sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

o Homem e o Exótico e o Endótico

 (Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 05 de Dezembro)

A nossa vida rege-se por um sem fim de acontecimentos; mais ou menos significantes, mais ou menos indiferentes… As nossas vivências- condicionadas e condicionantes- são extremamente polarizadas e matizadas na afirmatividade ou na negatividade, numa contradição de sempre e para sempre. Delas, só quase nos lembramos (e damos importância) ao extraordinário, ao fora do comum, ao diferente, ao não normal. No fundo, só damos valor ao exótico.
Como tal, vivemos no mundo dos extremos: das coisas espectaculares e fenomenais, ou das coisas mais deprimentes e degradantes. Nos entretantos perdemos e não valorizamos o resto, que é (ou pode ser) tudo. Esse Tudo, que é tudo aquilo que é banal, normal, habitual, natural, comum, evidente, ordinário, diário… tudo aquilo que não nos chateia, não nos preocupa, não nos causa problemas. Aquilo tudo que não nos interroga, como se não trouxesse respostas, nem informações, nem referências ou inferências.
E é esse Tudo que acontece a todos os instantes. A todos os momentos. Todos os dias e que retorna uma e outra vez; e ainda outra, e outras…
A nossa sociedade não sabe falar das coisas comuns (e quando o faz, fá-lo de forma inusitada e desanimadora e depressiva e…). Precisamos de dar um sentido-sentido a essas Coisas, que são as coisas que, em instância última, podem ser centrais, indispensáveis na busca da essencialidade (talvez) perdida do ser humano. Precisamos perguntar por elas, e deixar que elas nos interroguem, nos dêem as respostas, ou pelo menos respostas apontando caminhos que nos ajudarão a dar significação à dura caminhada da existência.
Precisamos trazer essas coisas banais, triviais, habituais…. para fora, dar-lhes espaço; o espaço que aliás elas já têm, mas que nós não lhe damos porque assoberbados pelo contínuo extraordinário que nos aprisiona numa atenção-desatenta castradora.
Precisamos espantar-nos, reencontrar o espanto; o espanto que já existiu e que nos moldou e nos definiu; e nos fale do que é, do que somos, do que queremos ser enquanto humanidade e enquanto indivíduos.
Necessitamos, como a boca de pão, do espanto, desse espanto primordial que (re)configurará a nossa realidade, as nossas relações e as nossas ralações. O espanto… de um sorriso, de um elogio, de um sítio, de uma acção, de uma palavra, do silêncio, do ruído (de fundo), da pessoa e daquela pessoa e das pessoas, e de tantas e tantas coisas simples… É que, na maior parte do tempo, quando parece que não acontece nada… acontece Tudo.
Porventura, necessitamos de mudar de orientação: do exótico para o endótico.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

a Ti. Amigo Tiago Gonçalves

 

(41 anos, ontem)

apetece

dizer escuridão

...

abraço 
Tiago.


sábado, 7 de dezembro de 2024

a Vida. o Seminário (Fundão, Guarda)

(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 21 de Novembro)

