sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Maternidade: o Fim da Guarda; o Fim de Portugal

espécie de ensaio- no seguimento da reflexão: “Que eu-outro queremos, que Portugal-outro aspiramos?” publicada no dia 1 de Julho de 2022. No quase seguimento de: "Racionalidade: que mundo-outro queremos, que mundo-outro teremos?- a guerra na Ucrânia" publicada nos dias 9 de Maio e 1 de Abril de 2022; também no quase seguimento de: “Vida e(m) pandemia” publicada aqui nos dias 25 de Junho, 2 de Abril e 5 de Fevereiro de 2021. E na quase continuação do "Pessoas: Político(s) e política(s)- o fim dos partidos?”, publicado aqui no dia 30 de Dezembro de 2021.

Maternidade: o Fim da Guarda; o Fim de Portugal
O mundo está numa encruzilhada: tantos sãos os caminhos, desafios e desvarios; amplificados por uma comunicação social/redes sociais que sobrevalorizam uns acontecimentos e remetem ao esquecimento outros mais.
Portugal nunca saiu da encruzilhada. Estamos constantemente perdidos na exaltação do passado (idealizante) e no futuro glorioso (ilusório): no presente (real) depressivos, alienados. Queremos e não queremos; gostamos e não gostamos; falamos e não falamos; desejamos e não desejamos; sonhamos e não sonhamos; estamos e não estamos; fazemos e não fazemos… Esta psique profunda e profusamente contraditória embrenha todo o nosso pensamento (caótico, tantas vezes) inibindo a acção verdadeiramente transformativa e valorativa da sociedade como um todo, tornando a nossa existência colectiva um tanto ou quanto incompreensiva, ou pelo menos incompreendida; como se o surgimento traumático da nacionalidade (Eduardo Lourenço) ecoasse no inconsciente das diversas gerações, até hoje, impedindo a realização plena de Portugal como país, como destino e fim da nossa própria presença (enquanto povo) no mundo.
Ainda não descobrimos a nossa vocação (provavelmente, nem verdadeiramente a nossa identidade de fundo- que é real): surgidos do conflito e de impulsos, lutámos a sobrevivência como pudemos; cansados de nós mesmos e de existirmos por oposição a Castela, ousámos descobrir outros (na esperança, talvez, de nos descobrimos) e na ânsia de nos reinventar e espelhar num império eterno (como fim em si mesmo) acabámos a olhar um país efémero: em ideias e ideais futurantes, em pretensões e realizações estruturantes.
Resta pouco da nação que se fez (ou pelo menos tentou fazer) império. Resta pouco do império que criou (ou pelos menos contribuiu bastante) uma civilização global (transnacional). Resta pouco (se é que foram muitos) dos intrépidos que deram novos mundos ao mundo, que quiseram (será que quiseram?) um império de orientação civilizacional e não de dominação. Restamos nós- agora- sabendo que… não sabemos bem onde estamos ou, pelo menos, onde nos posicionar no mundo: se na europa (onde somos periféricos), se na Península Ibérica (onde somos pequenos), se no mar (donde desistimos ou forçados a desistir), se sozinhos (onde, tantas e tantas vezes, nos encontramos), numa solidão colectiva.
Os caminhos são vários, mas não nos decidimos: protelamos e, por tal, somos uma nação eternamente adiada à espera do milagre salvífico cujo fim ainda não descortinámos, cuja finalidade no mundo nos atormenta desde o primeiro momento de rebeldia que foi a independência… Se sabemos (ou julgamos saber) o porquê da nossa existência, há a pergunta que nos transcende: existimos para quê, com que finalidade?
Tal questão (a uma escala diferente) é válida para a nossa amada Guarda.
Se Portugal se “entrecruzilha”, a Guarda tanto ou mais. Temos perdido importância e liderança ao longo do tempo para as cidades vizinhas. Continuamente esvaída de gente (capaz), temos sobrevivido (também) à custa das aldeias, elas próprias a definhar. A capitalidade é pouco mais que simbólica, tanto mais que por este andar, não haverá região: as cidades serão vilas, as vilas aldeias e as aldeias… nada, ou pouco.
As comparações são sempre complexas de balizar, mas é comumente aceite que as cidades mais cercanas têm evoluído em alguma população e certa atractividade. Se importam as causas profundas, os interesses e desinteresses associados para tal, é sobretudo premente, agora, e tendo consciência plena donde estamos (ou donde não estamos) pensar, traçar e implementar um plano estratégico para a Guarda a longo prazo: como queremos estar daqui a 20/30 anos? Que áreas são estruturantes? Plano que saia da alçada partidária, mas que com ela comungue, numa lógica de que seja executado independentemente de quem comande os destinos e os desígnios governativos municipais. Chamem-se pessoas dos mais diversos quadrantes (competentes e pensantes), “suguem-lhes” as ideias, faça-se a síntese e implemente-se o Plano-de-acção, livre das palas e das amarras dos partidos políticos e desprovido de preconceitos ideológicos. As ideias, as boas ideias bastam por si próprias, se bem delineadas e melhor materializadas, na óptica do melhor para a urbe.
