Exausto de si mesmo
e do excesso de sentir
Maria Teresa Horta. (Eu Sou a Minha Poesia)
VILA MENDO-vila fernando-guarda
Vila Mendo... o Mundo... aqui (blogue pessoal)
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
domingo, 16 de fevereiro de 2025
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
realidade(s). o perceber (d)o mundo
(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 30 de Janeiro)
A realidade o que é? A realidade é? A realidade, o mundo poderão ser uma construção da nossa consciência, como que um assombro subjectivo: tal como as cores que estão em nós e não nos objectos? Que diálogo se estabelece (e cada um estabelece) entre a visão ávida de surpresa e a consciência eternamente insatisfeita e em alerta pela percepção? Que barreira, que cortina inultrapassável separa cada ser humano das percepções que os outros indivíduos obtêm dos mesmos objectos, das mesmas coisas, do mesmo mundo (da mesma realidade?)?
E poderíamos continuar com outras perguntas tais que originariam respostas mais (se as houver!). Talvez como certo, só uma ténue certeza de que a realidade se estrutura de múltiplas realidades, portanto de novos e surpreendentes e inusitados pormenores que vamos encontrando à medida que estamos expostos à Coisa-mundo…
((Abrindo aqui um grande parênteses – e quase como um despropósito que adveio agora alardeadamente ao pensamento e não se desassoma - particularizando e reflectindo na realidade política, poderíamos quase classifica-la como: a realidade do (real) fingimento. Da política nacional à política local assentam muito no fazer de conta. Muitos dos políticos fingem que se interessam pelos cidadãos e fingem tão completamente que se convencem (e convencem tantos) que o seu interesse é substantivo e substancial; colocando-se num estado em que a ficção e o real se entremeiam de tal forma que se tornam quase indissociáveis- actores em potência, ou de facto, ou!..
Os cidadãos, nas suas profusas (infelizmente não muito profundas) análises à polis já não fingem tanto e censuram sem piedade as muitas ficções e enredos que se lhes apresentam; de forma geral, pois quando em contacto directo com os eleitos ou candidatos, os sorrisos e os cumprimentos desdobram-se em reverências… Muitos dos políticos acham, de algum modo, o comum dos eleitores inferiores, uma maçada necessária! Estes acham aqueles hipócritas, no mínimo. Portanto, estão todos em estreita comunhão… na dissimulação.
E a realidade (alocada à verdade!) vai-se desconstruindo numa miríade de percepções de percepções. de impressões. de sensações. Normalmente negativas e catastrofistas.
Ainda assim, neste contínuo exercício de fingimento nem todos se envolvem ou deixam envolver e é por isso, se calhar, que ainda não vivemos num quase simulacro da realidade e da realidade de si, enquanto sociedade e enquanto indivíduos; ou vivemos?!.))
Fechando agora o grande parênteses, talvez a realidade ou as realidades nos advenham da experiência do que se passou, do que aconteceu “lá fora”, no mundo, e evocada “cá dentro”, na consciência, se estabeleça uma troca, uma interacção permanente entre a consciência do Eu e o pensar o Mundo… Será que é o Ver que dá origem ao Perceber (entendido como o trazer, o passar do “lá fora” para a consciência) que possibilita o Pensar?
Talvez o reflectir- que analisa demoradamente e em silêncio as coisas a partir de um eixo, de um centro interior primordial- seja profundamente subjectivo, e nessa subjectividade, qualquer reflexão, seja improvável transmiti-la ao outro; como se os olhos e os “olhos” do pensamento formem em si mesmos uma certeza última, sólida, diferente e, tantas vezes, oponente da do outro; e impossível de deslocar para fora de si essa “verdade” vivida e (re)confirmada no mais íntimo do ser: uma visão pessoal, individual da presença no mundo e da evidência do mundo que traz, e faz, prova (ontológica) do Ser. da Existência. da Realidade como tal… não se podendo transferi-la para um outro. Talvez.
O eu (entretecido) no mundo que se exprime e consubstancia a partir do Eu-mundo?
(e a Guarda- e Vila Mendo- e a realidade de si?)
Indagações. somente. isso.
