Forno Comunitário
sábado, 28 de abril de 2012
quinta-feira, 26 de abril de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
Homenagem a José Lopes Pereira- 2008
(Fotografia de Júlio Pissarra)
Alguns dos familiares de José Lopes Pereira, em 2008, na homenagem prestada na Festa, promovida pelos mordomos de então.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Homenagem a José Lopes Pereira, caído na Guerra Colonial
Uma vez que se aproxima o 25 de Abril, símbolo da liberdade, nada mais justo do que homenagear alguém da nossa terra que deu a sua vida na guerra colonial. Foram vários aqueles que participaram na guerra, mas só o José Lopes Pereira não viu mais a pátria nem Vila Mendo. Era filho do Sr. Zé "Casona", falecido há pouco já quase com 100 anos, e irmão do Sr. Armindo, também já falecido, e do do Sr. Raúl, ainda em forma. Foram alguns milhares aqueles que morreram nessa guerra de 13 anos e um deles era da nossa terra. A ele a nossa homenagem, porque de certa forma, também contribuiu para que hoje sejamos uma sociedade mais livre e democrática (ainda que às vezes não pareça!.. mas isso, é outra história!..).
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Vozes da Terra- Júlio Pissarra
No dia 11 de Outubro de 1969, pelas 16:58 horas, no Hospital Sousa Martins da Guarda, nasceu um bebé, a quem os seus pais, José Marques Pissarra e Maria do Céu Pires Antunes Pissarra decidiram chamar Júlio Manuel Antunes Pissarra. Depois de o meu primeiro ano de vida ter decorrido em Vila Mendo, passei a habitar o Bairro do Bonfim-Guarda. Entre jogos de futebol, “escondidas” e corridas com carrinhos miniatura e de rolamentos, decorreu a minha infância e parte da adolescência. Em virtude de eu acompanhar uma tia professora do ensino básico, a minha escola primária esteve repartida pelas Vendas da Vela, João Antão, Marmeleiro e Adão. Com o ensino secundário frequentado e finalizado na Escola Preparatória de Santa Clara-Guarda e no Liceu Afonso de Albuquerque-Guarda, transitei para a Universidade Fernando Pessoa-Porto, onde conclui uma Licenciatura em Gestão. Mais recentemente realizei, na Covilhã, uma Pós-Graduação em Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho. Neste momento estou Divorciado e tenho uma filha que se chama Joana. Profissionalmente reparto a minha actividade entre a Consultoria Imobiliária e a Docência na Escola Profissional Serra da Estrela-Seia. Ao longo destes anos, os tempos de ócio foram repartidos, principalmente, pela ligação ao futebol e ao associativismo (sou Sócio fundador da A.C.R. de Vila Mendo), não esquecendo o convívio com os amigos.
Uma Memória- Destacar uma Memória de tantos e tão bons anos passados em Vila Mendo é tarefa praticamente improvável! No entanto vou referir as Férias de Verão, que ainda hoje recordo com enorme Saudade. Enquanto decorreu a minha adolescência e juventude, o mês de Agosto foi sinónimo de Férias na nossa Terra. Por essa altura, Vila Mendo, enchia-se de gente muito por culpa dos emigrantes que nessa altura regressavam para matar saudades das suas origens. Recordo, com nostalgia, alguns rituais diários: tomar banho na Ribeira ou nos tanques da quinta do Dr. Crespo; o “ir com as vacas” para os lameiros; o assistir a toda a azáfama das Malhas do Centeio, efectuadas pela saudosa “São Mamede” do Sr. Ismael; o convívio entre a Malta jovem que, à noite, se reunia no Largo da Amoreira; alguns serões passados, com o amigo Vitinho, a ouvir música na carrinha do Sr. Dionaldo; o fumar, às escondidas, os proibidos cigarros; o surgir dos primeiros namoricos! Chegado o fim-de-semana, eu, o Quim Soares, o Paulo, o Quim “do Sr. Virgílio” e o Gilberto, lá íamos nós, a pé, para os bailes das Festas da Freguesia, de onde só regressávamos praticamente ao romper da manhã. Grandes Festas! Principalmente a da Sardinha Assada que, ano após ano, reunia milhares de pessoas para petiscarem uma sardinha, dançar ao som de bons Grupos Musicais e assistir a Memoráveis Concertos como o dos UHF é disso exemplo. Com o passar dos anos o meu principal companheiro de férias passou a ser o meu amigo Paulo. Onde houvesse uma festa, baile ou convívio, nós dizíamos Presente! Referência obrigatória desses tempos era a Discoteca “Night & Day” localizada no Alto de Pêga. Depois de um árduo dia e semana de trabalho toda a Malta se preparava para momentos de relaxamento no referido espaço de diversão. Antes de possuir a Carta de Condução, regra geral, o meu primo Zé Gonçalves fazia o favor de me dar boleia. Da Guarda, Covilhã, aldeias nossas vizinhas e toda a zona da Raia, nas noites da semana e Matinés de Domingo, todos os caminhos confluíam em fantásticas sessões ao som dos Modern Talking, Wham!, Bruce Springsteen, Madonna, Bryan Adams, Toto, etc., etc., etc.. Quem quisesse ver e ser visto tinha por obrigação de frequentar a Discoteca de Pêga! A “febre” era tanta que determinada segunda-feira à noite, depois do primo Zé, por razões que não interessa agora analisar, se ter recusado a cumprir a “peregrinação” previamente acordada, eu e o meu amigo Victor Soares realizamos a viagem, para a discoteca, numa desgastada, velha, mas honrada mota V5. Para não perdermos tempo nem os capacetes procurámos! Depois de muito convívio, belas Festas e animados Bailes, no dia 26 ou 27, as Férias de Verão terminavam. E, invariavelmente, concluíam com uma cena bonita e ternurenta. Enquanto, eu, descia as escadas a fim de me deslocar para o carro e iniciar a viagem de regresso à Guarda, os meus avós e a minha Madrinha Marques, todos com a lágrima ao canto do olho, acenavam como forma de despedida e pediam para que os voltasse a visitar o mais rapidamente possível.
Um Momento- Vários, muitos, diversos! Mas selecciono o Natal como sendo “o” Momento. Comemorar, na aldeia, esta grandiosa data era um dos pontos altos do ano. Aí, o Natal tinha outro esplendor e autenticidade! Tudo, no dia de Consoada, começava em casa dos meus pais com o preparar da Mala e de algumas iguarias que eram fundamentais para essa importante efeméride. Chegado a Vila Mendo deliciava-me com um belo e simples pequeno-almoço, constituído por Café Preto e uma Torrada de Pão Centeio feita “ao lume”. As restantes horas da manhã eram preenchidas, na companhia do meu pai, do meu avô Pissarra, do meu tio Victor e do “Ti” Zé Pôpo, com visitas aos animais bovinos e caprinos. Sem nos apercebermos a hora de almoçar chegava. Esta refeição, geralmente de carne guisada, era saboreada na companhia do meu referido avô, da minha avó Purificação, dos meus pais, da minha tia Alcina, do meu tio Victor, da Madrinha Maria Marques e do “Ti” Zé Pôpo. A tarde era repartida pelo convívio com os amigos e a “ida à Lenha” para a Fogueira, que, normalmente, apenas acontecia com o cair da noite. Com tractores, força de braços e com todos “à voz de um” (normalmente a do Vitinho), lá conseguíamos reunir madeira para acender a maior, melhor e mais imponente Fogueira de Natal da região. Com o soar das vinte badaladas, o momento solene chegava! Era, então, hora de Consoar. Sentados à mesa e ao calor de uma bela Fogueira ceávamos o bacalhau, as couves e as batatas cozidas como sempre, mas, que, nesse dia, sabiam como nunca! Seguia-se uma visita à casa dos avós maternos, onde também estavam presentes tios e os primos, que sempre me acompanhavam à Fogueira. O que restava da noite era consumido em tertúlia e no degustar de algum petisco que acabava sempre por aparecer. Certa noite, a malta que rodeava o Madeiro, decidiu “comer alguma coisa”. O enchido, o pão e o vinho rapidamente apareceram, mas para complemento do repasto o meu primo Zé decidiu que deveríamos assar um coelho bravo!!! Com o Victor Soares ao volante de um tractor, o Zé com a Caçadeira em punho e eu como servente, lá fomos à caça! Depois de 7 ou 8 tiros falhados e de alguns trilhos e vales palmilhados, regressámos, cabisbaixos, sem a ansiada peça de caça. Quando chegámos à Fogueira já o resto do petisco estava consumido. Tivemos que nos contentar com algumas sobras que os nossos amigos, “generosamente”, reservaram…! As primeiras horas do dia 25 eram preenchidas com a Missa de Natal e um fabuloso almoço confeccionado, principalmente, pela minha avó Purificação, por minha mãe e pela tia Alcina. Como não poderia deixar de ser, a tarde era ocupada por uma Matiné na Discoteca de Pêga. Comido o lanche e feitas as despedidas, o fim do dia chegava e isso significava o início da contagem decrescente para o próximo Natal!
