ligadas (pelo menos, ideologicamente) à Esquerda; é o caso do SNQTB? Ou esta é uma visão demasiado simplista e redutora?
Muito simplista, se me permitem. O SNQTB é um sindicato de matriz independente, de qualquer partido político ou organização. E é fundador da União dos Sindicatos Independentes (USI), a terceira central sindical. 
A maior parte dos sindicatos em Portugal são de matriz independente, de qualquer partido ou ideologia. 
Por tudo aquilo que vimos na Alameda, neste primeiro de Maio, organizações há que se comportam como “donas disto tudo”, em termos sindicais. Mas a realidade, no terreno, desmente-as. 
Será, porventura, a altura ideal para os bancos e o sistema bancário recuperarem algum Crédito perdido na crise pretérita? 
Os bancários pagaram de forma cruel os desmandos de alguns, na pretérita crise. São e foram as vítimas inocentes de banqueiros laxistas, auditores coniventes, incentivos enviesados, etc. Foram das classes mais afectadas pelo desemprego (cerca de 25% dos bancários perderam o emprego) e pela redução das remunerações. 
A confusão entre banqueiros e bancários foi de todo em todo prejudicial aos trabalhadores bancários. 

A banca precisa de banqueiros? 
Os bancos e qualquer empresa precisam de gestores com elevados padrões éticos, profissionais, dedicados e experientes. E envolvidos com a sociedade. 
A gestão de empresas bancárias pode ser desempenhada pelos accionistas (banqueiros) ou por gestores profissionais. Conquanto os banqueiros sejam uma classe em desaparição, é de realçar o comportamento dos bancos cuja sede ou centro de decisão está em Portugal: a retenção e não distribuição de dividendos, relativos ao ano de 2019, como forma de capitalizar os bancos e melhor ajudar a Economia portuguesa neste período complexo de pandemia. 

Que desafios prementes enfrentam os bancos (tradicionais)? 
A crise económica, que se avizinha, e que tudo aponta que será a mais profunda desde o final da segunda grande guerra, será o facto mais marcante dos próximos anos. Economias débeis ou enfraquecidas introduzem pressão no sistema financeiro. 
Mas esta crise veio mostrar quem são as instituições financeiras que estiveram sempre de portas abertas, com bancários, a processarem as moratórias e as linhas de apoio às empresas, senhorios, inquilinos e famílias: os bancos de retalho! 
Não foram as fintechs, nem os bancos sedeados em paraísos fiscais que pouco empregam criam e nenhuns impostos pagam em Portugal…. 

Tens 3 livros editados na área do marketing; como os resumirias? 
Foram todos editados pela Universidade Católica Editora. Resultaram de minhas aulas (licenciaturas, mestrados, pós-graduações), formações, consultoria e posições de gestão que desempenhei ao longo de 30 anos de carreira profissional, em 4 continentes. E tive o privilégio de ter sido, em todos os livros, acompanhado de colegas de grande valia profissional e académica. 
São livros para os alunos mas também para os profissionais da gestão e do marketing. 

Colaboras com vários jornais. Como vês a imprensa e a comunicação social em geral? Independente, como devia? 
Sou colunista do Jornal Económico, mas tenho tido artigos de opinião e entrevistas em canais televisivos nacionais, jornais nacionais e regionais e rádios. Sou um consumidor e um produtor de conteúdos, e por isso sigo com especial pertinência a evolução do sector. 
É absolutamente vital para uma democracia a existência de comunicação social independente, séria e profissional. A decadência dos jornais e da comunicação social, devorada por um online onde a desinformação e boatos proliferam, é uma ameaça a uma sociedade que ser quer livre, exigente e desenvolvida. 
Uma das maneiras que podemos ajudar é comprar em banca ou assinar os jornais e revistas de que gostamos. Nada as pode substituir em termos de fiabilidade de informação, opinião abalizada, verificação de factos, entre tantas funções da comunicação social. 

