segunda-feira, 29 de abril de 2019

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVII- Casamentos


Graça Maria Garcia Soares Calçada Sousa

continuação

l Noivas
E as noivas? As noivas pertenciam, maioritariamente, à freguesia de Vila Fernando: das 776, apenas 44 eram “de fora”. Estas nasceram, sobretudo, no concelho da Guarda, mais precisamente nas freguesias de Casal Cinza, Pega, Panoias, Benespera, Marmeleiro, Sé, Rochoso, S. Pedro do Jarmelo, Castanheira, Pousade, Carvalhal Meão, Santa Ana… Nos registos aparecem ainda casos pontuais de nubentes com origem noutros concelhos: Sabugal, Belmonte, Coimbra.
No caso da freguesia de Vila Fernando, Adão, Albardo, Pousafoles “ó” Roto, Vila Fernando e Vila Mendo foram os lugares com maior número de noivas. Há duas referências à Quinta de Baixo.

Lugares
Datas
Total
1601 – 1625
 1626 – 1650
1651 – 1675
1676 – 1700
Adão
14
23
35
55
127
Albardo
11
30
37
54
132
Monte Carreto
3
7
12
22
44
Pousafoles “ó” Roto
7
11
13
31
62
Quinta de Cima
6
7
11
21
45
Quinta de João Dias
-
5
11
13
29
Quinta do Meio
6
8
17
17
48
Vila Fernando
13
29
40
49
131
Vila Mendo
4
10
18
26
58


l Noivos e noivas
No séc. XVII, casaram-se, na Igreja de Vila Fernando, pessoas com mais de cinquenta apelidos diferentes1. Mas, apesar da diversidade, há três nomes que se destacam: Gonçalves – 340 (eles–190; elas–150), Fernandes – 183 (eles–57; elas–126) e João – 224 (eles–85; elas–139).

             1Afonso, Almeida, Álvares, André, Antunes, Azevedo, Cabral, Carvalho, Costa, Cunha, Dias, Domingues, Duarte, Esteves, Fernandes, Ferreira, Fonseca, Francisco, Gil, Gomes, Gonçalves, João, Jorge, Lopes, Lourenço, Luís, Marcos, Marques, Martins, Mateus, Matias, Mendes, Miguel, Monteiro, Nunes, Paulo, Penha, Pereira, Pinheiro, Pires, Ramalho, Rebelo Moita, Rodrigues, Sacadura de Figueiredo, Saraiva, Silva, Simão, Simões, Teixeira, Vaz, Veiga, Vicente

Antunes (61), Pires (54), Miguel (52), Francisco (47), Afonso (40), Jorge (36), Lourenço (33), Dias (26), Vicente (23), Marques (21) são outros apelidos que vemos também surgir com alguma regularidade.

Como a mortalidade era elevada e a esperança de vida curta, não nos surpreende que houvesse muitos viúvos e viúvas à procura de segundos e, por vezes, terceiros e quartos casamentos. Nos últimos 25 anos do século, por exemplo, em 311 casamentos, 93 dos noivos eram viúvos e 33 das noivas eram viúvas.

 l Curiosidades
Em 1657, um dos noivos, Marco Fernandes, foi identificado pelo Vigário como “o milhor carniceiro destes tempos”.
Num assento de 1658, o Vigário explicou que os pais da noiva eram de um “lugar queimado pello inimigo e ella moradora no lugar do Adão desde minina nesta freguesia”.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVII- Casamentos

Graça Maria Garcia Soares Calçada Sousa, nasceu na Guarda em 1963. As suas origens provêm de Vila Fernando, Quinta do Meio e Monte Carreto. Na infância, e sobretudo nas férias e fins de semana, Vila Fernando acolheu as suas brincadeiras (inesquecíveis) com primos e vizinhos. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas na Universidade de Coimbra e é Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Católica. É professora do 3º Ciclo e Secundário.
Recolheu as informações abaixo publicadas quando, há uns anos, decidiu investigar e construir a árvore genealógica da sua família, quer do lado paterno, quer do lado materno, recorrendo à consulta de livros, documentos e microfilmes no Registo Civil da Guarda e no Arquivo Distrital da Guarda. 
Por uma questão editorial, se assim se pode afirmar, decidimos publicar hoje uma parte desta 2ª parte. Domingo, a outra parte.

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVII  (1601 – 1700)

Parte 2 – Casamentos
 Ao longo do séc. XVII, foram registados, nos livros de assentos paroquiais da freguesia de Vila Fernando, 776 casamentos, o que equivale a uma média de cerca de oito matrimónios por ano.