Se o sítio (situação) onde estamos, não foi o escolhido por nós, o sítio para onde queremos ir, pode ser… e depende em muito daqueles que foram escolhidos para estarem à frente dos nossos destinos enquanto comunidade. São eles que têm de pedir, desafiar, motivar, ouvir, decidir e concretizar (dentro do bom-senso e das circunstâncias dos momentos) o tal plano estratégico.
Não importa tanto assacar constantemente a culpa por estarmos onde estamos, mas sim imperioso perceber como estamos e definir para onde vamos. Para isso, aos políticos pede-se que sejam resolutos, mas ponderados; pragmáticos, mas reflexivos; confiantes, mas humildes para que na simplicidade (e tantas vezes, na adversidade) o bem-comum seja a causa primeira e a finalidade última de qualquer e toda acção na Pólis.
Contudo estes pressupostos esbarram (quase sempre) numa questão democrática: as eleições! Paradoxalmente, as eleições (livres) - esteio e pedra angular da democracia- podem ser (e são tantas vezes) obstáculo a que haja um planeamento de fundo, abrangente e durável. Seja local ou nacionalmente, na ânsia de se querer ser eleito ou reeleito (mandatos mais longos e únicos, poderiam ser a solução) pensa-se a imediatez na voracidade do(s) momento(s) para se ganhar a qualquer custo: o objectivo último deixa de ser planear o território e as comunidades para ser eleito pelo respectivo partido. Não espanta portanto que a acção governativa se paute pela visibilidade constante na comunicação e redes sociais, numa urgência de presente que de visão estratégica pensada, estruturada e fundamentada só (quase) a de propaganda. Nesta perspectiva, o múnus político deve ser actuante, mas desmediatizado; presente, mas discreto; conhecido, mas não imposto, sob pena de o excesso de presença gerar indiferença.
Sem grandes considerandos teleológicos e simplificando (muito), o Fim da Guarda (e de Portugal) não pode ser outro do que possibilitar às (suas) gentes um Espaço-tempo de dignidade, bem-estar, de enraizamento, de busca incessante pela felicidade (pessoal e colectiva)… numa continuidade ad aeternum…
Particularizando, na Guarda, este fim esbarra numa série de circunstâncias e condicionalismos que concorrem para o seu esvaziamento e que tornam Portugal cada vez mais descompensado territorialmente (unitariamente?). A denominada coesão territorial é cada vez mais uma expressão sem expressividade; isto tanto mais, quando se ouve falar de um estudo que propõe o encerramento da nossa maternidade! Tal estudo devia ser imediatamente público e não ter acontecido o que aconteceu, com informações avulsas e contraditórias. Revelando-se a sua existência, teria de ser escrutinado publicamente; não o fazer, demonstra falta de respeito pelas pessoas, pretensa superioridade intelectual, ou incompetência, ou tudo junto: a não ser que lançar esta notícia tenha tido o intuito de aferir acções, reacções e uma espécie de habituação à decisão e ao propósito político, para que quando for efectivamente anunciado a sua aplicabilidade, as gentes já estejam resignadas ao facto consumado. Proceder assim é algo de que tantos políticos enfermam: a esperteza saloia, o provincianismo último… é a nossa desgraça por sermos assim (des)governados.
Se tal decisão política ocorrer (o fecho da maternidade) que critérios e, desses, quais os que mais contaram? Mas nem devíamos discutir tal: a tão propalada coesão territorial pressupõe que muitos dos critérios (supõe-se) nem os devesse ter em conta. O fecho de serviços, em que área for, na nossa região faz com que haja mais e mais assimetrias nacionais com a consequente perda de condições e qualidade de vida (para todos).
O Interior precisa de um Trato-preferente: é discutível? É. Será ético? Será! Poder-se-ão esgrimir argumentos racionais e lógicos (que os há também), mas fechar a maternidade é, do ponto de vista simbólico (e como o ser humano o é), fechar a Guarda! Fechar a Guarda ao presente, fechar a Guarda ao futuro que se constrói… no presente. É fechar-nos ao nosso próprio passado e à Memória...
Se tal acontecer, podemos ir todos para Lisboa viver, ou emigrar, ou sermos anexados por Espanha, ou tornar-nos independentes!.. Exageros à parte, importa não cairmos numa certa domesticação, numa certa dominação de pensamento que nos possa habituar à ideia da inevitabilidade de tal medida, como ao longo do tempo tem e está a acontecer em várias áreas. É curioso que na dialéctica (cada vez mais sem sentido) Esquerda/Direita- e cada vez mais canibalizada pelas tribos partidárias (extremistas, mas não só) - seja a esquerda (de novo) a ruminar o fecho da maternidade!
Nascer (o local de nascimento) é a primeira marca identitária de cada indivíduo (muito mais como portugueses); donde nos enraizamos e brotamos numa universalidade (às vezes errante, às vezes errática) que nos confere uma Presença- na comunidade e no país, primeiro e depois no mundo- de que (não raramente) nem nos apercebemos, talvez porque não nos percebemos…
Não podemos permitir que nos roubem o nosso nascimento!
“Marchemos” todos sobre Lisboa, se necessário- e se até “o anjo é da Guarda”, que nos guarde desta ignomínia!