É tempo de a economia se reinventar ou, passado o cabo das tormentas, continuará tudo como dantes? 
Os milenaristas encaram cada crise, como um momento de ruptura. Sinceramente, não creio que vá acontecer nada de profundamente diferente. Agora, certos fenómenos aceleraram: a digitalização, o tele-trabalho, um provável reforço de hábitos de higiene pessoal. 
Falta saber qual o impacto sobre os comportamentos sociais e de convívio. O que para uma sociedade e um país tão dependente do turismo e das actividades de acolhimento, é tudo menos que despiciendo. 

Dás aulas na Universidade Católica; o ensino continua a ser central no teu percurso profissional? 
Desde meados de 2016 suspendi as minhas aulas na Catolica Lisbon School of Business and Economics. Foi com pena, mas não estava a conseguir conciliar todos os compromissos. Mas dizer-vos que foi algo muito gratificante, que me incentivou a aprender, investigar, divulgar e ensinar. Muito do que sou hoje, como profissional, gestor, economista e sindicalista, devo-o aos mais de 4.000 alunos que tive. 
Espero poder recomeçar, numa nova etapa da minha vida profissional. 
Faz parte da minha filosofia de vida de tentar devolver um pouco do muito que recebi da sociedade. 

Tens origens no Adão e em Vila do Touro- Sabugal. Como vês o Interior? Terá futuro? Que futuro? 
Vejo uma oportunidade e uma ameaça. 
Oportunidade: a economia do conhecimento, as tecnologias de tele-trabalho e trabalho cooperativo, tornam possível que franjas crescentes de profissionais muito qualificados estejam a trabalhar a partir de geografias do Interior, de pequenas comunidades locais. Penso que é a maior oportunidade, em vários séculos, para o bem-estar de nossas comunidades locais que se situam no dito interior. 
Ameaça: para aproveitar a oportunidade que se nos abre, alguns dos benefícios das aglomerações urbanas têm que estar presentes: escolas e ATLs, habitação de qualidade a preços módicos, escritórios modulares que permitam aos tele-trabalhadores, de quando em quando, terem um sentimento de comunidade no trabalho. Cidades como Fundão, Portalegre, Covilhã, Cerveira, Angra do Heroísmo, etc, têm conseguido diferenciar-se. Para o Interior este é o desafio para atrair investimento e emprego qualificado: qualidade de vida sobre a forma de serviços e necessidades essenciais preenchidas. 

Vives em Lisboa desde sempre; que imagem tens da Guarda?
Vila do Touro. Adão. Sabugal. Belmonte. Guarda. São os locais de minhas férias de Verão, com meus pais e meus primos e tios. São recordações de tempos muito felizes, quase idílicos. 
Vejo a cidade da Guarda, onde volto frequentemente, como um local que fez um imenso progresso ao nível cultural, infraestruturas de educação e saúde, rodoviárias, entre outras. Devido ao grande salto das cidades médias do Interior, penso que qualquer habitante de Lisboa ou do Porto não desdenharia de na Guarda habitar e trabalhar. 

Uma pessoa que te tenha marcado na juventude?
Meu pai. Exemplo de trabalho. Disciplina. Abnegação e humildade. Um capitão de Abril, num golpe de estado, primeiro, revolução mais tarde, que democratizou e devolveu o poder à sociedade civil. Caso quase único na história política. 

Uma memória de infância? 
O Verão de 1975, no Adão, sem electricidade mas com meu avô Varandas, primos e muita alegria!

Que te diz Vila Mendo? 
Recordo com carinho meus primos e tios de Vila Mendo, e as tardes e serões que passámos juntos na minha meninice. 
Mais recentemente tive a surpresa de descobrir o entusiasmo da Capeia Arraiana num grupo de rapazes e homens de Vila Mendo! 
A existência deste blogue e dum conjunto de tradições comunitárias e de gentes da terra, ilustra bem o espírito e o orgulho dos Mendes (literalmente, os filhos de Mendo)! 