Etiquetas:
jornal A Guarda,
opiniões,
reflexões
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
Reditos
No tear do tempo tecemos a manta (de retalhos) da vida- Goethe (Fausto)
Etiquetas:
autores,
Literatura,
Livros,
pensamento,
reflexões
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
momentos
(Victor Soares- Chichorro)
estralejo
entoado
ressoa
(d)a
panela e
entranha-
se
o Tom
dos sabores,
os saberes
dantes.
dantes
Etiquetas:
1; reflexões; poesia,
Pessoas
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
Sugestão de leitura
Há livros que guardamos para mais tarde ler. Porque sabemos (às vezes vamos ao engano!) que vão ser fonte de prazer. E ficam; e ficam até ao dia em que o acontecer... acontece.
O livro de contos (muito ligados às pessoas daqui) do nosso Joaquim Igreja (Castanheira/Guarda) vale a pena ser lido (a talho de foice, será que é comum na nossa cidade os professores- de português, pelo menos- abordarem e darem a conhecer livros ou autores da Guarda?).
Uma escrita límpida, rica mas sem artifícios desnecessários. As palavras no sítio certo: se houver sítios certos em literatura... Quase que poderíamos dizer que é num exercício de decifração do mundo, do mundo das nossas gentes; do mundo de nós próprios.
Chegamos ao fim de muitos destes contos e... queríamos que não acabassem já: o que diz muito.
São contos que... são, também, nossos; já não pertencem ao autor, e sem referir e destacar este ou aquele em específico- isso caberá a cada um dos leitores- alguns mereceriam uma narrativa mais longa que constituíssem e dessem corpo e alma e voz a um novo (e esperado!) livro; outros há que poderiam passar para o domínio teatral...
Uma vez aqui chegados (e passe a pretensão) uma observância: compreendendo o simbolismo e a significância do título, este poderia ser mais marcante; mais duro; talvez mesmo mais cru!.. (Simples aparte, este)
Recomenda-se vivamente.
Etiquetas:
Literatura,
Livros
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
Reditos
"A nossa própria existência é um acto de leitura contínua no mundo, um exercício em decifração, em interpretação..." George Steiner
Etiquetas:
autores,
Literatura,
pensamento,
reflexões
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025
Respiros
Às vezes, duvidamos o caminho. duvidamos o outro. duvidamo-nos. E a dúvida pesa no peito. e assoma a angústia. por não saber. o saber do Fim...
Etiquetas:
1; reflexões; poesia
terça-feira, 4 de fevereiro de 2025
Chichorro: Um Hino à Vida em Vila Mendo
(De forma inesperada e até surpreendente, Daniel Lucas discorre belissimamente sobre Vila Mendo e as suas gentes. Obrigado. Amigo.)
Teve início mais uma temporada dos “Festivais de Cultura Popular”, com Vila Mendo no palco principal, acolhendo a tradicional e encantadora Festa do Chichorro.
Em Vila Mendo, quando a palavra “chichorro” ressoa na boca dos nativos, não se fala apenas de um petisco. Fala-se da vida, de histórias e estórias, de forças silenciosas. O chichorro é mais do que uma iguaria: é um pedaço da alma daquele lugar, um manjar que transcende gerações e carrega consigo o pulsar da terra e o espírito dos que, com mãos calejadas, souberam preservar as raízes. Cozinhado na banha da gordura, nas panelas de ferro, no fogo, o chichorro guarda em cada pedaço o calor da terra e o carinho de quem o prepara. Apresenta-se como uma verdadeira experiência sensorial, crocante por fora, com aquela textura dourada que chama a atenção, e suave por dentro, revelando uma suavidade que se desfaz na boca. O sabor é fantástico, rico e intenso, um convite a saborear cada pedaço com o cuidado de quem aprecia o melhor que a tradição pode oferecer.