A vida insufla-se de profundas e profusas experiências e vivências, de um sem fim de momentos, de instantes; pequenos lampejos que afluem para o todo do Ser… e nos ajudam a ser.
De facto, aquilo que somos hoje (e aquilo que seremos no futuro- que é sempre presente) com o nosso pensar, o agir e o sonhar, somo-lo com todo o nosso passado inteiro: ainda que dele entendamos uma ínfima parte, e recordemos só uma fracção desse entendimento…
Neste tempo de apressamento verborreico, as pessoas procuram já não só viver os momentos, mas os instantes (fugazes), numa instantaneidade voraz e incapaz de um enquadramento na vida (toda) de cada qual. E sem este enquadramento dos instantes tudo é passado, nada é presente e o futuro é vazio, porque ilusório. Ficamos como que inebriados no nada dos instantes… que já passaram. Para que possamos dar conteúdo e sentido e fim ao tempo (logo à nossa existência como tal) precisamos de os presentificar- uma presentificação dos instantes- de todos os instantes: os do presente através da atenção crítica, reflexiva (do agora); os do passado pelo lembrar, pelo recordar lúcido e analítico; e os do futuro pela expectativa real (pincelada com um toque emocional).
Todos esses instantes (que serão momentos e depois talvez experiências) convivem connosco e não devem ser espartilhados, sectorizados. Tudo o que em nós se passa deve ser englobado e analisado… na totalidade de toda a vida! Se vivermos, se reduzirmos o existir à simples soma de sucessivos instantes sem lhe conferirmos um sentido temporal, ficamos continuamente seus reféns, aprisionados, incapazes de horizontalizar e perspectivar a Presença, esquecendo-nos (paradoxalmente) de nós próprios, de Ser verdadeiramente.
Importa então que os instantes se transformem em momentos, e estes se transcendam em realizações significantes e impactantes na vida pessoal e social de cada um: que gerarão experiências, que por sua vez gerarão outras, e outras… num eterno ciclo de enriquecimento- comum.
Para aqueles que tiveram e fizeram experiência de Seminário, este exercício de contínuo rememorar contextualizado e balizado, de contínua memória- que não é (só) passado, mas presente vivo- reveste-se de plena centralidade na sua existência como tal. As vivências (e sem se categorizarem maniqueisticamente) decerto foram producentes, umas; contraproducentes outras; inócuas (?) bastantes. Mas o resto da nossa vida o que é senão o conjunto de tudo isso, e mais do que isso, e isto, e aquilo, e tantos “es”?!. O rememorar, ainda que se configure com mostras de imaginação, alguns laivos de ficção, confirma- nos claramente na nossa identidade.
Podemos mesmo afirmar que do seminário aflora (tantas e tantas vezes em tantos) uma identidade luzente, perpassando as contínuas gerações de seminaristas dos seminários do Fundão e da Guarda (com certeza de outros seminários). Uma forma de ser. estar. permanecer. Em comunhão fraterna, connosco próprios e com o mundo. Uma identidade radicular que desfolha o bem-comum.
Uma espécie de identidade-seminarística, seminal! Que dá valor e cultiva o sereno Aguardar: o aguardar que não é passivo, não é desistido, muito menos improdutivo, pelo contrário; o aguardar que espera, sim, mas que acompanha (diligente) o Outro na longa e dura caminhada da vida comum; o aguardar que é justo e que é esperança (real, actuante) num tempo melhor.
O Seminário está connosco… sempre. Ainda que o não saibamos, ainda que não nos apercebamos bem, ainda que o não queiramos. Mais significante para uns, nem tanto para outros. Nunca indiferente. Mesmo que o quiséssemos: seria um combate permanente e pungente e inglório. (A indiferença, esse morrer na Vida!)
Ainda que as teias da amizade- desmaiadas pelas distâncias- se encontrem descosturadas muitas vezes, é no tear do tempo que teceremos- juntos- a manta da Vida-viva, o manto dum Mundo-sentido.
Aos Amigos seminaristas e a todos aqueles que fizeram e fazem (o) Seminário, um Abraço Fraterno.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Debate

A nossa Presidente, Inês Costa, na rádio F num debate sobre associativismo jovem, ontem.

 

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Coisas da Vida

Faleceu José Pissarra depois de largo tempo doente. Homem dinâmico e de grande vivacidade deixa-nos aos 81 anos. Ao seu filho e nosso amigo Júlio, à sua esposa Céu, à neta Joana e restante família os nossos sentidos pêsames. Vila Mendo fica mais pobre. 
Estará hoje em Vila Mendo a partir das 15h e o funeral será amanhã, pelas 10h30, em Vila Fernando.

 

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

ambiências. políticas. na Guarda

(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 24 de Outubro)