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Terra

A terra... aprontada a receber as sementes... que darão fruto... e alimento... a tantos...

terça-feira, 12 de maio de 2020

Coisas... pessoais e...

Beatriz Terras- estudante de Design de Equipamento

Coisas... pessoais e (des)conexas

Uma pergunta: quando é que tudo voltará ao normal?
Um sonho: ter o meu próprio atelier de Design
Uma pessoa: a minha irmã
Uma alegria: saber que sou uma pessoa feliz
Um pensamento: acabar o meu curso
Uma preocupação: a sociedade de hoje em dia
Uma paixão: passear/viajar
Um lugar: Sete Cidades- S. Miguel, Açores
Uma irritação: pessoas alcoviteiras
Uma saudade: da minha infância

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Momentos

Forte de Peniche- Museu da Resistência e Liberdade
Vila Mendo On Tour- 2019

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Entrevista a Nuno Graça

Nuno Graça- Nasceu há 45 anos em Lisboa e vive há 15 na Guarda. Licenciado em Gestão e 24 anos de experiência na Banca. Leitor crónico de História.

Como bancário, que papel têm os bancos na ajuda às empresas e às pessoas reais, no meio desta crise? 
Desde o inicio da crise que a Banca procurou apresentar aos seus clientes soluções que permitissem mitigar as dificuldades que se afiguravam: lay-off, eventuais atrasos nos salários. 
Assim aos particulares abriu-se a possibilidade de aderir a moratórias para a maioria dos créditos, que permitiram a suspensão do pagamento da totalidade ou de parte das prestações por um período de 6 a 12 meses (conforme o caso) e respectivo prolongamento dos créditos por igual período. Isto dá ás famílias a possibilidade de 1º fazer face à nova realidade de confinamento com as despesas normais de um agregado familiar e em 2º lugar não se sentirem sobrecarregadas com responsabilidades financeiras…deu-se prioridade ás necessidades das pessoas num contexto em que muitos viram os seus rendimentos reduzidos. 
Às empresas procurou-se assegurar que numa conjuntura em que a actividade reduziu ou cessou, não estarem asfixiadas por responsabilidades assumidas para este período, seja responsabilidades perante fornecedores e banca, como também e talvez sobretudo, garantir que terminada esta fase estariam em condições de voltar a laborar de forma normal seja de imediato seja gradualmente, preferencialmente com todos os seus recursos humanos. 
A disponibilização pelo estado de garantias através das Sociedades de Garantia Mutua, para linhas de crédito ás empresas era algo indispensável para apoiar as empresas enquanto empregadoras e enquanto geradoras de riqueza na Economia Nacional. 
Os Bancos, todos, desde a 1ª hora entenderam o seu papel… TODOS (Cidadãos, Empresas, Estado, Banca) são interdependentes, todos têm de se ajustar e ajudar num presente de insegurança e num futuro de incerteza. 

Os bancos tradicionais terão futuro (que futuro?), depois destes tempos conturbados? 
A Banca sempre foi uma área em que as novas tecnologias tiveram grande aceitação e rápida implementação. 
Estes quase 2 meses de confinamento trouxeram um enorme aumento na utilização dos canais complementares de acesso e comunicação com os Bancos: internet, telefone, Apps…tudo isto existia, todos estes canais eram crescentemente utilizados. Se anteriormente os utilizadores eram de certos segmentos e grupos etários, hoje o espectro de utilizadores é extremamente variado e muito abrangente. 
Houve soluções digitais que viram a sua implementação acelerada, houve produtos e serviços mais direcionados para estes canais que foram disponibilizados, procurou-se rapidamente assegurar que tudo ou quase tudo poderia ser tratado via esses canais reduzindo ao mínimo excepcional uma deslocação física do cliente ao Banco. 
É cada vez menor o numero de clientes que se dirige a um Balcão de um Banco, mas continua a haver e haverá sempre a necessidade de atendimento pessoal, do contacto humano…a Banca é um negócio essencialmente de confiança. 
O Banco tradicional de ontem é o mesmo de hoje, procura transmitir confiança, tenta satisfazer as necessidades dos seus clientes, e se alicerçado num passado e numa história de rigor, melhor. A forma como comunica, como chega ao cliente e como permite que o cliente chegue até ele é que tem evoluído e tem sido reinventada. As novas tecnologias permitem uma utilização imediata, segura e confortável dos serviços e produtos bancários. Em qualquer hora, em qualquer lugar o cliente vai ao Banco. 

