segunda-feira, 30 de setembro de 2019

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVII- Óbitos


Graça Maria Garcia Soares Calçada Sousa

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVII (1601 – 1700)
Parte 3 – Óbitos (3)

  •  Testamentos e mandas
Antes de morrerem, algumas pessoas manifestavam as suas últimas vontades sob a forma de mandas verbais, mandas escritas ou testamentos. Os padres anotavam nos respetivos assentos aquilo que dissesse respeito à realização de missas e de outras cerimónias religiosas e também a doações à Igreja. Dos 1689 defuntos, 587 deixaram expressas essas vontades. Eis alguns exemplos.

Isabel Gonçalves, de “poisafoles orroto”, deixou diversas missas e cerimónias. Deixou “a saia verde, gibão [e] touca à sua irmã Maria Gonçalves, à filha de Diogo Alverez os fatos da somana (=de semana, de trabalho) seja manteo e gibão e faixa e touca e camisa [e] sapatos, mais deixa ao Santissimo Sacramento hũ alqueire de trigo, a nossa Snra do Rosairo hũ alqueire de trº (=trigo), ao nome de Jesus hũ alqueire de trigo, a nossa Snra da Cõcepcão hũ alqueire de centeio, a Madanela hũ alqueire de centeio, a Isabel Antunes hũ alqueire de centeio…” (1627)

Francisco Gonçalves o frade, de Vila Fernando, “deixa lhe façam pella sua alma tres offose hum mais pelas almas de seu pai e mai e o ofereçam hum anno, deixa hum alqre de trº e outro mº de centeio a Nª Sª do Rosairo, ao nome de Jesus hum mº de centeio, a Sam Sebastião hum mº de cº , e às almas hum mº , a Sam Bertholameu do Adão hum alqre de centeo, ao Spirito Sancto de Albardo hum mº de cº, deixa à filha de Pero João a metade do cham do freixo e a metade da vinha dos castanheiros . Deixa à sua mulher tudo o q se achar dentro desta casa e a corte para sempre, deixa por sua obradadeira1 a sua mer e por seu testamentro a seu irmão Niculao Glz do Adão a quem deixa capa, roupeta e calças, o vestido (=fato) mais novo e a Pascoal o vestido mais usado, o seu chapeu a seu cunhado Pero João, deixa por seus [h]erdeiros a seus irmãos q partam igualmte tudo o q consta [da] manda…” (1665)
   1 Nome que antigamente se dava à mulher que apresentava na igreja as ofertas deixadas por algum testador.

Catarina Pires, da Quinta de João Dias, “deixou duas fanegas de pam à confraria do Sor, meia fanega a Nª Sª do Rozairo, hum alqre à Snra da Conceição, ao nome de Jesus hum alqre, a Sta Luzia hum mº, a S. Bertholameu hum mº, ao Spirito Santo hum mº, huã missa na Snra do Monte, outra à Snra da Lapa, e outra à Snra das Necessidades, aos filhos do Ramos de Albardo tres alqres de pam, e meia fanega a Das Lça, a Bento Franco meia fagª, a Maria Pires sua irmam tres alqueires de cº e hum de trº, a Frco da Cunha meia fanega, e huma saya à ditta sua irmam Mª Pires e hum vestido da semana com touqua (=touca) nova e baetilha(?) nova, e hum bacaro(?) e os mais fatos que lhe ficavam fossem de sua fª (=filha) e o manto e huma toalha, e esta informação me deu seu fº Dos João q sua mai dissera de palavra…” (1670)

Maria Francisca, de Vila Mendo, além das missas e esmolas habituais, deixou “hum vestido da semana à mer de Xistre Glz, hum gibam novo e meia fanega de pam a Das filha de DosPires, hum alqueire a Das Martins, outro alqueire a Das machinha, e outro a Mel Lopes, a Clara fª de Franco Frz hua fagª de pam, e tres quartas de linhaça no cham dos campos a seu marido Antº Glz deixou o quinhão do cham de val de moinho (…) deixou lhe outro cham q _____?”. “Deixou mais um manteo pardo à filha de Frco Frz pello serviço q lhe fez em tempo do prº marido” (1672)