Um Lugar- “Jú, nunca deixes ao abandono esta casa!” Esta frase foi proferida pelo meu avô Pissarra na última vez que ele esteve no seu Lar de Vila Mendo. A Casa dos meus avós sempre foi o lugar, a referência, o ponto de partida para as minhas estâncias em Vila Mendo. Era a partir desse local que tudo tinha o seu início. Sempre me serviu como porto de abrigo, aí passei belas férias e inesquecíveis noites de Natal e degustei simples mas saborosas refeições servidas numa mesa, estrategicamente, colocada na varanda virada para a Eira. Desde que os meus avós faleceram tenho sido eu a assumir a utilização e manutenção dessa habitação. Nela, tenho tido o prazer de saborear aquele que eu considero o Fim-de-Semana perfeito. Depois de uma retemperadora noite de sono parte da manhã, de Sábado, é passada no leito a sentir o forte vento e o relaxante som que a chuva provoca ao chocar com a vidraça da janela. Mas, como a uma pessoa que se ama, também a este lugar é necessário dar mimos e carinhos. É então o momento de limpar o pó, varrer o chão e perfumar loiças, azulejos e mosaicos. Acto seguinte, a Merenda, habitualmente consumida ao calor de uma bela fogueira e com uma lentidão de alguém que se regala! Pão centeio, deliciosos enchidos, humildes bifanas e bom queijo, com o complemento de um bom líquido de Baco, constituem um verdadeiro e autêntico manjar que, em Vila Mendo, nestas circunstâncias sabe a dobrar! Com o estômago reconfortado, ninguém me faz arredar pé! Refastelado, na poltrona, lendo o jornal do dia e a revista da semana, com os pés virados para o lume e os olhos a pedirem descanso, inicia-se, a tarde, com uma Sesta sem igual. Consolada a alma e descansado o corpo é altura de visitar os amigos. Com certeza a sede da nossa associação está repleta pela nossa malta e por amigos da Terra que gostam de nos presentear com a sua visita. Com uma “suecada”, um lanche confeccionado nas brasas e o espreitar de algum jogo de futebol assim se passa o serão. Findo este, nada melhor do que regressar ao amado lar, que me espera para mais uma noite de revigorante sono. Com o arrumar da “trouxa” e o trancar de portas e janelas assim conclui o agradável e bucólico fim-de-semana passado no lugar que, desde a minha infância, considero o mais completo desta maravilhosa aldeia chamada Vila Mendo.
Uma Pessoa- Sem dúvida o meu avô António Pissarra. Falar do meu avô é falar pouco mas com conteúdo. Defeitos, alguns. Principalmente alguma teimosia e intransigência em determinadas situações. Mas acima de tudo era um homem de poucas mas acertadas palavras e de muitas e correctas atitudes. Por contingências da vida os pais dos meus pais não tinham relacionamento pessoal, no entanto, certo dia deflagrou um incêndio em casa dos meus avós maternos e sabem quem foi a primeira pessoa a subir para o telhado a descarregar baldes de água? O meu avô António Pissarra. Este episódio é revelador de um carácter sério, honesto, generoso e corajoso. Hoje, encho-me de orgulho quando pessoas de Vila Mendo e não só se referem ao meu avô como tendo sido das pessoas mais completas que a nossa aldeia conheceu. Dos trabalhos em madeira, à mecânica, da agricultura ao negócio de gado, da construção civil à criação de brinquedos para eu me divertir, de tudo um pouco ele realizava com engenho, sabedoria e arte. Com ele passei grandes e agradáveis momentos e a seu lado estive quando a doença o começou a consumir. Os dias da sua Morte e Funeral são por mim, até hoje, guardados como os mais tristes da minha vida. Mas no dia seguinte já com as emoções estabilizadas e o espírito mais aberto para aceitar e enfrentar a realidade cheguei à conclusão de que não deveria estar triste por ele ter partido, mas sim feliz por com ele, tantos e tão bons anos, ter convivido! Avô, onde quer que estejas, envio um Grande Abraço e um Maior Beijo!