A sua origem é simples, como tudo o que é profundo. É um prato que surge da tradição da matança do porco, uma prática ancestral que não se limita a uma mera refeição, mas que se transforma num ritual, na comemoração da vida. O “chichorro do redanho”, nascido da gordura das massas gordas do animal, é o pilar dessa iguaria que se torna, na sua simplicidade, um símbolo de resistência e de ligação às origens. É um testemunho de camaradagem. Feito na partilha, com sabedoria e é o elo invisível que une as gerações. Em cada prato servido há uma passagem de conhecimento, um gesto de união que vai além do prato em si. É um legado, uma herança, como se cada pedaço trincado não seja apenas alimento para o corpo, mas uma promessa de preservação, de continuidade e uma oferta de aconchego para a alma.
Na Festa do Chichorro, a “capital” transforma-se. A Associação Cultural e Recreativa de Vila Mendo, com o apoio da autarquia, organiza um encontro que não é apenas gastronómico, mas culturalmente emocional. Não se trata apenas de degustar, mas de festejar a época e partilhar o que de melhor se tem. É um momento em que, com o chichorro na mesa, o tempo parece pausar. Não há pressa, não há urgência. Apenas as mãos que servem, os sorrisos trocados, os olhares que se cruzam. Entre debates sobre estratégias políticas do futuro próximo, o humor leve sobre o Benfica que voltou a perder e as histórias que se entrelaçam, como se a própria terra quisesse contar, em silêncio, tudo o que se passa e passou.
Saborear o chichorro é como abrir uma antiga caixa de música, onde a bailarina gira num movimento repetido, por vezes desafinado, mas irresistivelmente desafiador, evocando memórias e sentimentos que trazem à tona a presença viva de quem já partiu. É impossível não pensar nele(s) – nas mãos que tanto fizeram, nos risos que preenchiam, na dedicação que transbordava em cada pequeno gesto. Cada pedaço deste prato é como uma chama de uma vela que se acende, suave e persistente, a lembrar-nos que a vida que deixaram continua em nós. Não estão fisicamente à mesa, mas é como se estivessem, no sabor que nos envolve, no aroma que nos transporta, nos olhares cúmplices, nos sorrisos que ainda se trocam e nas gerações… O que fica não é só um prato, mas uma herança emocional que une um legado de vida que nunca se apaga, mesmo quando alguns dos seus protagonistas já não estão aqui para partilhar e servir mais uma vez à mesa.
A verdadeira grandeza da Festa do Chichorro está naquilo que representa. Encontra-se na amizade, na tradição, no cuidar. Ensina-nos que é na simplicidade reside a verdadeira riqueza da vida. O chichorro, como na vida, não se dissipa, atravessa gerações, num abraço hospitaleiro, numa memória que nunca morre, mas que se perpetua, dando-nos esperança… Esperança de construir pontes que liguem o ontem ao amanhã.
Ao meu amigo L.S; a ti; aos que estão! Com amizade.
Etiquetas:
jornal O interior,
opiniões
domingo, 2 de fevereiro de 2025
sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
terça-feira, 28 de janeiro de 2025
Reportagem
Reportagem da Beira Alta TV AQUI - Festa do Chichorro.
Etiquetas:
Actividades,
BeiraAltaTV,
reportagem
segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Sugestão de leitura
Poesia de uma expressividade, de um minimalismo radical; profundamente hermética, quase (ou mesmo, por vezes) que imperscrutável e talvez, e por isso mesmo, de uma beleza... crua. Pura e dura.
Um poeta marcado intimamente pelo holocausto: até ao fim.
São poemas... do silêncio... do tempo. Do silêncio das palavras. Do silêncio entre as palavras...
Nos Rios
lanço a rede que tu,
hesitante, lastreias
com sombras
escritas por pedras.
Etiquetas:
Literatura,
Livros- poesia
quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
balanço(s)?
(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 02 de Janeiro)
Nestas alturas do ano é (ou parece ser) habitual, quase que obrigatório, um certo tipo de balanço, um apuramento do que de bom ou nem tanto se passou individual e colectivamente e em diversos domínios (que não se vão abordar aqui). Uma súmula daquilo que foi (ou pensamos que foi) e do que queremos (queremos?) para o amanhã.