Que medidas (económicas e financeiras) urgentes, práticas e pragmáticas deviam ser implementadas para atenuarmos os tempos adversos que… já são? 
Essas medidas foram entendidas no logo no 1º momento: apoiar as famílias que veriam os seus rendimentos decrescer e assegurar que o tecido empresarial não chegaria a um ponto de não retorno. 
As famílias puderam recolher-se com o seu agregado não havendo falta dos bens e serviços indispensáveis, e sem se sentirem asfixiadas com as responsabilidades de crédito que poderiam ter, daí as moratórias. 
As empresas asseguraram a liquidez que é indispensável para manter a capacidade de voltarem a estar no mercado…empresas a laborar são postos de trabalho que se mantêm e é riqueza que se gera. 
Valerá a pena pensar na capacidade que o tecido empresarial nacional tinha/tem para acudir a estes tempos… perceber da existência de capacidade nacional de conceção e produção de bens que se tornaram de primeiríssima necessidade: máscaras, álcool, gel, batas, ventiladores e outro equipamento médico, medicamentos, alimentos…. 

Apaixonado pela História, como achas que ela nos pode auxiliar a ultrapassar esta crise inesperada (ou nem tanto)? 
As crises vêm sobretudo sob a forma de guerras e catástrofes naturais, estas crises são infelizmente mais recorrentes e temos mais facilmente memória delas. Lembramos do tsunami de 2004, do terramoto e tsunami de 2011 no Japão que também originou o acidente nuclear de Fukushima, o acidente nuclear de Chernobyl em 1986, as cheias na europa que em 2011 e 2013 tiraram inúmeras vidas, a tragédia do furacão Katrina em 2005, os incêndios de Pedrogão de 2017. Estes acontecimentos são recentes, mais ou menos presentes na memória de milhões, tendo muitas entidades tirado as elações devidas, assim o esperamos 
Não se controla a Natureza nem se evita vitimas, mas a capacidade de resposta que o Japão demonstrou reduziu as consequências de algumas das situações acima descritas. Estava preparado porque conhecia a realidade em que estava inserido, havia planeamento, havia estruturas e havia recursos humanos, materiais e financeiros. 
Um cenário de Pandemia só temos memória de filmes…de uma pandemia global tivemos em 1918 a Gripe Espanhola, depois muitos casos pontuais e localizados de várias formas de Gripe sobretudo na Ásia…não esquecendo as epidemias de febres hemorrágicas virais como o Ébola cujo alastramento seria sim de dimensões catastróficas. Nestes casos os Estados e Organizações Internacionais têm tido capacidade de resposta, restringindo a sua expansão e lidando com as vitimas. 
A História mostra que os Estados com pensamento estratégico, estruturas adequadas e funcionais e recursos lidam melhor com cenários (mais ou menos prováveis) que se tornam realidades. 
Pensar a médio-longo prazo, além das datas dos calendários políticos, pensar na posição geográfica, politica-internacional e económica em que um País se encontra e de que forma essas variáveis criam cenários, geram consequências e exigem uma resposta. 
Ter estruturas que possam avaliar, pensar e responder, com as pessoas e meios suficientes e adequados. 
Mas sem dinheiro nada se faz…e a forma como o Estado distribui o seu Orçamento é sobretudo uma decisão política. 
Portugal está inserido na União Europeia e que a meu ver demorou a dar uma resposta. Cada país agiu por si numa fase inicial, tratou de assegurar os recursos indispensáveis para fazer face ás necessidades nacionais, enquanto isso a UE demorava a coordenar esforços. O mesmo filme que vimos na crise financeira de 2008. O processo de tomada de decisão é moroso, burocrático e muito politizado. É suposto ser cada um por si? Queremos dar razão àqueles que se opõem à UE? Podemos contar de facto com o apoio dos outros países membros? 
É tentador concluir que o sucesso na forma como certos países lidaram com esta pandemia se deveu ao facto de serem estados autocráticos…a maior crise que se viveu no século XX, a 2ª Guerra Mundial, foi resolvida por democracias. 
Exige-se do Estado (Estado Democrático) que seja sábio e justo no uso dos seus poderes e recursos, pois será sempre escrutinado pelos seus cidadãos. 