Existem ambiências para todos os gostos e feitios, de tipologias díspares e ímpares; ambiências saudáveis, nem tanto, ou nada recomendáveis.
Com interesse ou sem ele, falamos aqui da ambiência política na Guarda: que é igual à do resto de Portugal. No país, a questão do orçamento de estado é paradigmática e pareceria uma comédia (fraca) não fosse quase que trágica. Tudo é cálculo, tudo é táctica, tudo é espectáculo (teatral, depressivo). O objectivo último: adquirir vantagem estratégica e prática nas sondagens, nos votos, nas eleições próximas ou longínquas, a todo o custo; o resto, que somos todos nós (e até eles, políticos de charneira e de carreira!) não conta; ou pouco.
Na Guarda, a ambiência a mesma. Talvez mais deprimente, claramente inconsequente. Ansiosamente ávida de gente que pense o bem-comum. Triste na mediocridade maldizente. Quem governa faz tudo mal, quem está na oposição tem as melhores ideias que seriam as melhores soluções. Quando os papéis se invertem, o mesmo: ninguém é competente (e às vezes não!).
Entre os políticos de cá (e os que hão-de vir), há uma nuvem de crispação latente que tolda os espíritos e escorrega, vezes demais, para a má-educação com as redes sociais a servirem de eco e difusor na pretensão de se obterem quaisquer vantagens. Pouco respeito institucional e pouco tacto para se encaixar opiniões divergentes, como se a liberdade fosse só dizer tudo o que apetece e como apetece. Estão sempre contra (haverá excepções) os outros; às vezes contra os seus e, com probabilidade, contra si próprios.
As assembleias municipais são… inenarráveis. Além da encenação, poses e tons deprimentes, há uma falta de um vislumbre de bom-senso (nem todos) nas intervenções, nas próprias altercações e até nos silêncios, e na falta de silêncio para escutar. Atrasos, constantes saídas e entradas… uma falta de brio, de zelo que esmorecem a democracia. É mesmo para questionar: o que vai lá fazer alguma dessa gente, dita deputado? Será tão difícil haver consensos estruturantes para a Guarda sem os tradicionais pavoneamentos do “fomos nós que conseguimos” ou do “ não foi conseguido por vossa culpa”? (Pergunta retórica, para não se dizer ingénua…).
Na comunidade guardense propriamente dita, existe uma parte (se calhar significativa) que não quer saber nada destas questões, muito menos das questiúnculas políticas, embrenhada que está na sua vida e nos seus afazeres, passam ao lado de tudo isto (às vezes deles próprios); outra parte, atenta e até interessada, não se imiscui, ouve mais do que fala, tem as suas ideias e posições, normalmente equilibradas, mas não se quer envolver e enredar nestas teias; outra parte, pertence à classe dos fundamentalistas, estão sempre ao lado daqueles que escolheram (?) como seus, independentemente de dizerem ou fazerem coisas producentes à polis; ainda outra parte que é informada, participativa de forma construtiva- infelizmente uma ínfima minoria. Portanto temos os alienados e os destemperados, maioritários; no meio um pequeno número (com tendência a diminuir) de sensatos.
Não admira pois que a 1 ano das eleições autárquicas já haja todo o tipo de movimentações: umas reais, outras potenciais, algumas ilusórias. Ainda assim, e não se tendo informações privilegiadas, uns esperam continuidades e/ou novidades; alguns pensam em regressos; outros anseiam por salvadores… e a Guarda espera… uma esperança real, mas ainda assim uma esperança que lhe devolva um despontar de singularidade, de perenidade…
Falta à Guarda (e se calhar ainda mais) aquilo que falta a Portugal: um pensamento; portanto uma filosofia sólida, primordial capaz de reflexionar e harmonizar o sonho e o mito com a previsão e o planeamento, que alicerce, que ancore uma pedagogia/educação que dê ferramentas para ultrapassar as circunstâncias, as conjunturas, as crises e recrises nacionais, internacionais e assim permita que a acção política seja coerente, constante, consistente, planeada e não uma improvisação de improvisações, por natureza apressada, para a solução de problemas sempre urgentes, sempre pungentes.
Falta 1 ano para as eleições e prevê-se uma ambiência tóxica de guerrilha verborreica; antevê-se uma luta de vontades (próprias ou alheias), de vaidades que desembocarão em quase nulidades, contraproducentes aos interesses da Guarda e de todos nós por inerência.
Resta-nos aguardar. E dentro das nossas possibilidades e habilidades aportar alguns elementos, alguns momentos edificantes e insuflar alguma chama de positividade sonhadora…
A Guarda aguarda e merece. Merecemo-la?!.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Sugestão de Leitura

O pensamento da humanidade (ou pelo menos da civilização europeia e ocidental) é profundamente marcado pelas narrativas (alegorias) da queda (pecado) do Homem causadas pelo conhecimento: a Árvore do Jardim do Éden, a Tragédia Prometaica e o Pacto Fáustico. Em Goethe este mito adquire novas possibilidades, novas potencialidades significativas... Para se ir lendo.