Beatriz Fernandes, de Vila Mendo, “deixou por sua alma o Costume da Igreja e hum offº mais por si e outro por seu pai e mai, q a ofereçam hum anno com oferta singela, deixou q se lhe digam nesta Igreja (=V.F.) quatro missas perpetuas enqt o mundo durar (…) pª o q deixou obrigada a metade da sua tapada q está ao pé do dito lugar de Villa Mdo junto da tapada das freiras q ___? com a tapada de Franco Antunes e com a vinha de Bastião Frz ambos do dito lugar, deixou mais q enqt seu marido fosse vivo desse aos mordomos da festa(?) de devoção à Snra da Conceição em maio duztos e cinqta rs, por morte do dito seu marido acabaria esta sua devoção, deixou à Confraria do Sor deste lugar hum alqueire de cto e às mais confrarias a cada huã seu mº e outras esmolas pias...” (1691)

Maria Saraiva, de Vila Fernando, “deixou por sua alma o costume da Igreja e offerecimto do anno, deixou a Dos João de Porcas1 a sorte q tinha na vinha dalem da Ribrª com a obrigação de lhe mandar dizer outenta missas pella sua alma q qdo elle a não queira venderseha (= vender-se-á) pª/por(?) ella, deixou a sua sorte do cham da Ribrª junto ao moinho com suas arvores a sua obradadeira Mª Pires com obrigação de lhe mandar dizer sincoenta e quatro missas pella sua alma e qdo ella as não queira mandar dizer se venderá a sorte por/para(?) ella, deixou mais q lhe digam sinco missas pella alma de seu marido Dos Luís; deixou mais sinco missas pella alma de sua mai mais sinco missas pella alma de seu pai; deixou mais tres missas por sua tia Mª, mais duas missas do Anjo da Gda estas duas de esmola de tres vintens e todas as outras que ficam atrás serão de esmola de mº tostão cada hua; deixou mais hua missa de tostão, deixou hua missa na Igreja de nossa Sra dos Anjos; deixou esmolas às Confrarias com consta de sua manda; deixou a caza em q vivia a seu testamtrº Anto Glz Valente em preço de dez mil rs e se elle a não quiser a deixou a Pero João do forno no mesmo preço pª dahi se pagar o seu bem de alma e offrecimtos e cera q se gastar na sepultura e deixou a sua obradadeira a toalha da sepultura, pichel de quartilho, cesta e toalha e quinhentos rs q sahirão do preço da casa; e também sahirá deste preço o Registro da manda e tudo o mais q ficar dos dez mil rs se lhe dirão em missas e pella sua alma, e qdo nenhum deles a queira na forma em q fica nomeada a venderão a quem mais der por ella pª este efeito; deixou q da ametade de um anel q tinha de ouro q a sua parte lhe digam em missas pelas almas q era obrigada; deixou mais alguns legados como consta de seu testamtoq dei a seu testamentro…” (1692)
1Porcas = Vale de Estrela (desde 1928)



      Assento de óbito – 11-4-1601 – Vila Mendo – Pe Fonseca


       Assento de óbito – 24-10-1651 – Qta do Meio – Vig. Francisco Carvalho

terça-feira, 24 de setembro de 2019

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVII- Óbitos- 2ª parte


Graça Maria Garcia Soares Calçada Sousa

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVII (1601 – 1700)
Parte 3 – Óbitos (2)

  •  Cerimónias fúnebres
Segundo os Vigários, “o costume da Igreja” de Vila Fernando, para alguém que morria, era constituído por “três ofícios de três lições”, com ofertas aos domingos durante um mês. A isto se juntava a “missa de presente”.
Certas pessoas pagavam para terem um maior número de cerimónias fúnebres ou para que estas se prolongassem no tempo, durante alguns anos ou perpetuamente. Mas havia outras pessoas tão pobres que não tinham com que pagar fosse o que fosse. Nestes casos, os Vigários faziam-lhes apenas uma pequena cerimónia. Por isso, encontramos apontamentos como estes com alguma frequência: “deixou [que] lhe dissessẽ sete missas, era mto pobre”; “deixou [que] lhe gastassẽ por sua alma três cruzados, era pobre”; “não fez testamento por ser pobre”; “não havia de que fazer testamento”.

