quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Estórias do Rio Noéme

José Afonso Vieira filho das nossas terras -Vila Fernando- preocupado com a desgraça que se abateu sobre o nosso rio Noéme, escreveu uma estória/história sobre ele. Faz-nos reflectir sobre como tratamos os recursos naturais e, mais grave ainda, como tratamos as pessoas a expensas de um pretenso desenvolvimento. Impõe-se a pergunta: e o rio, car****?.. O "Chá do Noéme" por José Afonso Vieira.

Zé Chibas.

Carrancudo, de cigarro de enrolar ao beiço, pau de amieiro entalado no antebraço, pastor de cabras, desde os 12. E já lá vão 40! 
Ele por ali anda, com 7 bichos cabrinos, magros, sebentos, e com as caganitas prezas nas patas traseiras, que fazem a vez de badalos. Apenas não chocalham.
Há um moinho ao longe, podre, velho, sem telhado e sem roda. Em vez de pão e moleiro, tem como companhia pedras caídas, telhas partidas, e silvas. 
É Janeiro, e um lençol branco percorre a veiga, rente ao verde acastanhado da erva.
Faz um frio seco.
As Silvas e as giestas fazem de raids a um caminho de terra batida, principal via da aldeia, no tempo do Rei D. Sancho. Que por aqui andou também. Não a guardar cabras, mas de mula, a delimitar o concelho da Guarda. Dizem. Não sei se é verdade.
O caminho, dado a antigas realezas, serve agora para as cabras, algumas vacas, ciclistas citadinos e teenagers endiabrados montados em mulas mecânicas.
Ainda serve.
Quem não serve são as águas do Noéme, que se colam e serpenteiam o caminho.
-  O Rio desta cor  só nas enxurradas.... desta cor só nas enxurradas ..e era quando as havia. – Vocifera o Zé Chibas, apagando a beata molhada com a ponta do pau de amieiro, na erva branca da geada.
- Anda cá,  só para veres.
Vou, mais obrigado, que por livre vontade.
Galgamos umas silvas, uns juncos, uma bosta de vaca a fumegar, e paramos ao pé da água, que corre branda, espumosa e gorda.
O Zé agacha-se e com a cova da mão e leva a água ao meu nariz. – Cheira, cheira, e depois diz-me se tenho, ou não, razão.
Cheiro. Viro a cara para o lado. O odor é intenso. Uma mistura de tripas podres, químicos, curtumes, vísceras, carne putrefacta. Tudo banhado numa água de cor castanha avermelhada.
- Os filhos dum c..... Deviam chafurdar aqui e obrigá-los  a beber este cházinho! -  remata o Zé guardador de cabras e não de sonhos.
-Pois…. digo eu.
O pastor afasta-se com passos longos e alavancados pelo cajado.
Olha o rio com um ar desafiador e impotente.
Junta-se ao rebanho.
Assobia.
Três cabritos e uma cabra com tetas ovais vão ter com ele.
Todos, olham-me como um estranho, apesar de já conhecer o Zé há muito tempo.
Do canto do olho vejo-o retirar uma garrafa de vinho do bolso do casaco e beber um trago, limpando os beiços à manga da camisa.
E, lá, ao longe, na neblina da veiga, enchendo os pulmões com bafo de cabra e de nevoeiro, elevando o cajado o Zé ainda grita:
- Eu ainda me amanho com o tintol, e as cabras, caralho?
Uma nuvem, amedrontada, afasta-se e deixa brilhar um sol ajaneirado, de cor de vaca jarmelista.
Desta vez, talvez por nojo, ou por respeito ao pastor, o sol não se amanhou com o Noeme.


terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Coisas da vida

Faleceu, aos cinquenta e cinco anos, mais uma pessoa da nossa terra: o Adérito Pereira dos Santos. Ainda novo, não resistiu a doença prolongada. Homem dos sete ofícios (tinha jeito para fazer quase tudo) estava sempre pronto a ajudar quem precisasse. Nos últimos anos já não ia tanto a Vila Mendo, fruto da profissão de camionista que tinha abraçado. O funeral realiza-se amanhã, dia 25, na capela do Bento Menni pelas 16h. A toda a sua família os nossos pêsames sentidos.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Criação de gado- mudança de pasto

A falta de chuva está prejudicar a normal alimentação dos animais. Está-se a recorrer em demasia às reservas de palha e feno. Devido a isso, a procura desses alimentos começa a aumentar e consequentemente o preço sobe, tornando pouco ou nada rentável esta actividade. Já não bastava a tão propalada crise, agora o tempo a nada ajudar...  

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Coisas da Vida

Depois de várias dias internado, faleceu, aos 81 anos o Sr. Acácio Antunes. Mais um filho da nossa terra que parte. A todos os seus familiares, e em especial ao seu neto, Telmo Antunes Conde, nosso companheiro e amigo de sempre, as nossas sentidas condolências. O corpo encontra-se em câmara ardente na capela em Vila Mendo. O funeral realiza-se amanhã, pelas 16h, em Vila Fernando.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Almoço- feijoada

Amanhã, dia 11, vai haver mais uma confraternização resultante da matança do porco: uma feijoada ao almoço. Como é bom haver este espírito de amizade e vontade de estar em comunidade...