 

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Gentes de Cá

João Pereira; João; Beatriz; Maria do Anjos; Cristina; Jorge

 

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Gentes de Cá

Zé; Zé Eduardo; Júlio; Manuel Silva

 

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Novos Órgãos Sociais da ACR Vila Mendo

 

A Presidente Inês Gonçalves Costa

Direcção:
Presidente: Inês Gonçalves Costa
Vice-Presidente: Vanessa Maria Pereira Alves
Tesoureiro: Rodrigo Gonçalves Costa
Vogal: Beatriz Terras da Fonte Pereira
Vogal: Joana Frias Pissarra

Mesa da Assembleia Geral:
Presidente: Élio Pereira Alves
Vice-Presidente: Luís Filipe Gonçalves Soares
Secretário: Telmo Lopes Silva
Secretário: Afonso Silva Gonçalves
Secretário: Manuel Joaquim Dente Ferreira
Secretária: Paula Patrício Pereira

Conselho Fiscal:
Presidente: Luís Manuel Rodrigues Costa
Vice-Presidente: Vítor Manuel Gonçalves Soares
Relator: Júlio Manuel Antunes Pissarra
Relator: Vanessa Terras da Fonte Pereira
Relator: Jorge Valente Tavares Cavaleiro

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Vila Mendo On Tour

Castelo  de Palmela- Sábado (uma pequena parte do grupo)

 

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Vila Mendo On Tour

Almoço em Palmela, restaurante Estrela do Mar- Sábado. 

 

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Vila Mendo On Tour

Convento da Arrábida (uma parte do grupo- Domingo)

 

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Ocaso(s)

(Vila Mendo On Tour 2023- Viana do Castelo)
Vila Mendo.
o ocaso parece
perseguir-
Te.
pertinazes
resistimos agora e
sempre, 
até que os vigores
esmoreçam.
até ao fim 
ao fim.
que Fim
o nosso?
Queremos
Te

 

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

o Escritor: um RoubaDor

(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 26 de Setembro)

Se há invento portentoso na jornada da humanidade é o da escrita. Transformar o som da linguagem em símbolos perceptíveis e significantes, transpor o pensamento em registos observáveis e verificáveis é de um assombro sublime, que imprime a marca primeira (?) da excepcionalidade (?) humana. A realidade e o sonho, o anseio e o devaneio, a paixão e a desilusão, os quereres e os fazeres, o Eu e o Nós inscritos; no tempo que há-de vir. É a escrita a dar origem ao escritor, que lhe dá início a ela…
De facto, o escritor escreve e descreve e reescreve o mundo. E nesse processo de contínua transfiguração que é a escrita, reescreve-se a ele próprio e às suas aspirações (existenciais, também e sobretudo). Escreve para si; às vezes de si; quase nunca para o outro. É o outro que na busca de si o encontra a ele- escritor. E todo um mundo novo se abre a quem o lê, a quem o reflecte e assim inflecte a trajectória da (sua) existência.
O escritor, ao (tentar) criar primeiramente para si mesmo, é um egoísta portanto. Que se quer admirar a ele próprio como único e diferenciado. Mas nesse egoísmo, paulatinamente, também se pode encontrar uma centelha, um espanto de generosidade quando quem o decifra e reflexiona abre caminhos de transformação- individuais primeiro, colectivos depois: um egoísmo-útil.
O escritor ao querer ter uma unidade de pensamento, uma unidade da sua acção, entra em profunda contradição: quer dar ao mundo tudo o que o mundo não tem, mas que ele também nunca lhe poderá dar. E é nesta luta de contrários e contrariedades que está a linha quase que imperscrutável do génio e da genialidade.
Quem escreve é um roubador. Rouba as palavras, as frases e as ideias: entremeia-as coloca-as noutros pontos de vista, confere-lhe uma estética e uma poética, por vezes e se houver arte engenho, mas não cria nada de verdadeiramente novo. Está tudo criado, e ainda assim, tudo por recriar (o que em última instância já pode constituir criação)!..
Realmente são poucos (até na história toda da nossa Caminhada Comum) aqueles a quem podemos chamar com propriedade de Escritores. Aqueles que conseguiram ser corpo e alma e alento para se originarem mudanças verdadeiramente transformativas nas diversas sociedades e no próprio mundo. Aqueles que com os seus Dizeres operaram Fazeres- efectivos e afectivos, produtivos. Nem todos os que escrevem são escritores, e nem todos os que se dizem tal escrevem (muito menos inscrevem).
No fundo, somos quase todos escrevedores, com talentos díspares, é certo, mas se bem que tentemos (e muitos tentam-no a vida toda) provavelmente nunca alcançaremos aquele lampejo de brilhantez com que deixaríamos uma marca, uma presença na Vida (dos outros).
Ainda assim, vamos escrevendo- muito ou pouco, bem ou nem tanto, mais profunda ou menos profundamente- esperando não que multidões nos leiam, mas que alguns nos reflictam.
Quem escreve é um Roubador: rouba a dor-de-si e entrega-a, sem beneplácito, a quem o lê. Egoísmo-útil?!.