Um Projecto- Quando se pensa as nossas aldeias, que como a nossa se localiza no interior profundo do nosso país, é fundamental potenciar os recursos naturais, culturais e humanos essenciais para evitar a crescente desertificação que se tem vindo a acentuar de há uma década para cá. Foi baseado nesses vectores que, enquanto membro do antigo executivo da Junta de Freguesia de Vila Fernando, iniciei um projecto para o desenvolvimento da nossa freguesia. Mas, democraticamente, os eleitores decidiram eleger uma outra equipa para o executivo local, o que impediu o seu desenvolvimento. Esse projecto passava pela divulgação e promoção do património humano, natural e edificado. Mas agora o que nos preocupa é a nossa amada Vila Mendo. Desde a fundação da A.C.R. de Vila Mendo que, eu via esta instituição como um motor para o desenvolvimento da nossa aldeia. Depois de convenientemente alicerçada a vertente recreativa e desportiva com o regular funcionamento do Bar da Sede, o enraizamento do Encontro Motard e a consolidação do Torneio de Futebol de 7, na minha opinião, a Associação deve dar um passo em frente no sentido de diversificar o seu contributo para a valorização da localidade onde está sedeada. A criação de uma Agenda Cultural para a promoção e divulgação da nossa Terra é essencial para que Vila Mendo não caia no esquecimento. Exposições, espectáculos musicais e teatrais e a divulgação das nossas tradições e património, são exemplos de produtos fundamentais para a dinamização da nossa aldeia.
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Memórias de Vila Mendo
sexta-feira, 13 de abril de 2012
terça-feira, 10 de abril de 2012
Entrevistas- Presidente da Junta de Vila Fernando
Faço um balanço francamente positivo, considerando que continua a haver muito por fazer.
Com que dificuldades te tens deparado ao longo deste tempo?
As dificuldades que a nossa Freguesia enfrenta são comuns às restantes em todo o País e por conseguinte grande parte das instituições públicas vêem-se amarradas a dificuldades de financiamento de modo a concretizar os objectivos a que se propõem. Estes obstáculos caracterizam-se pela redução em 15 % das transferências de verbas do Estado ao longo destes dois anos por parte do governo central, acrescendo a isso as dificuldades financeiras que a CMG apresenta caindo no incumprimento dos compromissos que assumiu para com a nossa Freguesia. Este último ponto refreia as nossas melhores expectativas, pois a CMG deveria ser o garante das Freguesias a nível social, económico e financeiro, uma vez que estas dependem em muito das CM, sendo a grande maioria das competências das Freguesias diminutas, tendo que as Câmaras assumir, ou dever assumir, determinadas competências que lhe são determinadas por lei.
Achas que estás a ir ao encontro das expectativas criadas pelos eleitores e população em geral?
Não posso de forma efectiva responder a essa pergunta. Só a população da nossa Freguesia pode analisar se as expectativas estão a ser cumpridas. No entanto, acrescento que sempre de forma muitas vezes altruísta, tento cumprir com dedicação o trabalho que me propus, para granjear tudo o que considero importante para a Freguesia de Vila Fernando.
Que projectos pensas desenvolver e implementar até ao fim do mandato?
São vários os projectos a desenvolver, no entanto como dizia atrás, o financiamento da Freguesia tem vindo a diminuir consideravelmente, o que torna difícil a execução de muitos deles. Não gostaria de descriminar nenhum mas espero até ao final do mandato concretizar determinados objectivos que me propus e ainda não executei.
Que projecto considerarias fundamental e exequível para um desenvolvimento sustentado na óptica da criação de emprego e fixação de pessoas?
Felizmente a nossa freguesia não é assombrada pelo flagelo do desemprego em grande escala. Há desemprego mas com um índice muito baixo de representatividade. Preocupa mas com tendência a diminuir ou mesmo desaparecer. Já a fixação de pessoas tem sido uma surpresa. Há inúmeras pessoas a contactarem a Freguesia para obter informações acerca das infra estruturas existentes e na disponibilidade de terrenos para construção de habitação. Há ainda um grande número de pessoas a fixarem-se sazonalmente que recuperam casas antigas, herdadas. Em 10 anos a nossa Freguesia perdeu apenas 80 residentes, segundo os censos de 2011, dos quais metade são óbitos.
O que achas da reorganização de freguesias? De que maneira irá afectar a nossa freguesia?