E ainda assim, umas espevitações:
Poderá a Guarda operar (a partir de si) um Portugal-outro?
Poderia a Guarda enunciar a centelha de uma Ibéria futura? 
Poderia a Guarda originar um território-tempo, liberto, da presença-impresente de Lisboa?

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Espécie de ensaio

 Amanhã, 30 de dezembro, uma espécie de ensaio- "Maternidade: o Fim da Guarda; o Fim de Portugal"

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Nota

A Graça Sousa pede para publicar a seguinte nota:

"Agradeço as palavras de apreço e incentivo a todos aqueles que me têm feito chegar sugestões e comentários relativos aos meus textos sobre a freguesia de Vila Fernando. Essas palavras têm-me encorajado a tentar descobrir e a contar mais pormenores desconhecidos da vida dos nossos antepassados.
Obrigada. Até breve."
Graça Sousa

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Retalhos da Vida

Ensimesmado nos seus afazeres- António Júlio- nem dá conta do andante que o regista. Tudo parecia quedar-se naquele amanhecer silencioso e baço... até que o estrépito das motosserras- ali para os lados do "Possigo"- flagela o pensamento e o rumor de quietude com que dia ameaça despontar...
 Retalhos da Vida... em Vila Mendo.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

As invasões francesas e a freguesia de Vila Fernando- 3ª parte

Graça Sousa- professora

Na freguesia de Vila Fernando, sabemos que, pelo menos, cerca de 20 pessoas morreram às mãos dos franceses.
O Pe José Soares, natural de Vila Fernando, redigiu os assentos de óbito, substituindo o Pe Agostinho Pereira da Silva, vigário da freguesia, que, talvez doente, ferido ou ausente, teve um “impedimento” que o impossibilitou de escrever.
Nesses registos, como seria de esperar, tendo em conta a gravidade dos acontecimentos, nota-se alguma desorganização cronológica.
(Nesta altura, Albardo e Adão ainda faziam parte da freguesia de Vila Fernando.)