Nascido, criado, estudado em Lisboa, há muitos anos na Guarda; profissionalmente satisfeito com a mudança? Voltarias a Lisboa? 
A mudança profissional resultou de uma necessidade pessoal e familiar. O desafio profissional é o mesmo, pese embora realidades e mercados diferentes. 
Um regresso a Lisboa teria de se alicerçado num projeto profissional aliciante e ponderado o impacto no ambiente familiar, mas 1º a família. 

A Guarda já é a tua cidade, como vês o seu futuro e o do seu território? 
A Guarda é a minha casa. 
É nela que escolhi viver, criar e educar os meus filhos. 
Guarda e este território terá o futuro que for possível construir assim que se perceba qual o papel que pode ter quer no contexto Nacional e no contexto Ibérico/transfronteiriço. Ou será que tal pensamento estratégico já não é possível, ou é ultrapassado ou simplesmente desnecessário? Eu acho que o devíamos ter, e não só para a Guarda. 
E a definição desse tal papel, como aparentemente os vários governos não o conseguiram fazer, deve ser deixado aos Municípios em “cumplicidade” com os empresários e empreendedores. 
A consolidação do tecido empresarial local é a meu ver a base essencial para a partir daí se desenvolver outras oportunidades. 
Temos acessibilidades, temos gente em qualidade, mas uma demografia que nos desfavorece, temos de nos diferenciar e especializar. Conhecemos bons exemplos de quem na Agricultura, Industria, Serviços conseguiu bons resultados. 
Temos de cuidar e valorizar o que temos e promover quem quer realizar. Ganhamos todos. 
Sejamos também enquanto residentes e cidadãos elementos activos na valorização e determinação do nosso futuro. 

Uma pessoa que tenha sido referência, na tua juventude? 
A família sempre, mas em especial um grupo pequeníssimo de amigos que crescemos juntos desde o inicio da adolescência e cuja amizade se mantém passados mais de 30 anos… 

Uma memória de infância? 
De Lisboa, das idas à praia na Costa da Caparica. Viagens naqueles anos 80 que demoravam e tínhamos de mudar de transporte pelo menos uma vez…de Cacilheiro pelo rio ou de autocarro pela ponte a paisagem das margens e o largo rio…para onde olharia uma criança?

Que te diz Vila Mendo? 
Vila Mendo foi uma das mais belas surpresas que tive quando cheguei à Guarda. 
Um local super-hospitaleiro. É um íman, um exemplo de dinamismo, teimosia sadia e persistência. 
E a culpa é de um grupo de verdadeiros filhos-da-terra que construíram memórias e que continuam a querer construir memórias para si e para a geração seguinte…e para quem visita Vila Mendo. 
Também eu tenho boas memórias e acolho sempre com alegria todas as oportunidades de vos visitar. 






quinta-feira, 7 de maio de 2020

Coisas... pessoais e...

