quarta-feira, 30 de junho de 2021

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Vida e(m) pandemia

Vida e(m) pandemia

espécie de ensaio- 3ª parte dos textos publicados nos dias 5 de fevereiro e 2 de Abril

Esse salto de mentalidade (que denominei de modernidade-operante) pressupõe uma confiança no Eu, nas suas virtudes e potencialidades; uma confiança que nos permita arriscar para criar, sentir para agir derrotando o medo que paralisa a acção e inibe a transformação enquanto comunidade, enquanto sociedade.
Resquícios, provavelmente, do Estado Novo (e indo mais atrás, da Inquisição) parece haver um medo quase que inconsciente, mas latente, bem enraizado na mente e memória profunda dos portugueses que nos inibe de sonhar… grande, de desejar… muito, de nos tornarmos maiores (individual e colectivamente) como que não suportando o “pecado” de ousar mais. Habituámo-nos a um certo estilo de vida confortável (por comparação com o pré 25 de Abril) e daqui não queremos sair. E ao fardo que é pensar (pensar em sonhar), junta-se o fardo de não sonhar (mesmo). Uma dupla mágoa que nos aprisiona, esmaga e nos impede de arriscar, de ir mais além; almejamos pouco, desejamos pouco, fantasiamos pouco: contentamo-nos com pequenos prazeres, pequenas alegrias, pequenas coisas e tantas coisas que dá a ideia (aparente) de grandes acontecimentos realizados, de grandes façanhas concretizadas… A esta culpabilidade quase que “original” (como o pecado) não será completamente alheia a religião (Católica) que em muitas fases (que não esta, felizmente) nos inculcou o medo… de pensar, de questionar, de criar, de agir…
Enquanto povo, esta não-acção impede-nos de evoluir na modernidade (estamos e não estamos), permanentemente na cauda do progresso, com os mesmos problemas crónicos desde a revolução Liberal (que foi o cortar com o Antigo regime e o entrar na era moderna, se calhar sem entrarmos verdadeiramente…). Talvez por isto, olhamos para o que é nosso com desconfiança e adoramos tudo o que vem de fora. Elogiamos os outros (estrangeiros) e somos criticamente penalizadores com os nossos numa lógica de “bota abaixo” castrante e altamente penalizadora para a evolução do próprio país, numa perspectiva de subserviência que tolhe a tal ideia de modernidade-operante; queremos absorver tudo “dos de fora” e desprezamos os “de dentro”; o que nos leva a perceber que, além do queixume (de que falei na 2ªparte), a inveja é um problema que atravessa transversalmente toda a sociedade portuguesa e que mina por completo as tentativas de reformas progressistas e estruturantes que o país há tanto e desesperadamente precisa. E chega mesmo a destruir carreiras, projectos, pessoas: aquilo que o Outro faz nunca é suficientemente bom, porque isso também Eu fazia (mas não fiz) e melhor. O elogio é raro e quando acontece, por vezes, vem num tom que o desmascara… Incapazes de reconhecer o mérito no outro, tornamo-nos azedos, frustrados; não fazemos e inibimos (às vezes, num silêncio ensurdecedor) quem faz e cria de forma, tantas vezes, irreversível. Neste ciclo de inveja, mais observável ou mais sub-reptício, perdem-se oportunidades e caminhos de futuro.
Temos assim que o queixume e a inveja, a par de outros “atributos”, são o caldo de cultura da inoperância que perpassa em Portugal. E só com uma aposta forte, clara, objectiva, arrojada, pensada e estruturada na Educação, podemos começar a antever que estes dois constrangimentos (e outros) vão paulatinamente desaparecendo do Fazer dos Portugueses. Dar às crianças e jovens ferramentas e oportunidades para pensar, questionar, criticar (construtivamente), arriscar-criar, agir, valorizar-se a si e aos outros será uma das formas e meios para sermos um país de e com Futuro que nos permita não só viver, mas Existir com tal…

terça-feira, 22 de junho de 2021

Terra das 7 Vozes


No âmbito da residência artística do músico Ricardo Coelho (e da sua equipa) em Vila Fernando, foi apresentado no final da tarde da passada sexta-feira (18 de junho), no grande Auditório do Teatro Municipal da Guarda, o espetáculo “Terra das 7 vozes”. Trata-se de uma iniciativa no âmbito do programa Incentivarte, do Município da Guarda, que apoia novos projetos artísticos com criadores e coletivos artísticos locais.(Município- TMG)