1810
10 setembro
Vila Mendo – António João, viúvo, “foi morto pelas tropas francesas em o limite de Ruivós, Bispado de Pinhel (…) e foi sepultado pelos habitantes de Ruivós fora do lugar sagrado pela razão do inimigo”.

13 setembro
Adão – José Joaquim, viúvo, “foi morto pelas tropas francesas (…) e por isso não foi sepultado em lugar sagrado”.

14 setembro
– Albardo – António Afonso, casado com Maria Miguel, “foi morto pelas tropas francesas” e sepultado na Capela do Espírito Santo de Albardo.

1811
18 março
Vila Mendo – Manuel Gonçalves do Ordonho, viúvo, com cerca de 57 anos, faleceu “de uma maligna (…) e foi sepultado na Capela do dito lugar por não se poder conduzir à Matriz em razão do inimigo francês”.
(Nota: O perigo era tanto que as pessoas nem sempre corriam o risco de levar os defuntos até à Igreja de Vila Fernando onde, habitualmente, eram sepultados.)

20 ou 21 março
Quinta do Meio – António Antunes, com cerca de 41 anos, casado com Maria João, “foi morto pelos franceses” e sepultado no adro da Igreja de Vila Fernando.

20 ou 21 março
Quinta de Cima – Manuel João, solteiro, com cerca de 34 anos, “foi morto pelos franceses” e sepultado no adro da Igreja de Vila Fernando.

20 a 29 março
Vila Mendo – José Francisco, solteiro, com cerca de 47 anos, “foi morto pelos franceses por isso sem Sacramentos”. Foi sepultado na Capela de Vila Mendo “por não se poder conduzir à Igreja Matriz”.

28 março
Quinta do Meio – Catarina Fernandes, viúva, com cerca de 77 anos, “foi morta pelos franceses por isso sem Sacramentos”. Foi sepultada na Capela da Quinta do Meio “por não se poder conduzir para a Igreja Matriz”.

28 março
Vila Fernando – Manuel Gonçalves Marcos, solteiro, com cerca de 32 anos, “foi morto pelos franceses por isso sem Sacramentos”. Foi sepultado no adro da Igreja de Vila Fernando.

30 março
Vila Fernando – José António, solteiro, com cerca de 33 anos, “foi morto pelos franceses”. Foi sepultado no adro da Igreja de Vila Fernando.

20 a 27 março
Vale de Carros de Baixo – Agostinho Pires, com cerca de 52 anos, casado com Antónia Gonçalves, “foi morto pelos franceses por isso sem Sacramentos”. Foi sepultado “em um Chão junto à mesma Quinta de Vale de Carros”, segundo disseram ao Pe José Soares.

27 março
Vila Mendo – Maria Teresa, com cerca de 38 anos, casada com Manuel Cardoso, “faleceu sem Sacramentos por se não poderem administrar por causa do inimigo francês”. Foi sepultada na Capela de Vila Mendo “por se não poder conduzir à Igreja Matriz”.

26 a 30 março
Adão – Tomé Gonçalves, com cerca de 43 anos, casado com Isabel Francisca, “foi morto pelos franceses”. Foi sepultado junto a Rocamador, segundo constou ao Pe José Soares.

31 março
– Roto – João Francisco, viúvo, com cerca de 70 anos, “foi morto pelos franceses”.

31 março
Roto – José Lopes, com cerca de 46 anos, casado com Isabel da Costa, “foi morto pelos franceses”.

Últimos dias de março
Roto – João Lopes, com cerca de 44 anos, casado com Maria Fernandes, “foi morto pelos franceses”.

Últimos dias de março
Adão – José da Cunha, viúvo, com cerca de 70 anos, “tendo ficado em casa por causa de uma enfermidade nela foi morto pelos franceses”.