- Missas
Os defuntos deixavam dinheiro ou bens para pagar as missas pretendidas, pelas suas almas, pelas almas de familiares ou por outras intenções. Essas missas podiam ser ditas na igreja de Vila Fernando, nas ermidas da freguesia, em locais de culto nos arredores ou nas igrejas da Guarda. Esses lugares, por vezes só são referidos pelo nome do santo padroeiro:
- Igreja de Vila Fernando – Ermida de Sta. Maria Madalena de Pousafoles – Ermida do Espírito Santo de Albardo – Ermida de S. Bartolomeu do Adão – Ermida de Nª Sra da Alagoa / da Lagoa – Ermida de Nª Sra da Consolação da raia de Castela – Igreja de Nª Sra dos Anjos – Nª Sra do Monte – Nª Sra da Lapa – Nª Sra das Necessidades – Nª Sra da Teixeira – Sto. António da Guarda – S. Francisco da Guarda – S. Pedro da Guarda – Sé da Guarda – S. Brás – Santa Ana – Sta. Catarina – Sto. Ildefonso – Sto. Antão

- Esmolas
As esmolas eram deixadas à Igreja, aos Santos, às Confrarias ou a particulares, sobretudo sob a forma de medidas de trigo e centeio (alqueires, meios, fanegas), de propriedades, de pequenos objetos ou de dinheiro (tostões, meios tostões, vinténs, reis, cruzados). Eis alguns dos destinatários dessas esmolas: Almas; Espírito Santo (Albardo); Nome de Jesus (VF); Nossa Senhora da Conceição (VF); Nossa Senhora do Rosário (VF); Santa Luzia; Santíssimo Sacramento (VF); Senhor (VF); S. Bartolomeu (Adão); S. Pedro (Guarda); S. Sebastião (Albardo); S. Sebastião (VF).

- Local do enterramento
Segundo as anotações dos Vigários, os defuntos podiam ser sepultados dentro da igreja ou no adro de Vila Fernando. A partir de 1678, os defuntos do Adão passaram a ser enterrados na ermida de S. Bartolomeu do Adão. (Mais tarde, nos primeiros anos do séc. XVIII, os defuntos de Pousafoles “ó/do” Roto passaram a ficar na ermida de Sta Maria Madalena.)



Dentro da
Igreja
Adro
Fora de
VF
Sem
informação
1601-1625
158
18
5
52
1626-1650
312
11
1
96
1651-1675
457
7
1
19
1676-1700
453
2
   80 (1)
17
Total
1380
38
87
184

                                                                 (1) Inclui os defuntos sepultados na ermida de S. Bartolomeu, no Adão, a partir de 1678.

Há algumas referências aos espaços onde, dentro da igreja, as pessoas eram enterradas: defronte do altar de Nossa Senhora; ao pé de Nossa Senhora do Rosário; junto ao caixão do Santíssimo Sacramento; debaixo do caixão do Senhor; junto ao altar de Santa Luzia; junto ao altar de Jesus; à porta do batistério; junto da porta principal; junto à pia de água benta da porta principal; defronte / por cima / por baixo da porta travessa; junto ao arco do cruzeiro debaixo da sepultura de pedra (pai do Vig. F. C.); dentro da capela-mor (Vig. Francisco Carvalho).

  • Causas de morte
O que matou todas essas pessoas? Não sabemos. Poderiam ser situações de acidentes, doenças, epidemias, violência, guerra, fome, pobreza extrema… Por vezes, damos conta de famílias inteiras desaparecerem no espaço de algumas semanas ou, até, de alguns dias.
Infelizmente, os Vigários e os outros padres só referiam as causas da morte quando se tratava de situações invulgares. Temos aqui diversos exemplos:

1629 – Francisco Fernandes, do Monte Sardinha, “que mataram no lugar do Cume, foi sepultado nesta Igreja (Vila Fernando) dia dos Reis seis dias Janeiro”.

1636 – O Manuel, filho de António João, tinha 11 anos e era da Quinta do Meio. Afogou-se no “ribeiro dos picotos” (ou das picotas?).

1647 – O António era um moço solteiro e pobre, cujo pai morava no Monte Margarida – “achou se morto e o juiz de fora veio fazer seu exame”. Foi sepultado no adro.

1652 – A 13 de dezembro, “mataram a Franco Frz’ (=Fernandes) Cabeça natural e morador no Adão desta freguesia, e sepultou se nesta Igja aos quinze do ditto mes, porq a justiça fez vistoria das feridas que lhe deram”.