O Clube dos Amigos da Freguesia de Vila Fernando, através do seu Grupo de Cantares 7Vozes e no âmbito acima mencionado, apresentou o projecto “Terra das 7 Vozes” numa alusão às 7 aldeias que constituem a freguesia (Vila Mendo, Vila Fernando, Quinta de Cima, Quinta de Baixo, Quinta de Meio, Monte Carreto e Aldeia de Santa Madalena). Ainda que pudesse fazer uma análise crítica pura e dura (construtiva) ao dito espectáculo (bastante bem conseguido, adianto já), nomeadamente à linha condutora, coerência estética, elementos cénicos ou até mesmo à selecção de algumas músicas do cancioneiro, entre outros pormenores que, na minha óptica e vale o que vale, deveriam ser aprimorados; não é isso que importa tanto: importa todo o processo, não tanto o resultado final. E se os processos não tivessem sido excelentes, não teríamos um bom espectáculo. De facto, questões cénicas, musicais, até dramatúrgicas à parte, aquilo que me impressionou mais foi (e face à pouca experiência de palco das pessoas) a alegria, a vivacidade, o prazer e a simplicidade com que nos brindaram. Sentia-se que estavam a desfrutar e isso passou claramente para o público e não há maior elogio a um artista do que quando consegue passar esse sentir aos espectadores: e as 7Vozes (grupo bastante heterogéneo) foram uns verdadeiros Artistas. Mérito, muito mérito também ao Grupo da residência artística que em menos de 3 semanas ouviu, viu, sentiu, adaptou, criou, e operacionalizou o “Terra das 7 Vozes”.
Atrevo-me a afirmar que o conjunto desta iniciativa selou um destino promissor e duradouro ao grupo de cantares e à própria associação que a suporta. Porquê? Porque este projecto artístico teve algo… (daquilo que tenho escrito aqui na espécie de ensaio: Vida e(m) pandemia…) algo de transformativo; algo que não se esgota na acção, no acontecimento em si; algo que terá um efeito gerador multiplicativo de vontades, de energias e sinergias… com reflexos profundos e profícuos na individualidade de cada qual e na própria comunidade.
Numa entrevista ao jornal a Guarda há ano e meio sensivelmente, afirmava que a Guarda Capital Europeia da Cultura só tinha a ganhar com o envolvimento efectivo das colectividades concelhias de modo a valorizar aquilo que de melhor temos: a ruralidade enquanto marca identitária- com memória, com verdade e projectada no amanhã. Cada vez mais, acho que é este o caminho para que, pelo menos, entre na “shortlist” que decidirá a cidade vencedora. Com este exemplo, verificou-se que a Guarda e as suas Associações têm tanto potencial… têm o saber, o saber-fazer e o saber-ser… é só acarinhá-las e dar-lhes meios…
Uma nota; para algumas pessoas da freguesia com algum tipo de responsabilidade em vários domínios: deveriam ter estado presentes… este espectáculo e respectivos frutos (deduzo eu) também foram e serão para vós…
Da ACR Vila Mendo espera-se que esteja disponível para cooperar com o Cube dos Amigos da Freguesia de Vila Fernando, sempre que possível.
Bem-hajam.

sexta-feira, 18 de junho de 2021

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Retalhos da Vida

Sara; Sr. Ismael; Santiago
Avô e netos caminham juntos. Entrelaçam assuntos no andamento próprio dos seus desvelos e deveres.
Interpelam, replicam; gracejam, saltitam; advertem e presenciam-se.
E... continuam, buscando a água no Chafariz abeirado.
Retalhos da Vida... em Vila Mendo!
 

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Campo

André; Santiago
De menino, se abraçam novas vivências, renovados conhecimentos causadores de enriquecimento pessoal e social... futuros Homens.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

terça-feira, 8 de junho de 2021

Prémio Literário Aquilo Teatro

"Percebendo a importância de criar espaços de divulgação da obra de artistas portugueses fora dos grandes centros culturais, promovendo o estabelecimento de estruturas no interior do país que promovam e apoiem a profissionalização de artistas e cativem para a criação cultural, dando ênfase aos guionistas contemporâneos que, numa abordagem atual da sociedade consigam trazer para o teatro temáticas e perspetivas capazes de mobilizar novos públicos, apostando em novas formas de comunicação através da dramaturgia, abrindo portas à criatividade, ao sentido crítico, à construção de um pensamento inclusivo e cosmopolita que encontre em cada expressão um caminho para a pluralidade ideológica capaz de construir uma sociedade mais justa e mais envolvida, o Aquilo Teatro, institui o Prémio Literário Aquilo Teatro, na modalidade de texto dramático (guião de teatro), destinado a incentivar a produção de obras originais de jovens dramaturgos, escritas em língua portuguesa, premiando uma obra inédita, que não tenha tido qualquer apresentação pública e que não tenha sido premiada ou apresentada em nenhum outro concurso cujo resultado esteja por divulgar."

O regulamento pode ser consultado AQUI

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Retalhos da Vida

Nevoenta a primavera. Desanimado o dia; mas não o desassombrado bezerro que, ao ver gente montada e alheia, sonda- altivo, desafiador e por entre uns quantos pinotes- a natureza de tal visitação. Consumada a cena (ronceiro e indolente), volve ao resguardo de quem lhe quer bem.
Retalhos da Vida... em Vila Mendo.