Últimos dias de março
Adão – Maria Joaquina, solteira, com cerca de 23 anos, filha de Teresa Proença, viúva, “tendo ficado de cama por causa de uma enfermidade nela foi morta pelos franceses”.

Últimos dias de março
Quinta do Meio – Manuel João, com cerca de 63 anos, casado com Maria Nunes, “foi morto pelos franceses”.

14 abril
Adão – Francisco, solteiro, com cerca de 19 anos, filho de Teresa Proença, viúva. Morreu “pelos maus tratos dos franceses”. Foi sepultado na Capela do Adão. (Este Francisco era irmão da Maria Joaquina acima referida.)

Convívio de Natal

Os mordomos da Festa de São Francisco, organizam um Convívio de Natal em Vila Fernando.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

As invasões francesas e a freguesia de Vila Fernando- 2ª parte

Graça Sousa- professora

2ª parte

Constam ainda desse “Mapa geral” algumas observações sobre acontecimentos dramáticos que nos deixam entrever a profunda violência a que foram sujeitos os nossos antepassados e que, nitidamente, se assemelham às imagens de guerras atuais que a televisão nos mostra diariamente. Essas observações ficam aqui transcritas.

“Além das pessoas de que se faz menção neste mapa, muitas outras têm morrido depois, por causa de pancadas, tiros e feridas com que foram maltratadas pelos franceses, fadigas, moléstias e privações de toda a espécie e continuam a morrer. Ignora-se mesmo a sorte de algumas, que foram obrigadas a ir com o inimigo.

Todas as do sexo feminino, ou a maior parte, que tiveram a infelicidade de lhes cair nas mãos, foram atroz e brutalmente insultadas, sem respeito da idade, ou condição, nem a moléstias; e muitas mortas por modos os mais bárbaros e estranhos, sem lhes valer terem fugido para as serras e sítios mais inacessíveis.

Os Templos foram horrorosamente profanados com ultrajes do Mistério mais Augusto da Religião, onde não pôde acautelar-se, com irrisão e destruição das Imagens quase todas, demolidos os Altares; queimados todos os móveis e mesmo o pavimento e forro; e muitos destelhados. Abriram muitas sepulturas pela suspeita de que ocultariam dinheiro ou outras preciosidades e de alguns fizeram lupanar.

Quase nada escapou pelos campos e serras por mais escondido que estivesse porque as gentes apanhadas eram afogadas com cordas e padeciam outros tratos, os mais desumanos, para que declarassem onde paravam as coisas escondidas. Depois eram mortas a tiro ou a ferro ou as deixavam enforcadas em árvores.

As terras pela maior parte ficaram incultas por falta de gados, de braços e de sementes. A maior parte dos habitantes vivem unicamente das ervas do campo.

Em muitas das relações não se faz especial menção do número de cabeças de gado roubado, ou das quantidades de géneros, dinheiro ou outras coisas, mas é certíssimo que em todas as freguesias invadidas se fizeram os mesmos roubos e desacatos de que há no mapa declaração.

Finalmente, todas as freguesias invadidas ficaram reduzidas à maior miséria que pode imaginar-se. É este o testemunho unânime de todos párocos.

Os Templos, e as casas, que não foram inteiramente queimadas ou demolidas, ficaram somente com as paredes e telhados, sem portas, sem janelas, nem trastes de qualidade alguma, com muito poucas excepções.

Não há exemplo de devastação tão bárbara e de mãos dadas com a mais decidida impiedade.”

(Nota: algumas palavras foram atualizadas.)

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

As invasões francesas e a freguesia de Vila Fernando

Graça Sousa- Professora

1ª parte
Em 1810, no início da 3ª invasão, o exército francês, comandado por Massena, entrou em Portugal, atravessando a fronteira da Beira Alta e apoderando-se, em 27 de julho, da praça de Almeida. Os militares franceses avançaram sobre Lisboa, mas, na impossibilidade de ultrapassarem as linhas defensivas de Torres Vedras, bateram em retirada e, depois de algumas batalhas, dirigiram-se novamente à fronteira.
A sua passagem foi acompanhada por níveis inauditos de violência: pilhagens de objetos de valor, roubo de víveres, ferimento e tortura de civis; incêndios e destruição total de casas, campos e sementeiras; violações; assassínios…
No dia 3 de abril de 1811, ocorreu um confronto no Sabugal, entre as tropas anglo-lusas e as francesas. Estas últimas seriam, em breve, empurradas, finalmente, para lá da fronteira.
Depois disso, foi pedido aos párocos que elaborassem “Relações”, registando os danos causados pelo invasor nas suas freguesias e, a partir desses documentos, foram criados “Mapas”, que se encontram guardados na Torre do Tombo, com o resumo das informações.