Daniel Lucas- Psicoterapeuta- @pp.daniel.lucas

Coisas... pessoais e (des)conexas

Uma pergunta: como e quando a vida tem sentido?
Um sonho: mundo mais justo
Uma pessoa: o meu avô Maximino Lucas
Uma alegria: Viver
Um pensamento: não interessa quem tu amas, onde é que amas, porque amas, quando ou como é que amas, o que interessa é que amas
Uma preocupação: o futuro das minhas filhas
Uma paixão: a música
Um lugar: Paris
Uma irritação: hipocrisia
Uma saudade: tempo de de estudante no IPG


quarta-feira, 6 de maio de 2020

terça-feira, 5 de maio de 2020

Coisas... pessoais e...

José Dionísio- Padre

Coisas... pessoais e (des)conexas

Uma Pergunta: Quando acabará a fase mais constrangedora do ‘bicho-corona’?
Um Sonho: Que homens e mulheres deste tempo [especialmente em Portugal] aprendessem a dar passos decisivos no caminho da comunhão fraterna, a partir deste sinal poderoso que nos sacudiu a todos… 
Uma Pessoa: Jesus Cristo! 
Uma Alegria: percebeu-se desde o início desta pandemia do Covid 19 que, AFINAL, o valor primeiro que devemos defender é mesmo a Vida. A liberdade é muito importante. Mas, se não defendermos a Vida de todos e cada um, a liberdade pode ser mal percebida e utilizada. 
Um Pensamento: parafraseando o fundador do comunismo chinês (!): "A derrota aparente perante o inimigo actual há-de ser a mãe da vitória futura! A vitória da humanidade mais unida." 
Uma Preocupação: que muitos governantes teimem em não perceber que nem só de finanças vivem os povos, e que bastantes pessoas não queiram quebrar o gelo do seu egoísmo perante a necessidade alheia. 
Uma Paixão: o empenho em fazer bem a quem precise. 
Um Lugar: Orjais city, capital do pêssego, onde vou às fundas raízes da origem e da infância. 
Uma Irritação: os espertos que ofuscam com o seu oportunismo a inteligência dos mais tímidos. 
Uma Saudade: de uma noite de convívio, no Inverno, na Associação de Vila Mendo!!

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Ruas

 (Fotografias de Beatriz Pereira)
Ruas... vazias, desprovidas de gente e dos animais que, no antanho, lhe davam um movimento visceral, vivencial, vital. Novos tempos... conturbados, inusitados... 

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Entrevista com Hélder Pires

António Hélder Lucas Pires, natural de Ílhavo, casado em Pousade, onde actualmente passa grande parte do tempo. 63 anos, dois filhos e três netos. Tem o ensino complementar e profissionalmente sempre trabalhou numa financeira, onde foi coordenador das áreas de análise, controlo e concessão de crédito e por último no desenvolvimento de scoring. Actualmente está reformado.

1. Na actual situação, há receitas económicas (fiscais, financeiras…) para atenuar a crise que se adivinha?
A situação que vivemos foi causada por uma doença da qual ainda pouco se conhece e cujas consequências são, nesta altura, incertas o que origina que a retoma económica seja também uma incógnita. Certo é que estamos a viver uma forte contração em Portugal que, de uma forma ou de outra, irá acontecer em quase todo o mundo.

2. Será um imperativo moral os bancos e empresas financeiras concederem créditos (facilitados), mas do ponto de vista comercial dessas entidades é um risco, ou não? Implicações futuras?
Os bancos pautam a sua atuação mais por imperativos legais e de negócio do que morais. E parece-me certo, já que a concessão de crédito fácil é mais um problema do que uma solução, basta recordar o que aconteceu entre 2009 e 2018 e o que daí resultou.
Antigamente os bancos rentabilizavam os depósitos beneficiando mais os clientes e o país, investindo em grandes empresas industriais que criavam ou acrescentavam valor. Mas, aí, o retorno não era imediato. Hoje, vive-se uma cultura bancária mais virada para o lucro rápido, olhando principalmente para a margem financeira onde os encargos constituem uma boa fatia. Agora os empréstimos são mais para o consumo, para o comércio e serviços, bem como a compra de casas e de automóveis.
Quase se poderia dizer que, antes, os bancos ajudavam a exportar, hoje ajudam a importar importando também eles dinheiro, muito dinheiro.