Era urgente discutir a reorganização das freguesias. Concordo parcialmente com esta reforma. Concordo no conteúdo mas não na forma. Era importante estar agora a discutir dois aspectos: competências financeiras e administrativas das Freguesias, que actualmente são diminuídas. No entanto não são estes dois aspectos que estão a ser discutidos. O que se discute é quem se agrega a quem. Mais: incluíram-se nesta reforma para discussão apenas critérios quantitativos (nº de residentes e distancia à sede de concelho) para a redução das Freguesias. Habilmente o governo não discutiu o mais importante: lei das finanças locais. Só o fará aquando da publicação da lei da reforma administrativa, vulgo agregação das Freguesias. Ora o que interessa uma Freguesia ter mais escala (ex: Albardo-Vila Fernando – Adão- Vila Garcia), 1500 habitantes numa só Freguesia se depois o envelope financeiro que acompanha essa agregação é no mesmo molde? Receio que a futura lei das finanças locais fique inalterada e aí a agregação das freguesias será um desastre.
Que projectos tens para Vila Mendo? Como está a questão do saneamento e abastecimento de água?
São vários. Como disse anteriormente espero concretizá-los até ao final do meu mandato. Relativamente ao saneamento e água, no ano de 2011 foi realizado o levantamento topográfico em toda a Freguesia, incluindo Vila Mendo, dos locais onde há falta de saneamento e água. Este levantamento é essencial para a realização da empreitada. Foi realizada uma candidatura a fundos Comunitários, pela Câmara, para financiamento deste tipo de obra: colocação de saneamento e água na Freguesia de Vila Fernando, incluindo Vila Mendo. O Financiamento está disponível até 2013. No ano de 2011 já se realizaram algumas obras, nomeadamente, Quinta de Baixo, Quinta do Meio e Quinta de Cima.
Como olhas para o Associativismo (e em particular para a ACR Vila Mendo) na freguesia e qual o seu papel?
A ACR de Vila Mendo é uma marca na Freguesia e no Concelho da Guarda que nos orgulha a todos. Isto porque ao longo destes anos tem tido um papel fulcral no desenvolvimento de Vila Mendo em termos recreativos, desportivos e no reconhecimento por inerência da Freguesia de Vila Fernando. Parabéns pelo Vosso Trabalho.
Está nos teus horizontes candidatar-te a um novo mandato?
Tenho de terminar primeiro este mandato, antes de pensar no próximo.
sexta-feira, 6 de abril de 2012
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Vozes da Terra- Pereira
Nasci na melhor aldeia de Portugal, Vila Mendo, em 01 de Julho de 1958. Frequentei lá a escola primária, para de seguida e, durante dois anos, caminhar diariamente para Vila Fernando frequentar a Telescola nos 1° e 2° anos (hoje 5° e 6°). Depois foi a cidade da Guarda que me acolheu, para frequentar o curso Geral de Administração e Comércio na actual Escola Secundaria da Sé. Seguiu-se o serviço militar em Lisboa (Marinha). Dois anos inesquecíveis. Logo de seguida, o ingresso na Guarda Fiscal, tendo, como era normal, andado com a mala às costas ( inclusive, trabalhei um ano no aeroporto da Madeira no serviço de passaportes e foi aí que joguei futebol federado pelo Caniçal). Em Vilar Formoso terminei o serviço na Guarda Fiscal por esta ter sido extinta em 1993, tendo então ingressado na GNR passando a prestar serviço na cidade da Guarda, ate à passagem de situação de reforma. Fiz parte (foi um privilégio) da Direcção da Associação Cultural e Recreativa de Vila Mendo, como Presidente desde a fundação até 2008, tendo sido também um dos fundadores. Em 2005 fui eleito Presidente da Junta, sendo que em 2008, por motivos pessoais, tive de interromper o mandato.
Uma Memória: Uma só! Havia uma cesta cheia para contar, mas aproveito para falar na época (anos 70) de glória da equipa de futebol de Vila Mendo (só com jogadores da terra) com as vitórias no Barracão, na Santa Ana da Azinha, Vila Garcia, Vila do Touro, Marmeleiro, Rochoso, Albardo e… em Vila Fernando, (em Vila Fernando o único golo do jogo foi apontado por mim!.. É obra, eu que poucos golos fazia !!) por onde passávamos arrasávamos !!! Para quem não sabe, já nessa altura tinhamos campo de futebol, feito por todos os jogadores; situava-se junto à quinta de St° André.
