terça-feira, 24 de agosto de 2021

Exposição


Fotografias de Júlio Pissarra
Quadros de Adriana Almeida

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVIII

Graça Sousa- professora

Casamentos Parte 3

        l Os noivos


l De 1701 a 1800, encontramos noivos solteiros (820) e viúvos (261), assim como noivas solteiras (992) e viúvas (89). Após a morte dos respetivos cônjuges, geralmente, os viúvos e as viúvas não demoravam muito a casar de novo, tentando refazer a sua vida e/ou encontrar alguém que cuidasse deles (delas) e de filhos pequenos. No caso dos homens, há quem se tenha casado três e quatro vezes (42).

 

l Nos 1085 casamentos ocorridos no séc. XVIII, 678 dos noivos pertenciam à freguesia de Vila Fernando e 382 eram “de fora”. No caso das noivas, 1040 eram da freguesia e 40 vieram de outros lugares. De lado ficam alguns casos sobre os quais não há informação.

 

l Algumas quintas da freguesia tiveram um número muito reduzido de noivos e de noivas (Quinta da Nave Derradeira, Quinta das Pousadas, Quinta de João Lopes, Quinta de Vale Longo, Quinta dos Pombais, Monte Cimeiro); outras parecem ter desaparecido porque, ao longo destes cem anos, não lhe é feita qualquer referência (Quinta da Queimada ou Quinta de Afonso Fernandes, por exemplo). A designação de “Quinta de Baixo” não aparece em lado algum mas, em contrapartida, continua a surgir o nome da Quinta de João Dias.

Há ainda referências ao Adão “piqueno”(ex: 7-11-1791) e a Moinhos dos Barrocais (ex: 28-4-1748), ambos pertencentes à freguesia de Vila Frenando.

 

Freguesia de VF

Noivos

Noivas

Adão

143

219

Albardo

134

196

Monte Carreto

36

62

Pousafoles “ó” Roto

71

123

Quinta da Caravela

3

14

Quinta de Cima

42

71

Quinta de João Dias

26

50

Quinta de Vale dos Carros

11

12

Quinta do Meio

41

63

Vila Fernando

96

114

Vila Mendo

70

90

 

l Tal como no século anterior, os 382 noivos e as 40 noivas que não pertenciam à freguesia de Vila Fernando eram maioritariamente provenientes de quintas e lugares das freguesias próximas: Vila Garcia, Jarmelo, Rochoso, Casal de Cinza, Carvalhal Meão, Santa Ana da Serra da Azinha, Marmeleiro, Pega, Pousafoles do Bispo, Gonçalo Bocas, Castanheira, Arrifana, Benespera, Panoias, Bendada, Guarda… Alguns noivos e noivas eram de origem mais longínqua, pois vinham de locais abrangidos pelos bispados de Lamego, Viseu, Coimbra, Braga e Elvas.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

sábado, 14 de agosto de 2021

Mercado

Mercado de Vila Fernando.
(Vila Mendo em Vila Fernando)

 

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Panelas de ferro

com os Chichorros e mais um abundoso repasto...

 

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVIII

Graça Sousa- professora

Casamentos Parte 2

lCerimónia 

l Ao longo do séc. XVIII, foram registados 1085 casamentos nos livros paroquiais da freguesia de Vila Fernando, o que corresponde a uma média aproximada de 11 casamentos por ano. No entanto, houve alturas em que o número foi largamente excedido (1702 – 22; 1706 – 24; 1709 – 22; 1750 – 25; 1763 – 21) e outras em que os matrimónios quase desapareceram (1734 – 2; 1769 – 2; 1770 – 3; 1778 – 1).

 

l Se compararmos os valores do séc. XVII com os do séc. XVIII, percebemos que se manteve a tendência crescente de casamentos até 1725, altura em que houve uma pequena quebra.

Casamentos no séc. XVIII

1701-1725

326

1726-1750

266

1751-1775

221

1776-1800

272

Total

    1085

Casamentos no séc. XVII

1601-1625

79

1626-1650

168

1651-1675

218

1676-1700

311

Total

      776

 

 

 


 


l As cerimónias eram normalmente realizadas na Igreja Matriz de Vila Fernando mas houve exceções. Os noivos pediam uma autorização especial ao Bispo e conseguiam que os seus casamentos tivessem lugar nas Capelas de S. Bartolomeu do lugar do Adão (ex: 1766), do Divino Espírito Santo do lugar de Albardo (ex: 1779) ou de Santa Maria Madalena do lugar do Roto (ex: 1783). (Ex: “… em a Capela de Santa Maria Madalena do lugar do Roto desta mesma freguesia por licença do Sr. Bispo foram recebidos em face da Igreja…” – 23-9-1783)