Mapa geral das mortes, incêndios, roubos, e mais danos feitos no Bispado da Guarda pelo Exercito Frances comandado pelo General Massena, e na sua retirada em 1811

Na região da Guarda, os prejuízos foram notórios e, por aquilo que percebemos, os registos ficaram aquém da realidade, pois nem todos os párocos responderam e, dos que o fizeram, alguns não discriminaram as perdas, limitando-se a referir, de forma genérica, nas suas “Relações”, “que os inimigos tinham levado ou destruído tudo, frutos, gados, roupas […] não deixando cousa alguma senão a fome, e a miséria que vai destruindo a população a passos largos”.
Segundo esse “Mapa geral”, no aro da Guarda, onde se incluía a freguesia de Vila Fernando, o “valor das ruínas nos Templos e Casas Religiosas; vasos sagrados roubados ou destruídos, dinheiros de Instituições Pias […] expressado nas Relações” ascendeu a 12.417$980 (reis) e o “valor dos roubos feitos aos particulares em dinheiro, víveres, roupas e mais trastes; danos pela ruína das casas e prédios rústicos com quantias expressadas nas Relações” atingiu 422.612$490 (reis). Os militares franceses, famintos, roubaram, na região, tudo o que os pudesse alimentar: 40.186 alqueires de “grão frumentáceo e legumes”, 1727 alqueires de castanha seca, 593 alqueires de castanha verde e batatas, 1978 almudes de vinho e vinagre, 315 almudes de azeite, 141 arrobas de carne de porco salgada, 115 “colmeas reputadas a 1000 rs cada hua”…
Entre a população, sucumbiram, pelo menos, 1127 pessoas: 505 de morte imediata e 622, posteriormente, devido a pancadas, tiros e outros tipos de violência.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Retalhos da Vida

Dantes vivente, o castanheiro ressequido mantém-se imponente, como que rememorando a impermanência da Vida. Daqui a pouco, irá soçobrar aos quereres dos homens, que remoem a melhor maneira de lhe pôr fim... à Presença. 
Abrasar-se-á e será... fogo-vital!
Retalhos da Vida... em Vila Mendo!

 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

EDAJ- Sabugal

Guilherme; Afonso; Rodrigo; Inês; Vanessa
A representação de  Vila Mendo no Encontro Distrital de Associações Juvenis no Sabugal, nos pretéritos dias 2/3/4 de Dezembro.


 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

A Ti, Amigo Tiago

(39 anos, hoje)

Ausência

Partiste de lampejo

Ficou dor, lamento

Foi-se arte e ensejo

Olhos baços, desalento.


Ah, memória maldita

Carregas a desdita

Turbação, saudade

Num clamor de eternidade.


Porquê? Para quê?

E palavras reprimidas

Soltam-se

Atropeladas, agressivas.


Bendita memória

No âmago ressoa

Virtude, oratória

Vida em Pessoa.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

EDAJ- Sabugal

No pretérito fim-de-semana, a ACR Vila Mendo participou com alguns elementos no Encontro Distrital de Associações Juvenis do distrito da Guarda realizado no Sabugal, nomeadamente com o Rodrigo Costa- Presidente da Associação e Vogal da direcção da FAJDG- que abordou, num dos painéis, as políticas de Juventude.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Coisas da Vida

O amigo Quim Tó partiu. Para onde?!. Porque é que as boas pessoas se somem... antes do tempo?
Obrigado por seres meu amigo.
Abraço, forte.