quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Neve na Guarda

Nevou com alguma intensidade, pela manhã, na Guarda e logo vários serviços encerraram, nomeadamente as escolas. Fim da manhã e circula-se normalmente. Continuo sem perceber esta peculiariedade da nossa cidade que quase pára quando neva, mesmo que pouco... Que seria das cidades e dos países nórdicos...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Vozes da Terra- Zé Domingos

Feiras em Vila Mendo...
Este dilema surge quando se analisa o facto do grande Alexandre Herculano (que se saiba não se deslocou a Vila Mendo e a sua afirmação baseia-se em leitura de documentos manuscritos) mencionar a nossa terra como um importante entreposto comercial nos primórdios da nacionalidade portuguesa, e se analisa os espaços físico-geográfico de Vila Mendo.
Tendo em conta o empirismo, a geografia e algumas leituras de opiniões de recentes historiadores, leva-me a opinar que o Herculano terá confundido o nosso Vila Mendo com a vila de Castelo Mendo.
Depois de visitar, mais de uma vez, a antiga vila de Castelo Mendo, vi (para mágoa de um vilamendense) não só nas suas condições físico-geológicas, como também o casario da povoação testemunha a sua antiga grandeza, demonstrando que ali estão reunidas as condições logísticas tão necessárias à organização e à segurança das ditas feiras francas.
A “nossa” feira foi criada por Carta de Foral (doada à vila de Castelo Mendo), passada pelo rei Sancho II quando estava em Vila do Touro, a 15 de Março de 1229, com indicação de que será realizada por oito dias, três vezes por ano: na Páscoa, no São João e no São Miguel. Privilegiava todos os que a ela concorressem, tanto nacionais como estrangeiros, teriam segurança contra qualquer responsabilidade civil ou criminal que pesasse sobre eles.
Hoje para os estudiosos, não restam dúvidas de que o Grande Herculano terá confundido a pequena e pobre aldeia camponesa de Vila Mendo do concelho da Guarda, com a vila enobrecida de Castelo Mendo, do concelho de Almeida.
A minha discordância com o dito historiador é baseada nos seguintes aspetos:
A favor da realização das feiras francas em Vila Mendo:
a) O enorme baldio de que hoje resta a “Balça”. É um vale pouco acentuado que começa no Espinhal e termina no rio Noéme que se foi emparcelando. As duas últimas parcelas do seu desmembramento foram, na década de cinquenta, vendidas para angariar dinheiro para a construção da nossa escola.
b) As muitas nascentes que se podem encontrar no vale permitiriam matar a sede aos animais e aos feirantes. Os principais negócios das feiras, na altura, não passavam de trocas de produtos agrícolas e de animais (sobretudo ovinos e caprinos) e de algum artesanato.
c) A localização geoestratégica de Vila Mendo, ponto de encontro de muitos caminhos que seguem de sul e de sudoeste para a cidade de Guarda e de oeste para o Jarmelo, Trancoso (praças muito importantes de antanho. A via que vem de sul e que segue o serpenteado da margem direita do rio Noéme. O caminho que vem do Sabugal- Marmeleiro- Monte Carreto. O caminho vem do Adão e que segue em direção a Jarmelo,Trancoso...
d) A tradição oral que nos foi chegando. Neste aspeto, que me recorde, só após um trabalho de investigação realizado em 1978 pelo meu tio padre António, aquando da sua licenciatura em História, se começou, em Vila Mendo, a dar voz ao assunto.
Aspetos que põem em causa ser Vila Mendo um entreposto comercial.
a) A planta da própria povoação (desculpem-me pelos nomes topológicos que vou utilizar… mas não sei as novas denominações dadas às nossas ruas). Se tivermos em conta que:
. As casas da rua da Capela, a seguir à rua do Zé Velho, não terão mais de 120 anos. As casas dos “cristinas” e dos “cortes” são bem recentes. A casa da senhora Augusta ainda é mais recente. Penso que a nossa capela, durante muito tempo, esteve isolada do casario.
. Na rua de Baixo, a casa dos “marques”, abaixo da casa do Sr. Joaquim Pereira, terá a mesma idade.
. O mesmo acontece para a rua do “Pessigo”, a última casa era, até há bem pouco tempo, a do Sr. Armindo, antiga casa dos “dias”.
. Já me lembro de ver construir a casa que agora é do Sr. José Bragança (antiga casa do Sr. Acácio).
Pelo que, para a antiga povoação e tendo por centro a Moreira, o perímetro exterior do casario passaria num raio aproximado de 50 metros pelo Beco do Forno, “Pessigo”, Beco da casa do António Bragança, rua do Zé Velho, estendendo-se pela rua de Baixo até à casa do Sr. Manuel André, passando depois pela casa do meu pai (Joaquim Domingos), pela casa dos meus tios que estão no Alentejo e fechando-se o círculo do casario na casa da “ti Ana Corte” onde se une ao Beco do Forno. Este seria o perímetro no início do século XX.