Mas estas análises, primeiramente individuais (quando as há) sujeitas às pressões dos momentos e das modas, raramente se arquitectam em profundidade e tornam-se somente (ainda que seja alguma coisa) um conjunto de propósitos a cumprir; sem se cumprirem porque quase nunca reflexionados no e a partir do Silêncio-estrutura…
Como se aquele que foi e que fez aquilo tenha deixado de o ser, e passe a ser um-outro nos desígnios a que agora se propõe (e quase nunca impõe). Como se o eu-do-passado desse lugar a um eu-do-futuro (melhor, com certeza!). E o eu-do-presente fica… impresente, indistinto, invisível, desamparado pelo ontem esquecido, enca(n)deado pelo porvir milagroso.
Um balanço balanceado de trás para a frente; da frente para trás; e de novo de trás para a frente; e de novo… e nunca Aqui. parado. e nunca aqui reflectido verdadeiramente. Um balanço que pressuporia mudança efectiva e afectiva na realidade e na realidade de si, mas que não tem carácter e marca de duração; portanto um balanço de hesitação, de oscilação que não quis (ou pelo menos não pôde, não soube), que quer e não sabe se pode, se sabe; ou se quer mesmo.
Se os balanços pessoais são atreitos aos balanceamentos enleados e conjunturais, os colectivos são-no por (quase) natureza ainda mais. Perspectivamos as comunidades, a sociedade, o país pelos olhos de quem balança e balança, e nunca pára para olhar tudo (o possível) e assim apreendermos o todo (ou um pouquinho do todo, pelo menos, o que já seria muito). Vemos a realidade a partir da política e das desgraças (que se entrecruzam demasiadas vezes), que nos chega através da (des)informação e do seu excesso e do seu excesso em imagens…
E ficamos presos nessa realidade fortemente ideologizada, tremendamente enviesada, largamente direccionada, estupidificadamente recepcionada, amplamente idealizada; quase sempre descontextualizada. E o balanço enferma a priori: Vila Mendo a acabar; a Guarda a morrer; o país na decadência; o mundo no abismo; a Transcendência, por vezes… E quase tudo (e isso também) pode ter um pouco de verdade, mas também possui um pouco (muito) de inverdade… E a posteriori, voltamos ao mesmo porque o balanço… é um contínuo balanço. De momentos. De instantes. De fuga.
Se calhar, devíamos deixar de fazer os balanços (deixá-los para as economias e para as contas- certas) e fazer verdadeiras reflexões: profundas, demoradas; no silêncio e a partir do silêncio de nós mesmos; para depois termos a pretensão e o arrojo de ler os demais, as demais coisas e a Coisa-mundo como tal.
É só uma ideia- meia abalançada!.. Já agora, balancemo-nos para um ano bom.
Etiquetas:
jornal A Guarda,
opiniões,
reflexões
segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
quarta-feira, 8 de janeiro de 2025
segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
“É preciso tanta porcaria por causa dum…”
(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 19 de Dezembro)
Num destes dias gélidos- como se a adjectivação quisesse demonstrar uma absoluta extraordinariedade, que não é- portanto, num destes dias frios passando-se na rua/travessa entre o largo dos correios e o jardim, um varredor de ruas no empunho de um pequeno sacho tentava arrancar as ervas entre a parede da escola Augusto Gil e os paralelos; afazer custoso e minucioso este. Por entre o estalido do metal no empedrado, curvado e compenetrado ouve-se dizer: “É preciso tanta porcaria por causa dum…” e rematou a frase tal como a tinha iniciado: de rompante. Não olhou. Nada disse mais. Cabisbaixo, continuou. Tal como o andante.