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Gentes da freguesia- Coisas da Vida

Faleceu o Artur de Vila Fernando aos 62 anos. Podíamos considerá-lo uma daquelas figuras típicas das terras. Vinha amiúde a Vila Mendo, a trabalhar ou, simplesmente, a dar uma volta na sua bicicleta...
O funeral é hoje em Vila Fernando, pelas 15h30.
Sentidos pêsames à família.

 

terça-feira, 1 de outubro de 2024

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

pássaros, Nós?

os pássaros. ao alvorecer
soerguem-se 
nas alturas 
e
rumurosos
recusam-
nos
soberbos de
Vida, 
desamarrada.
Oh! ânsia
disso e
de tudo isso e
daquilo,
Daquilo. 
pássaros, Nós?


 

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

o Futebol, Estética e Poética(?)

(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 12 de Setembro)

Vivemos num mundo animado. Moderno, dizem; mas não muito diferente dos tempos ditos antigos. Pese embora toda a evolução, nomeadamente tecnológica, o Homem é profundamente dramático, simbólico e mitológico, precisa (como a boca de pão) de espectáculo, fantasia e sonho e paixão e… Ontem. Hoje. Sempre (?). O Homem é profundamente contraditório, define-se na contradição permanente e pungente.
E o que é o futebol senão tudo isso mesmo? É tudo isto, aquilo e muito mais. Aprisiona-nos e liberta-nos, limita-nos e transcende-nos, desorienta-nos e objectiva-nos…
De facto, o futebol- na sua natureza eminentemente dinâmica, interactiva e comunicativa- possui toda uma estética, que além da beleza intrínseca do jogo, poderíamos denominar de estética relacional: uma outra beleza (quase uma certeza) de comunhão com o outro que prefigura um tempo e um espaço de união fraterna (eternamente utópica). Um tempo e um espaço que aumenta e diminui, se contrai e expande numa percepção de percepções- impercepcionáveis por vezes. Uma experiência geradora das maiores emoções e celebrações, das piores frustrações e ruminações: tudo num jogo de 90 minutos. Uma relação quase poética, ligada e interligada, entre Sujeito (os actores do jogo) e Objecto (o próprio jogo), fruto ele próprio das várias relações estabelecidas entre os sujeitos que lhe dão forma e cor e alma.
O futebol permite uma igualdade, uma colaboração (quase que perene) entre a equipa e os espectadores numa relação colaborativa, simétrica e até mimética. Existe uma convergência na(s) finalidade(s) dos objectivos e nas nuances para se alcançarem, e que ancoram todo um conjunto de valores comuns que constituem, ou pelo menos produzem ideias de um património (vivo), até de uma identidade que nos define e imprime uma (certa) presença no mundo. Permite que- desde as pessoas com os afazeres mais importantes até às mais simples, dos sabidos aos desentendidos, dos novos aos velhos e de um sem número de categorizações- todos estejam numa base igualitária durante aquela hora e meia.
Todavia também é claro que o futebol não se afirma só pela beleza. Também é fealdade, mesmo horror: no tom usurpador e até castrador, na violência que mina a sua essência, na corrupção (o dinheiro que à volta gira e gira assim o “impõe”), no engano e desengano, nas visões sectárias e improducentes, na discriminação e omissão, na irracionalidade… uma e outra e outra vez presentes.
O futebol é tudo isso. Mas, talvez e sobretudo seja uma experiência de contradição (total?) que nos deixa de consciência às avessas, de mal connosco próprios e com o mundo, neste mundo tão igual ao resto do mundo todo; e ainda assim embrenhados e empenhados em construir, ou pelo menos contribuir, para o melhor dos dois mundos!
Futebol, estética e poética…

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

terça-feira, 17 de setembro de 2024

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Gentes de Cá

(em primeiro plano)
João; Andrea; Chico; Adelaide

 

terça-feira, 10 de setembro de 2024

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Jogos

(Jogo de Prego)
Rui; Vanessa; Amândio; Afonso; Jorge

 

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Sugestão de Leitura

Duas excelentes revistas que vale a pena serem lidas.