Datas
Nº de
casamentos
1601 – 1625
79
1626 – 1650
168
1651 – 1675
218
1676 – 1700
311

l Cerimónia
Geralmente, os casamentos ocorriam na “Igreja de Nª Sra da Conceição do lugar de Vila Fernando”. Houve, no entanto, situações muito pontuais em que, mediante uma “licença especial do Reverendo Provisor”, os noivos tiveram autorização para realizar o matrimónio na ermida de S. Bartolomeu do lugar do Adão, na ermida do Espírito Santo do lugar de Albardo e na ermida de Sta Maria Madalena de Pousafoles “ó” Roto.

Quem assistia a todas estas cerimónias? No início do século, o padre limitava-se, com frequência, a indicar apenas os nomes dos noivos e a sua origem. Mais tarde, os registos incluíam também os nomes de alguns dos presentes e referências vagas aos restantes: “doze ou treze pessoas”, “algũas vinte testemunhas”, “algũas corenta pessoas”, “alguma gente”, “mta gente”, “parte do povo”, “mais de cem pessoas”, “todo o povo junto”. Depois, em textos mais elaborados, surgiram padrinhos, madrinhas e testemunhas. As testemunhas, que eram normalmente duas e sempre do sexo masculino, costumavam assinar os registos.

Embora os casamentos apareçam distribuídos por todos os meses do ano, a verdade é que os noivos e as noivas pareciam preferir os meses de fevereiro (105), janeiro (101) e maio (93), logo seguidos de junho (65), novembro (65) e outubro (64). Os meses menos procurados foram, sem dúvida, agosto (42), dezembro (39) e março (38).
Normalmente, não há indicações sobre o dia da semana ou as horas em que ocorreram as cerimónias, contudo, por vezes, o Vigário pormenorizava o registo, deixando perceber que este ou aquele casamento tinha sido num “Domingo” ou num “Domingo da trindade ao offertorio da missa conventual” ou “no fim da missa” ou “hũ dia de fazer” ou a “oras de véspera” …

Muitos padres passaram por Vila Fernando ou viveram na freguesia mas a Igreja esteve entregue, sobretudo, a três vigários: Manuel Gouveia, Francisco Carvalho e António Tenreiro. Quando chegaram à freguesia, estes três vigários assinaram os primeiros registos de casamento nos anos de 1614, 1646 e 1674, respetivamente. Foram eles que realizaram a maior parte das cerimónias e redigiram a maioria dos assentos. 

l Noivos
Dos 776 noivos, 356 (quase metade) não eram da freguesia de Vila Fernando, mas sim de quintas e lugares situados, sobretudo, nos concelhos da Guarda e do Sabugal e, em menor número, nos concelhos limítrofes – Almeida, Pinhel, Belmonte, Celorico e Gouveia.
Relativamente ao concelho da Guarda, os noivos chegaram de diversas freguesias: Carvalhal Meão, Casal Cinza, Rochoso, Pousade, Vila Garcia, Marmeleiro, Santa Ana, Pega, João Antão, Arrifana, Monte Margarida, Porcas, Sé, Jarmelo, Gonçalo Bocas, Panoias, Ramela, Benespera… Quanto ao Sabugal, são referidos noivos de Pousafoles do Bispo, Penalobo, Vale das Éguas, Aldeia da Ribeira, Cerdeira, Nave, Vila do Touro, Vila Boa, Vilar Maior, Bendada, Sortelha… (Algumas quintas e alguns lugares, com o decorrer do tempo, podem ter mudado de freguesia.)

Os noivos oriundos da freguesia de Vila Fernando pertenciam, sobretudo, aos lugares de Adão, Albardo, Quinta de Cima, Vila Fernando e Vila Mendo. As quintas de Afonso Fernandes, de João Lopes, de Vale dos Carros e outras apresentam valores reduzidos e parecem ter sido locais muito pequenos, podendo alguns, eventualmente, ter desaparecido. A Quinta de Baixo não é referida.

Lugares
Datas
Total
1601 – 1625
 1626 – 1650
1651 – 1675
1676 – 1700
Adão
10
11
23
28
72
Albardo
5
12
16
23
56
Monte Carreto
1
4
5
9
19
Pousafoles “ó” Roto
3
2
7
14
26
Quinta de Cima
4
7
6
13
30
Quinta de João Dias
-
2
8
13
23
Quinta do Meio
4
3
5
13
25
Vila Fernando
5
18
25
24
72
Vila Mendo
4
11
14
18
47
Continua...

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Investigação

Amanhã, publicamos a continuação do excelente trabalho de Graça Calçada Sousa: A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVII- Casamentos- 2' parte.

terça-feira, 23 de abril de 2019

Coisas da Vida

Faleceu o Sr. Álvaro da Fonseca Conde aos 91 anos. Era avô do nosso amigo e conterrâneo Telmo Conde. A ele e aos também nossos amigos Joaquim Conde (filho) e Arlete Conde (nora), os nossos pêsames.
O funeral é quarta-feira às 16h30 na Aldeia de Santa Madalena (Roto), de onde era natural.