(Se pensarmos que a nossa terra terá sido uma pequena quinta, “vila”, romana, pelo que terá pelo menos uns 1800 anos) logo, o espaço urbano pouco se desenvolveu. Penso mesmo que a primitiva aldeia foi constituída por pequenos aglomerados de casas que aos pouco se foram ligando. Esta hipótese parece-me razoável, uma vez que, ainda hoje, podemos, empiricamente, constituir alguns conjuntos de casas, tendo por base as portadas, no alçado frontal existem e estão viradas para o interior do casario, no alçado posterior, (parte de trás das casas), janelas inexistentes ou pequenas frestas. Uma forma de evitar assaltos pela retaguarda.
Não vislumbro, na nossa terra, estruturas para colmatar as necessidades logísticas de eventos que duravam mais de 24 dias por feira. Saliento, entre outras necessidades, espaços cobertos/fortificados para guarida dos organizadores/responsáveis pela feira, fiscais/cobradores de impostos, lugar para aprisionar os criminosos da feira (pelourinho)… e porque não, locais para as práticas religiosas “obrigatórias” nessa altura. A nossa capela, mesmo com o aumento da década de setenta, não daria resposta às necessidades de tantos feirantes.
Podemos alvitrar que se armavam tendas como nos acampamentos militares, mas se nos lembrarmos que eram três feiras por ano, bem calendarizadas no tempo e que se mantiveram por mais de cinquenta anos… a solução das tendas fica desmontada.
b) Não há qualquer vestígio de pedra artisticamente trabalhada nem de casas senhoriais. Se percorrermos as nossas velhas ruas não vemos vestígios de pedra embelezada que a identifiquem como pertencente a construções senhoriais. As portadas da casa da família do Sr. Manuel Domingos, situada no cruzamento das ruas do Zé Velho com a Rua da Capela, não passam de uma habilidade de um pedreiro e nada mais.
A hipótese das casas solarengas terem sido desmanchadas para, com as suas pedras, se construírem, na cidade da Guarda, novas habitações, não é descabida. Este tipo de pedra artisticamente trabalhada também não se encontra nas aldeias mais próximas, situadas a sul da cidade da Guarda. No entanto, encontram-se facilmente pedras trabalhadas nas aldeias localizadas a norte e a leste da cidade.
Será matéria para se pensar…
A primitiva casa vilamendense era térrea, muito baixa, com minúscula ou mesmo inexistente chaminé, casa com pouca luz natural (porta da rua, janelas inexistente ou uma/duas no alçado frontal). No seu interior, uma sala (recebia a luz natural da porta da rua), com ligação para a cozinha com uma pequena fresta (quando havia) e para dois ou três cubículos escuros para as enxergas cheios de palha de centeio. Tinha um pequeno curral, um cabanal, um pátio para o porco e uma corte para os animais. Ainda se encontram exemplares no Beco do António Bragança, a antiga casa do Sr. Zé Monteiro e Zé Pereira, no Beco do Forno.
c) Não há vestígios de fontenários nem de nascentes, dentro do perímetro da aldeia, capazes de garantirem água para matar a sede às centenas de visitantes. O chafariz e a fonte ao fundo da aldeia, não seriam suficientes, nem teriam depósito para garantir o abastecimento contínuo de água. Se me recordo, o chafariz é recente, pois ouvi o Sr. José Bragança, “velho”, falar da sua construção e da canalização das águas em tubagem cerâmica. Pelo que, no interior da planta do antigo casario, não há vestígios de nascentes e nem haveria lugar para as represas. E, sendo assim, só teremos a fonte, junto à casa de meus pais, para abastecer toda a aldeia. Possivelmente, haveria algumas picotas em volta das casas, como o testemunham os poços nos quintais dos “cortes” “gregórios” “tia augusta”, no “chão da fonte”...
d) O próprio local para a feira não apresenta condições físico-naturais ideais para estadas tão prolongadas. É um espaço aberto. Não há abrigos naturais capazes de defenderem os feirantes e os animais das intempéries e muito menos de assaltantes (apesar de estarem protegidos pela Lei real). Lembro que as feiras se realizavam na Páscoa, (no frio de março/abril), S. João (fins de junho) e pelo S. Miguel (29 de setembro).
A povoação de Vila Mendo não passaria, pois, de uma pequena e pobre aldeia que abrigava pobres camponeses e pastores com habitações a condizer.
Isto não significa que não tenhamos orgulho nos nossos antepassados. Nós somos filhos/herdeiros de homens que resistiram, pela sua capacidade de labuta, às intempéries, às fomes, às pestes e às guerras. Que foram capaz de rasgar a terra com a sua força bruta, para tirar o alimento. Plantaram árvores, de que os centenários castanheiros são ainda testemunhos vivos. Construíram paredes, rebentaram barrocos usando apenas simples picos e pequenos ferros. À força do braço, arroteando terrenos incultos, tornando-os em campos férteis. Não há conhecimento de crimes violentos, antes pelo contrário, os exemplos que chegaram aos nossos dias mostraram-nos que cultivaram a comunhão de esforços, a cooperação e a interajuda.
Não será, pois, o engano do grande historiador que nos irá tirar o prestígio angariado ao longo dos 2000 anos de existência. A força e o dinamismo da associação são prova disso mesmo. Mas... como pessoas de bem, devemos dar o seu ao seu dono...
                                                                                    Zé Domingos