Em que pensaria? A quem se referiria? Que torrente de pensamentos o atulhariam para deixar que eles escorressem para o linguajar? Que situação o atormentaria? Seriam os chefes ou os colegas ou os amigos ou a família ou alguém que passou, ou tantos outros ous?!. Se calhar, pela tonalidade ouvida nesse instante, o tormento não fosse muito: uma espécie de “enfim”, de quem já deixou passar e de pensar a questão, e agora já está noutros propósitos. Talvez as pessoas simples (ousadia esta de achar da simplicidade dessa pessoa) nas suas despretensões não se atormentem tanto como uma boa parte de tantos outros. Como se aquela inquietação momentânea se quedasse nisso mesmo, como se a varresse, a arrancasse dos seus pensamentos e dos seus lamentos. Se calhar porque a vida também é simples se a fizermos simples, se a despirmos das complicações das gentes ditas complexas (ou antes complicadas?). Aquela pessoa que pareceu admirada com a “porcaria” que alguém supostamente fez, quando ela passa a vida a varrer a porcaria nas ruas; talvez porque as pessoas simples dão mais valor às atitudes censuráveis das outras gentes do que à sujidade física; talvez ao contrário das pessoas complexas que se enojam com a porcaria, mas não tanto com as acções prejudiciais aos e dos demais; talvez…
Talvez aquela pessoa tenha pressa de deixar de pensar naquilo, tenha pressa de perceber, de resolver essa “porcaria” e não tenha pressa da vida. Da vida simples, despreocupada mas importada, real mas ainda assim sonhadora… Ao contrário das pessoas complexas que se enovelam de pressa na vida. Como se ela- a pressa- tivesse um efeito profundamente transformativo na realidade. Como se ela- a pressa- as fizesse pular por cima da própria sombra e as tornasse um outro eu, num outro eu… Talvez porque se achem perdidas delas próprias no emaranhado de pensamentos caóticos que as atormentam e cuja substância (se a houver) e significação desconhecem ou não encontram; fazendo com que estejam continuadamente a pensar sem pensar e a pensar numa coisa outra, num mundo outro, numa vida outra. Talvez a humanidade se (re)encontre nas pessoas simples e a inumanidade nas pessoas complexas. Talvez a tentativa de destrinça entre pessoas simples e complexas seja um absurdo retórico e maniqueísta, sem sentido e desprovido de qualquer razão ou lógica. Talvez precisemos simplesmente de nos questionar se “é preciso tanta porcaria por causa dum… “ Talvez.
Etiquetas:
jornal A Guarda,
opiniões,
reflexões
sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
Gentes de Cá
António Júlio; Manuel Joaquim; Maria do Carmo; Manuel Corte; Luís Filipe Soares; Sara Soares; Andrea Soares
Etiquetas:
Pessoas
segunda-feira, 30 de dezembro de 2024
Luz
luz
o sol
à Guarda,
Vila Mendo
aguarda
acobertada pela
bruma. e
brame
o querer
de nada
querer
para se querer
a
Ela
quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Sugestão de Leitura
Nesta época de festividades, uma leitura humorística pelo olhar ingénuo, mas tremendamente perspicaz, de uma adolescente que nos delicia com um conjunto de crónicas de costumes fazendo-nos pensar das profundas e profusas contradições sociais e da condição humana.
Uma escrita de Luís de Sttau Monteiro muito boa, apesar da ausência de pontuação que pode parecer primeiramente estranha, mas que depois se revela uma mais valia, até para lhe dar um tom mais risível...
Riemos e...
Etiquetas:
Literatura,
Livros
sábado, 21 de dezembro de 2024
terça-feira, 17 de dezembro de 2024
sexta-feira, 13 de dezembro de 2024
o Homem e o Exótico e o Endótico
(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 05 de Dezembro)
A nossa vida rege-se por um sem fim de acontecimentos; mais ou menos significantes, mais ou menos indiferentes… As nossas vivências- condicionadas e condicionantes- são extremamente polarizadas e matizadas na afirmatividade ou na negatividade, numa contradição de sempre e para sempre. Delas, só quase nos lembramos (e damos importância) ao extraordinário, ao fora do comum, ao diferente, ao não normal. No fundo, só damos valor ao exótico.
Como tal, vivemos no mundo dos extremos: das coisas espectaculares e fenomenais, ou das coisas mais deprimentes e degradantes. Nos entretantos perdemos e não valorizamos o resto, que é (ou pode ser) tudo. Esse Tudo, que é tudo aquilo que é banal, normal, habitual, natural, comum, evidente, ordinário, diário… tudo aquilo que não nos chateia, não nos preocupa, não nos causa problemas. Aquilo tudo que não nos interroga, como se não trouxesse respostas, nem informações, nem referências ou inferências.