3. Vive em Pousade; como vê o futuro das nossas comunidades rurais?
Na qualidade de cidadão que vive numa aldeia, Pousade, que atualmente tem cerca de 80 habitantes e que há 100 anos tinha 542, ou seja, perdeu mais de 80% da população, não posso ficar indiferente ao terrível abandono a que as aldeias foram deixadas, pelo que me vou alongar neste tema.
As abordagens que nos chegam sobre o despovoamento do interior, são feitas essencialmente, como não poderia deixar de ser, por líderes políticos. São eles que clamam contra a dita desertificação (como se nada tivessem a ver ela). 
Quando falo em líderes políticos, refiro-me aqueles que têm acesso aos meios de comunicação, ou seja, líderes partidários e presidentes das maiores câmaras municipais, pois a opinião dos presidentes das juntas de freguesia ou dos municípios mais pequenas não têm expressão.
Com efeito, ao contrário do que é habitual ouvir-se, o problema não é o despovoamento do interior e a sua consequente desertificação, mas o despovoamento das aldeias, das vilas e das pequenas cidades do interior, pois são essas que estão efetivamente a perder pessoas.
Os tais fazedores de opinião apontam invariavelmente o poder central como causa do problema mas, das suas politicas governativas, resultam ações que, na generalidade, são tão ao mais centralistas do que as do poder central.
O que constato é que existe uma completa disparidade de procedimentos entre o que se faz pelas aldeias e o que se faz nas principais cidades. Nas primeiras, como bem sabe, se os poucos habitantes querem fazer uma festa anual, têm que a pagar, sabe Deus de que forma. Nas cidades, que, da mesma forma são constituídas por freguesias, existem espetáculos e até festivais pagos em grande parte, ou mesmo pela totalidade, pelas câmaras municipais. Basta consultar o portal http://www.base.gov.pt para se verem milhões (sim, são milhões) de Euros de faturas pagas anualmente pelos municípios a artistas que atuam nas cidades.
As escolas fecham porque não têm alunos, os tribunais, hospitais, creches, bancos, postos de polícia, ou GNR, finanças e outros serviços públicos e empresas, saíram das terras pequenas para as grandes, por falta de gente. Pergunto se não poderiam estes serviços distribuídos também pelas aldeias?
Paradoxalmente, dizer que o interior está a ficar despovoado, é uma falácia. Na verdade, não é o interior que está a despovoar-se, são as aldeias! Vejamos alguns exemplos, comparando a população de quatro cidades do interior nos últimos 100 anos:
- a Guarda tem basicamente as mesmas pessoas que tinha há 100 anos,
- a Covilhã, tem mais 7%,
- Castelo Branco tem mais 32%
- a cidade de Viseu, capital do interior que é a Beira Alta, em 100 anos viu o número de habitantes aumentar 76%.
1911      2011      Variaç
Guarda                   44 010   42 541   -3,30%
Castelo Branco       42 547   56 109   31,90%
Viseu                       56 186   99 274   76,70%
Covilhã                    48 400   51 797   7,00%
Já os concelhos mais pequenos diminuíram, em média, mais de 50% e, nas aldeias, a diminuição de habitantes anda entre os 65 e os 85%.
1911      2011      Variaç.
Sabugal                   35 409   12 544   -64,6%
Idanha a Velha        27 298     9 716   -64,4%
Moimenta Beira      14 565    10 212   -29,9%
Penamacor              14 999     5 682   -62,1%