 

sábado, 31 de agosto de 2024

Momentos

As crianças: Mariana; Maria Rita; Sara; Pedro; Enzo
Atrás: Tó Terras; Élio; Nuno Pires

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Gentes de Cá

(Festa)
Costa; Sandra; Cristina; Acácio 

 

sábado, 24 de agosto de 2024

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

terça-feira, 20 de agosto de 2024

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Portugal e a Guarda e os doutores

(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 1 de Agosto)

Uma das características (incaracterísticas) de ser do nosso país é a deferência com que uns muitos tratam uns poucos, que são cada vez mais… A forma (em jeito, mas só em jeito, tantas vezes) de respeito para com o Outro- algo profundamente valorativo e garante de um viver em comunidade superlativo- torna-se, não raro, num exercício de fingimento e até ressabiamento, ou num lastimoso e pesaroso acto de assunção de uma inferioridade pretensa.
Falamos da maneira como a palavra “doutor” serve para estabelecer proximidades, intimidades e afinidades, que mais não são do que diferenças e distâncias e estatutos no relacionamento e no tratamento mais ou menos formal, mais ou menos informal: se alguns há que o fazem por verdadeiro respeito (e por tal nada a referir, embora pudesse ser alvo de análise), outros há que o fazem simplesmente (sem que seja nada simples) por querer agradar ao tal doutor e assim obter qualquer vantagem, nem que só a simpatia da conversa de circunstância, que serve também para demonstrar aos presentes e ouvintes que se tem conhecimentos e contactos de monta com pessoas renomadas, logo influentes (seja aqui a influência o que for).
Portanto num audível “o doutor isto, o doutor aquilo” estabelecem-se logo quatro (?!.) “camadas estatutárias”: em primeiro, o próprio do doutor- o mais reverente e nem sempre deferente; em segundo, o que o intitula- que por chegar à fala com vários que tais, se considera quase como um deles e disso faz tenção e menção de o demonstrar de bem viva voz; em terceiro, os que não conhecem o doutor- o que tanto desejariam, e se contentam por conhecer aquele que o conhece (é que nunca se sabe quando dele se pode precisar); em quarto, aqueles que não fazem caso- destes acasos costumeiros e desanimadores e por tal são, muitas vezes, vistos de soslaio e desaprovados pelos outros todos, quais seres estranhos e esquisitos.
É claro que na “classe dos doutores” também há particularidades: uns fazem questão de deixar bem vincado que tal epíteto não consta do seu nome, repetem-no uma e outra vez e ficam até incomodados; outros já se deixaram vencer pelo cansaço e desistiram de corrigir os interlocutores que não ligam meia a tal apelo (um doutor é um doutor, mesmo que o próprio não queira!); em terceiro (e teme-se que sejam consideravelmente bastantes) aqueles que fazem questão e gosto de serem assim nomeados e tratados, com altivez até. Em quarto os que “não sendo” doutores querem ser assim tratados… admirável mundo… velho.
Neste tratamento relacional (às vezes sem relação nenhuma, ou pelo menos, substancial) também se utilizam o engenheiro, o professor, o arquitecto, etc., etc. e o efeito é o mesmo, embora doutor… seja sempre doutor. E mesmo aqueles que não atendem a estas cortesias vazias, de quando em vez, já se lhes ouvem tais palavras- tal é a “pressão comunicativa”!
Singularidades quase que portuguesas. Na Guarda são-no ainda de forma mais visível, ou pelo menos, parece. Conseguimos ser afirmativamente capazes em tanto; mas também conseguimos desembaraçadamente aprimorar inconsequências e aspectos medíocres, maldizentes, malfazentes… Haverá mesmo uma identidade do Ser guardense, mais própria, mais recôndita, mais imperscrutável… da do Ser português?
“Boas férias, doutor”. (ups!).