E é esse Tudo que acontece a todos os instantes. A todos os momentos. Todos os dias e que retorna uma e outra vez; e ainda outra, e outras…
A nossa sociedade não sabe falar das coisas comuns (e quando o faz, fá-lo de forma inusitada e desanimadora e depressiva e…). Precisamos de dar um sentido-sentido a essas Coisas, que são as coisas que, em instância última, podem ser centrais, indispensáveis na busca da essencialidade (talvez) perdida do ser humano. Precisamos perguntar por elas, e deixar que elas nos interroguem, nos dêem as respostas, ou pelo menos respostas apontando caminhos que nos ajudarão a dar significação à dura caminhada da existência.
Precisamos trazer essas coisas banais, triviais, habituais…. para fora, dar-lhes espaço; o espaço que aliás elas já têm, mas que nós não lhe damos porque assoberbados pelo contínuo extraordinário que nos aprisiona numa atenção-desatenta castradora.
Precisamos espantar-nos, reencontrar o espanto; o espanto que já existiu e que nos moldou e nos definiu; e nos fale do que é, do que somos, do que queremos ser enquanto humanidade e enquanto indivíduos.
Necessitamos, como a boca de pão, do espanto, desse espanto primordial que (re)configurará a nossa realidade, as nossas relações e as nossas ralações. O espanto… de um sorriso, de um elogio, de um sítio, de uma acção, de uma palavra, do silêncio, do ruído (de fundo), da pessoa e daquela pessoa e das pessoas, e de tantas e tantas coisas simples… É que, na maior parte do tempo, quando parece que não acontece nada… acontece Tudo.
Porventura, necessitamos de mudar de orientação: do exótico para o endótico.
Etiquetas:
jornal A Guarda,
opiniões,
reflexões
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
sábado, 7 de dezembro de 2024
a Vida. o Seminário (Fundão, Guarda)
(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 21 de Novembro)
A vida insufla-se de profundas e profusas experiências e vivências, de um sem fim de momentos, de instantes; pequenos lampejos que afluem para o todo do Ser… e nos ajudam a ser.
De facto, aquilo que somos hoje (e aquilo que seremos no futuro- que é sempre presente) com o nosso pensar, o agir e o sonhar, somo-lo com todo o nosso passado inteiro: ainda que dele entendamos uma ínfima parte, e recordemos só uma fracção desse entendimento…
Neste tempo de apressamento verborreico, as pessoas procuram já não só viver os momentos, mas os instantes (fugazes), numa instantaneidade voraz e incapaz de um enquadramento na vida (toda) de cada qual. E sem este enquadramento dos instantes tudo é passado, nada é presente e o futuro é vazio, porque ilusório. Ficamos como que inebriados no nada dos instantes… que já passaram. Para que possamos dar conteúdo e sentido e fim ao tempo (logo à nossa existência como tal) precisamos de os presentificar- uma presentificação dos instantes- de todos os instantes: os do presente através da atenção crítica, reflexiva (do agora); os do passado pelo lembrar, pelo recordar lúcido e analítico; e os do futuro pela expectativa real (pincelada com um toque emocional).
Todos esses instantes (que serão momentos e depois talvez experiências) convivem connosco e não devem ser espartilhados, sectorizados. Tudo o que em nós se passa deve ser englobado e analisado… na totalidade de toda a vida! Se vivermos, se reduzirmos o existir à simples soma de sucessivos instantes sem lhe conferirmos um sentido temporal, ficamos continuamente seus reféns, aprisionados, incapazes de horizontalizar e perspectivar a Presença, esquecendo-nos (paradoxalmente) de nós próprios, de Ser verdadeiramente.
Importa então que os instantes se transformem em momentos, e estes se transcendam em realizações significantes e impactantes na vida pessoal e social de cada um: que gerarão experiências, que por sua vez gerarão outras, e outras… num eterno ciclo de enriquecimento- comum.