 

l Um casamento era um momento preparado com antecedência e que obedecia a requisitos e regras. Nada era feito ao acaso e tanto o estado civil como o grau de parentesco dos noivos eram esmiuçados com todo o rigor. Se os laços de parentesco fossem próximos, era preciso pedir autorização e pagar bula. (Ex: “Foram dispensados pelo Exmo Senhor Núncio destes Reinos em terceiro e quarto grau de consanguinidade de que apresentaram Certidão de dispensa que fica no cartório desta Igreja para em todo tempo constar…” – 9-8-1773)

 

l Aparentemente, os noivos podiam contrair matrimónio quando fosse conveniente. Por exemplo, em junho de 1782, houve cerimónias nos dias 5, 12, 18 e 28, que corresponderam a quarta, quarta, terça e sexta, respetivamente, e, em junho de 1791, foram registados casamentos nos dias 10, 12, 13, 23 e 24, equivalentes a sexta, domingo, segunda, quinta e sexta. Por vezes, o Vigário acrescentava algumas informações sobre a data: “sendo Domingo do Santíssimo Nome de Jesus” (15-1-1758), “sendo em véspera do dia de Entrudo” (6-2-1758), “sendo dia de Nossa Senhora da Anunciação” (3-4-1758).

Durante este século, os meses mais escolhidos para a cerimónia do casamento foram fevereiro (180), maio (122) e janeiro (117) e os meses com menos procura, agosto (65), julho (59) e março (45).

 

l Percebemos que o Vigário pedia aos noivos algum tipo de pagamento pela cerimónia porque encontramos, diversas vezes, a informação “deve a galinha” (ex: 20-9-1763) rabiscada na margem dos assentos. Numa outra ocasião, num registo de casamento realizado, com licença do Sr. Bispo, na Capela do Divino Espírito do lugar de Albardo, o Vigário escreveu “e me pagaram o que me ajustei com eles pelo trabalho de la os ir receber” (2-10-1775). Nota: receber = casar

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVIII

Graça Maria Garcia Soares Calçada Sousa- professora

Casamentos – Parte 1 

l A freguesia (1701 – 1800)

l Quando, em 1758, o Vigário Policarpo da Cruz, respondeu ao inquérito sobre a sua paróquia, enviado pelo Secretário de Estado dos Negócios do Reino, escreveu que a freguesia de Vila Fernando era composta por “oito lugares e algumas quintas” e que apresentava 406 (408?) fogos, ou seja, 406 casas de família. Acrescentou que esse número era o somatório de 48 fogos de Vila Fernando, 23 do Monte Carreto, 29 da Quinta de Cima, 24 da Quinta do Meio, 74 de Albardo, 16 da Quinta de João Dias, 47 de Vila Mendo, 98 do Adão e 49 de Pousafoles o Roto. Disse também que, nesse ano, tinha a “ freguesia (…) pessoas de confissão e comunhão 1009 e de confissão somente 210…”.
      Nota:
- “pessoas de confissão e comunhão” – Habitualmente, pessoas com mais de 12 ou 14 anos.
- “pessoas de confis­são somente” – Todas as que tivessem entre 7 e 12/14 anos.)

l Através das informações escritas nessas Memórias Paroquiais, sabemos ainda que, nessa altura, além da Igreja Matriz em Vila Fernando, existiam também várias capelas espalhadas pela freguesia: a Capela de S. Bartolomeu no lugar do Adão, a Capela do Divino Espírito Santo no lugar de Albardo, a Capela (também denominada Ermida) de Santa Maria Madalena no lugar do Roto, a Capela de Santo André no lugar de Vila Mendo, a Capela de S. Francisco na Quinta do Meio e a Capela (também designada por Igreja) de S. Sebastião em Vila Fernando. No Adão, em Albardo e no Roto, viviam os respetivos capelães que tinham autorização de aí dizer missa nos domingos e dias santos. Os moradores, embora podendo assistir à cerimónia, deveriam enviar uma pessoa de cada casa à Igreja de Vila Fernando. Na Capela de Vila Mendo dizia-se missa “para administração dos sacramentos”. Os ofícios da Capela da Quinta do Meio eram feitos na Igreja Matriz.

l E a Capela de S. Sebastião de Vila Fernando? Nos anos de 1747 e 1748, substituiu a Igreja Matriz que, por ser demasiado pequena, teve de ser reconstruída e aumentada, segundo explica o Vig. Policarpo da Cruz, nas Memórias Paroquiais, “à custa da freguesia, com algumas esmolas, e principalmente a do Exmo Prelado deste Bispado, e do mesmo donatário”. (Nota: O donatário era o “Reverendo Tesoureiro-mor da Sé da cidade da Guarda”.)
No Livro de Registos de Casamento – 1729-1754, encontramos algumas referências a essas obras:
“Aos treze dias do mês de Fevereiro de mil e sete centos e quarenta e sete anos, nesta Igreja de S. Sebastião, aonde e que por ora serve de Igreja Matriz por impedimento dela e estar no chão…”
“Aos dezoito dias do mês de Agosto de mil e sete centos e quarenta e oito anos nesta Igreja de S. Sebastião que ao presente serve de Matriz por estar a Matriz incapaz…”)