Ou seja, os locais onde se criaram condições para as pessoas viverem e trabalhar não têm perdido pessoas. Já nas aldeias, pese toda a demagogia que agora se ouve, nada é feito objetivamente para trazer pessoas, havendo mesmo políticas que parece funcionarem ao contrário, se não vejamos:
As aldeias estão cheias de casas em ruínas, mas continua-se a deixar construir habitações em locais ermos. Por questões de segurança e de preservação das aldeias e mesmo da sua identidade, só deveria ser possível construir fora das populações quando estas não tivessem capacidade para mais.
Há casas em tal estado de degradação que põem em perigo quem por ali passa, mas estão assim há anos sem que ninguém se preocupe, mas, se se manifesta vontade de reconstruir uma dessas casas e se começam a colocar andaimes, é certo que rapidamente aparecem fiscais e, ao invés do que deveria ser, não vêm para facilitar e muito menos para ajudar.
As casas construídas ou recuperadas nas aldeias do interior de Portugal, deveriam ter redução do IMI, para fomentar as recuperações. Já as casas degradadas, enquanto tal, deveriam ter um IMI alto. Isso, por um lado seria uma fonte de receita para as autarquias e, por outro, levaria muitos proprietários a reconstruir, até pela diminuição significativa do imposto, ou a vender.
Atrás das pessoas viriam os serviços e as empresas, mas: 
as aldeias do interior deixaram de ter comércio e como as pessoas necessitam de fazer compras fazem-nos nas cidades próximas. Quem frequenta as cidades percebe a importância que os habitantes das aldeias próximas têm no comércio destas cidades o que poderá também trazer alguma hipocrisia para o processo.
Assim, sem comércio, serviços, agricultura, sem pessoas, com fogos e, principalmente sem políticas, as aldeias dos nossos avós deixarão de existir muito rapidamente.

4. Que urgências para a Guarda e seu território?
A Guarda é, quanto a mim, uma cidade onde se vive bem, onde existe uma boa oferta cultural, com bons serviços e acessos. Obviamente que fazem falta algumas coisas, mas não me atrevo a dizer que são prementes. Já no que toca ás suas aldeias elas padecem do que referi há pouco.

5. É administrador de um blogue (que vale a pena ler); o porquê do nome (curioso) e o que se propõe?
O nome “As couves do vizinho” surgiu-me precisamente das couves de um vizinho e está relacionado com a partilha que existe nas aldeias. Assim, da mesma forma, poderia ser os ovos, morangos, batatas ou salsa do vizinho. A partilha é uma coisa notável que existe nas nossas aldeias e que faz com que se possa dizer que, nelas, ninguém passa fome. No mundo em que vivemos, isto é admirável, repare que até nas aldeias mais pobres isso acontece.
O Blogue incide muito nas nossas aldeias, suas pessoas, seu passado, cultura e tradições.

6. Porque escolheu residir em Pousade?
Por três razões. A primeira, porque a minha mulher é de Pousade. A segunda, porque gosto da terra e das pessoas e a terceira, porque fica relativamente perto do Sabugal, concelho onde tenho as raízes, tanto maternas como paternas.

7. Quem o marcou na sua mocidade?
A minha mocidade foi marcada pelos amigos. Quando fui para o liceu, em Aveiro, não era bom aluno e o meu pai soube que havia um bom colégio em Coimbra e mandou-me para lá. Era efetivamente bom, tão bom que até ao nono ano não se chumbava… depois comia-se bem e a liberdade era muita. Só que eu tinha apenas 10 anos e nessa idade a família faz muita falta e acho que foram os amigos que me ajudaram a suprir essa falta.

8. Que lhe diz Vila Mendo?
Conheci Castelo Mendo antes de Vila Mendo, acontece que, sempre que falo em Castelo Mendo, sai-me Vila Mendo e não sei explicar porquê.
Não conheço suficientemente Vila Mendo para fazer grandes considerandos e aquilo que conheço é muito pelo vosso blogue, mas aquela do Presidente Marcelo ir à Festa do Chichorro, foi divinal. Divinal! De tal forma que eu, não só acreditei, como andei a divulgar...