Para aqueles que tiveram e fizeram experiência de Seminário, este exercício de contínuo rememorar contextualizado e balizado, de contínua memória- que não é (só) passado, mas presente vivo- reveste-se de plena centralidade na sua existência como tal. As vivências (e sem se categorizarem maniqueisticamente) decerto foram producentes, umas; contraproducentes outras; inócuas (?) bastantes. Mas o resto da nossa vida o que é senão o conjunto de tudo isso, e mais do que isso, e isto, e aquilo, e tantos “es”?!. O rememorar, ainda que se configure com mostras de imaginação, alguns laivos de ficção, confirma- nos claramente na nossa identidade.
Podemos mesmo afirmar que do seminário aflora (tantas e tantas vezes em tantos) uma identidade luzente, perpassando as contínuas gerações de seminaristas dos seminários do Fundão e da Guarda (com certeza de outros seminários). Uma forma de ser. estar. permanecer. Em comunhão fraterna, connosco próprios e com o mundo. Uma identidade radicular que desfolha o bem-comum.
Uma espécie de identidade-seminarística, seminal! Que dá valor e cultiva o sereno Aguardar: o aguardar que não é passivo, não é desistido, muito menos improdutivo, pelo contrário; o aguardar que espera, sim, mas que acompanha (diligente) o Outro na longa e dura caminhada da vida comum; o aguardar que é justo e que é esperança (real, actuante) num tempo melhor.
O Seminário está connosco… sempre. Ainda que o não saibamos, ainda que não nos apercebamos bem, ainda que o não queiramos. Mais significante para uns, nem tanto para outros. Nunca indiferente. Mesmo que o quiséssemos: seria um combate permanente e pungente e inglório. (A indiferença, esse morrer na Vida!)
Ainda que as teias da amizade- desmaiadas pelas distâncias- se encontrem descosturadas muitas vezes, é no tear do tempo que teceremos- juntos- a manta da Vida-viva, o manto dum Mundo-sentido.
Aos Amigos seminaristas e a todos aqueles que fizeram e fazem (o) Seminário, um Abraço Fraterno.
Etiquetas:
jornal A Guarda,
opiniões,
reflexões
sexta-feira, 6 de dezembro de 2024
quarta-feira, 4 de dezembro de 2024
terça-feira, 3 de dezembro de 2024
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Coisas da Vida
Faleceu José Pissarra depois de largo tempo doente. Homem dinâmico e de grande vivacidade deixa-nos aos 81 anos. Ao seu filho e nosso amigo Júlio, à sua esposa Céu, à neta Joana e restante família os nossos sentidos pêsames. Vila Mendo fica mais pobre.
Estará hoje em Vila Mendo a partir das 15h e o funeral será amanhã, pelas 10h30, em Vila Fernando.
quarta-feira, 27 de novembro de 2024
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
ambiências. políticas. na Guarda
(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 24 de Outubro)
Existem ambiências para todos os gostos e feitios, de tipologias díspares e ímpares; ambiências saudáveis, nem tanto, ou nada recomendáveis.
Com interesse ou sem ele, falamos aqui da ambiência política na Guarda: que é igual à do resto de Portugal. No país, a questão do orçamento de estado é paradigmática e pareceria uma comédia (fraca) não fosse quase que trágica. Tudo é cálculo, tudo é táctica, tudo é espectáculo (teatral, depressivo). O objectivo último: adquirir vantagem estratégica e prática nas sondagens, nos votos, nas eleições próximas ou longínquas, a todo o custo; o resto, que somos todos nós (e até eles, políticos de charneira e de carreira!) não conta; ou pouco.
Na Guarda, a ambiência a mesma. Talvez mais deprimente, claramente inconsequente. Ansiosamente ávida de gente que pense o bem-comum. Triste na mediocridade maldizente. Quem governa faz tudo mal, quem está na oposição tem as melhores ideias que seriam as melhores soluções. Quando os papéis se invertem, o mesmo: ninguém é competente (e às vezes não!).
Entre os políticos de cá (e os que hão-de vir), há uma nuvem de crispação latente que tolda os espíritos e escorrega, vezes demais, para a má-educação com as redes sociais a servirem de eco e difusor na pretensão de se obterem quaisquer vantagens. Pouco respeito institucional e pouco tacto para se encaixar opiniões divergentes, como se a liberdade fosse só dizer tudo o que apetece e como apetece. Estão sempre contra (haverá excepções) os outros; às vezes contra os seus e, com probabilidade, contra si próprios.