Um Momento: Tantos houve... como por exemplo o Encontro de Associacões em 2007, em Vila Mendo (em que participaram também jovens espanhóis), Torneios de sueca... mas tenho que destacar aqui um momento ainda bem presente na memória de muita gente e que foi o I Encontro Motard de Vila Mendo. Pelo convívio, pela amizade, pelo envolvimento e colaboração de todas as pessoas da aldeia; e então aquele espectáculo às 3 da manhã (tenda cheia) mais de 500 pessoas em Vila Mendo áquela hora e até ao cantar do galo !!!
Um Lugar: Sem sombra de dúvida, escolho o « Largo da Amoreira ». Era ali que as pessoas se juntavam, era ali que se brincava, se jogava à bola, ali se faziam bailes... e que bailes, como por exemplo com os ranchos (sabem a que ranchos me refiro?!.)... Depois de um dia de muito trabalho ainda tinham força e vontade de dar um pé de dança! Era lá que se erguia todos os anos um enorme (o maior que se encontrava) pinheiro revestido de rosmaninho; esse lugar serviu muitas vezes de hotel (dormia-se e comia-se ali) nas memoráveis noites de Natal junto à fogueira. Mesmo a chover ou a nevar nessas noites ninguém (os mais jovens) arredava pé, enquanto não chegasse a luz do dia. Ai que saudades... dessas noites, desses convivios !!!!
Uma Pessoa: Uma pessoa! E porquê só uma?!. (espero noutra oportunidade poder falar de outras pessoas da terra, mas hoje e tendo esta oportunidade, tenho de falar da senhora Maria, que infelizmente ja não está entre nós. Era uma mulher generosa, bondosa, amiga de toda a gente, trabalhadora. Não houve em Vila Mendo igual, e de nove soube cuidar. Gostava de ajudar quem quer que fosse, especialmente os pobres(pedintes); não houve pobre algum que saísse de sua casa, sem que levasse alguma coisa. Dizia ela: "nem que seja pouco, mas dá-se sempre alguma coisa"; e há uma frase que me ficou na memória: um belo dia alguém lhe dizia: "tambem dá esmola aos ciganos?! Resposta da senhora Maria: "os ciganos também são pessoas!" Nos anos setenta, mais concretamente em 1976, aquando da presença dos militares em Vila Mendo (mais de um mês), a casa da senhora Maria, mais que parecia um quartel, com os militares a entrar e sair. Assim que precisavam de alguma coisa, iam bater-lhe à porta. Sei também que houve militares que lhe pediram para que lhes vendesse leite diariamente para o pequeno almoço e assim combinaram. No dia da partida lá foram os tais militares a fazer contas com a senhora Maria! Aqui a resposta dela foi: "Deus me livre eu levar-lhes dinheiro, os militares não o ganham!" Bem, não foi só por este gesto, mas por tantos outros que os militares na hora da despedida, alguns mais emocionados e a chorar, disseram um muito obrigado e adeus à senhora Maria. Dizia a senhora Maria (ouvi eu) "gosto mais de Vila Mendo do que da minha terra." Tal mãe, tal filho! A senhora Maria, era a senhora Maria do sr. Manuel João, a senhora Maria de Cairrão, Maria Castanheira e simplesmente MARIA PEREIRA de seu nome, por isso deixou em Vila Mendo o « Pereira » que se orgulha muito de ser seu filho. Obrigado senhora Maria, obrigado!
Um Projecto: Dar continuidade aos eventos que anualmente a Associação realiza, já é um grande projecto que gostaria que não terminasse. Depois penso também que o recinto do complexo desportivo devia ser mais aproveitado e utilizado, se estivesse dotado de uns balneários (ainda que pequenos), pois outras modalidades desportivas se podiam ali realizar. Outro projecto, era criar no recinto (largo da escola), as condições mínimas para a realização de alguns eventos que ali se realizam, nomeadamente as festas de verão e o Encontro Motard, pois um espaço coberto é de extrema importância e cada vez mais necessário (poderia até ser uma estrutura desmontável), sendo que aqui, como o espaço é público, a Junta de Freguesia deve ser ela a criar as condições necessárias para que isso seja possível.
Quanto a projectos para Vila Fernando, não me cabe a mim, neste momento opinar (ainda que reconheça que alguns são tão necessários como urgentes), contudo estou, como sempre estive, disponível para colaborar em tudo o que contribua para o melhoramento da minha Freguesia.
Podem continuar a contar sempre comigo!
Antonio Pereira Gomes
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