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Exposição fotográfica

Está a decorrer no café "Oh da Guarda" (em frente aos correios) uma exposição de fotografia, sobre a Guarda, da autoria de Júlio Pissarra. Visite-a.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

estórias da Terra- Manuel da Silva Gonçalves

"O diabo que tocava o sino"
Era tradição no sábado de aleluia tocar-se o sino depois da meia-noite, mais propriamente no domingo de páscoa, até de madrugada ou até que os moradores mais próximos da capela  esgotassem  a paciência e nos solicitassem para pararmos pois precisavam de descansar. Esta é uma manifestação de regozijo para os crentes na ressurreição de Jesus Cristo e é tradição em toda a região beirã.
 Numa dessas noites, depois de termos jogado uma partida de futebol no largo da escola ao luar, pois energia elétrica ainda não havia, resolvemos ir tocar o sino ao Monte Carreto.
Claro que esta ousadia não passava de uma provocaçãozita para com os habitantes daquela aldeia vizinha!
Mas a coisa tinha de ser bem engendrada…
Devíamos ser para uns quinze malandros. Alguém arranjou uns metros de cordel de atar os fardos do feno e pelas duas ou três da manhã aí vamos nós a pé pelos trilhos e caminhos rurais. Quando nos aproximámos da capela da aldeia vizinha, vimos que havia meia dúzia de jovens locais à volta de uma pequena fogueira. Sem que nos tenham visto, escondemo-nos num terreno próximo e, pacientemente, esperámos que o grupo dispersasse e recolhesse às suas residências. Assim aconteceu. Quando se afastaram o suficiente para não darem pela nossa presença, passámos à ação. Acompanhado por dois ou três companheiros subimos a escadaria exterior que nos levava até ao sino e atámos o cordel ao badalo. Depois foi só desenrolar o cordel até passar o muro do quintal mais próximo onde tinha ficado o resto da equipa escondida no meio do centeio. Antes de regressarmos ao grupo, um de nós deu uma valente “carreirinha” do género “tocar a rebate” e depois, de forma mais espaçada e com adequada cadência, o sino tilintava o dlim-dlão cada vez que o cordel era puxado.
Aconteceu aquilo que prevíramos…
Os jovens residentes que momentos antes tinham estado à volta da fogueira começaram a regressar à capela, assim como outros residentes, para tentar perceber o que se estava a passar.
Dizia uma das raparigas:  “ Isto é o diabo! Então o sino toca sozinho, é o diabo!”
Imaginam o gozo que esta cena nos deu.
Quando os pasmados moradores se aproximaram o suficiente, nós, os diabretes, largámos o cordel e fugimos para não sermos reconhecidos.
                                                                              Manuel da Silva Gonçalves

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Neve em Vila Mendo

Boneco construido pelo Fábio, pelo Ricardo e pelo Telmo
(Fotografia do Fábio)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Momentos

Alfredo Gonçalves; Luís Pereira; Manuel Joaquim; Carlos Soares

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Momentos

Momentos... regados!.
Fotografia de Júlio Pissarra