As assembleias municipais são… inenarráveis. Além da encenação, poses e tons deprimentes, há uma falta de um vislumbre de bom-senso (nem todos) nas intervenções, nas próprias altercações e até nos silêncios, e na falta de silêncio para escutar. Atrasos, constantes saídas e entradas… uma falta de brio, de zelo que esmorecem a democracia. É mesmo para questionar: o que vai lá fazer alguma dessa gente, dita deputado? Será tão difícil haver consensos estruturantes para a Guarda sem os tradicionais pavoneamentos do “fomos nós que conseguimos” ou do “ não foi conseguido por vossa culpa”? (Pergunta retórica, para não se dizer ingénua…).
Na comunidade guardense propriamente dita, existe uma parte (se calhar significativa) que não quer saber nada destas questões, muito menos das questiúnculas políticas, embrenhada que está na sua vida e nos seus afazeres, passam ao lado de tudo isto (às vezes deles próprios); outra parte, atenta e até interessada, não se imiscui, ouve mais do que fala, tem as suas ideias e posições, normalmente equilibradas, mas não se quer envolver e enredar nestas teias; outra parte, pertence à classe dos fundamentalistas, estão sempre ao lado daqueles que escolheram (?) como seus, independentemente de dizerem ou fazerem coisas producentes à polis; ainda outra parte que é informada, participativa de forma construtiva- infelizmente uma ínfima minoria. Portanto temos os alienados e os destemperados, maioritários; no meio um pequeno número (com tendência a diminuir) de sensatos.
Não admira pois que a 1 ano das eleições autárquicas já haja todo o tipo de movimentações: umas reais, outras potenciais, algumas ilusórias. Ainda assim, e não se tendo informações privilegiadas, uns esperam continuidades e/ou novidades; alguns pensam em regressos; outros anseiam por salvadores… e a Guarda espera… uma esperança real, mas ainda assim uma esperança que lhe devolva um despontar de singularidade, de perenidade…
Falta à Guarda (e se calhar ainda mais) aquilo que falta a Portugal: um pensamento; portanto uma filosofia sólida, primordial capaz de reflexionar e harmonizar o sonho e o mito com a previsão e o planeamento, que alicerce, que ancore uma pedagogia/educação que dê ferramentas para ultrapassar as circunstâncias, as conjunturas, as crises e recrises nacionais, internacionais e assim permita que a acção política seja coerente, constante, consistente, planeada e não uma improvisação de improvisações, por natureza apressada, para a solução de problemas sempre urgentes, sempre pungentes.
Falta 1 ano para as eleições e prevê-se uma ambiência tóxica de guerrilha verborreica; antevê-se uma luta de vontades (próprias ou alheias), de vaidades que desembocarão em quase nulidades, contraproducentes aos interesses da Guarda e de todos nós por inerência.
Resta-nos aguardar. E dentro das nossas possibilidades e habilidades aportar alguns elementos, alguns momentos edificantes e insuflar alguma chama de positividade sonhadora…
A Guarda aguarda e merece. Merecemo-la?!.
Etiquetas:
jornal A Guarda,
opiniões,
reflexões
quinta-feira, 21 de novembro de 2024
terça-feira, 19 de novembro de 2024
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
sexta-feira, 15 de novembro de 2024
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Sugestão de Leitura
O
pensamento da humanidade (ou pelo menos da civilização europeia e ocidental) é
profundamente marcado pelas narrativas (alegorias) da queda (pecado) do Homem
causadas pelo conhecimento: a Árvore do Jardim do Éden, a Tragédia Prometaica e
o Pacto Fáustico. Em Goethe este mito adquire novas possibilidades, novas potencialidades significativas... Para se ir lendo.
Etiquetas:
Literatura,
Livros,
Poesia
terça-feira, 12 de novembro de 2024
sexta-feira, 8 de novembro de 2024
Subscrever:
Mensagens (Atom)