1654 – Jorge Martins, da Quinta de Cima faleceu “de hum acidente repentino”. (A palavra acidente aparece habitualmente com o significado de ataque ou doença súbita)

1662 – O falecimento de Isabel Miguel, de Albardo, “foi cauzado de hum raio q lhe caiu em caza”.

1678– Pedro Gonçalves, da Vila de Vilar Maior, “o qual vindo por este lugar de passagem, estando em caza do Veiga lhe deu hum acidente e morreu supitamte e qd me chamaram fui logo e não pude fazer mais q absolvelo sub conditione ”.

1678 – Na Quinta de Cima, a 3 de agosto, “ falleceo da vida prezente Domingas Frz’ soltrª de morte apressada, estando assentada na sua escada lhe deu um acidente e a foram achar morta e aos 4 do mesmo mes a sepultaram dentro desta Igja …”

1681 – Na Quinta do Meio, faleceu Ana João “sem sacramto porqindo hua sua fª (=filha) para caza a achou na outra vida”.

1682 – Faleceu João Martins, do Adão, “ao qual deram hua estocada na Qta de S. Dos (=Domingos) na feyra dascensão da qual falleceo repentinamte sem Sacramto”. Na margem, o Vig. acrescentou “Não fes nada porq tudo eram dividas”. Isto significa, provavelmente, que tinha tantas dívidas, em vida, que não deixou nada com que pagar as cerimónias fúnebres.

1690 – Neste ano, “foi achado morto no ____(?) da fonte dademouro junto deste lugar (V. Fern.) Antº Glz’ (=Gonçalves) da Qta da Ramalhosa fregª do Richozo”. Foi sepultado dentro da igreja.

1694 – Domingos, filho de Afonso Martins do Adão, “ao qual mordeo hua osga e vindo se curar a este lugar (V. .Fern.) falleceo nelle”. Foi sepultado na igreja de Vila Fernando.

1697 – Neste ano, “se achou afogada a Cnª Frz’____(?) de Bertholameu Miguel da Qta do mº (=Meio) no _____ (?) das aveleiras, a qual andava varia (=perturbada)”.

O ano de 1696 parece ter sido um ano particularmente difícil, apresentando o valor mais alto de óbitos de todo o século – 45. Desses 45 defuntos, 32 eram mulheres: 8 viúvas, 13 casadas e 11 solteiras ainda jovens. Havia laços familiares entre várias pessoas. Por exemplo, no Mte Carreto, morreram uma mãe (30 jun), a filha (22 jul) e o pai (31 jul); no Adão, morreram uma mãe já viúva (18 ag) e a filha (28 ag); em Vila Fernando, morreram um pai (24 jul) e a filha (31 jul).

                                                                                       Continua...

domingo, 22 de setembro de 2019

Degustação de Chicorro-Feira Farta

 Poucos... os Chichorros! Na Festa do Chichorro (25 Janeiro) haverá mais.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVII- Óbitos

Graça Maria Garcia Soares Calçada Sousa, nasceu na Guarda em 1963. As suas origens provêm de Vila Fernando, Quinta do Meio e Monte Carreto. Na infância, e sobretudo nas férias e fins de semana, Vila Fernando acolheu as suas brincadeiras (inesquecíveis) com primos e vizinhos. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas na Universidade de Coimbra e é Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Católica. É professora do 3º Ciclo e Secundário.
Recolheu as informações abaixo publicadas quando, há uns anos, decidiu investigar e construir a árvore genealógica da sua família, quer do lado paterno, quer do lado materno, recorrendo à consulta de livros, documentos e microfilmes no Registo Civil da Guarda e no Arquivo Distrital da Guarda.
Por uma questão editorial, se assim se pode afirmar, decidimos publicar hoje uma parte desta 2ª parte. Domingo, a outra parte.
(Nota: optei por voltar a publicar esta parte, agora com as tabelas já completamente perceptíveis.)

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVII (1601 – 1700)

Parte 3 – Óbitos (1)


Foram registados, de forma legível, 1689 óbitos nos livros paroquiais de Vila Fernando, relativamente ao séc. XVII.
Esses 1689 óbitos equivalem a uma média de cerca de 17 defuntos por ano e são constituídos por 972 mulheres, 706 homens e 11 casos sem identificação.

Anos
Nº de óbitos
1601-1625
233
1626-1650
420
1651-1675
484
1676-1700
552

Verificaram-se mais mortes nos meses de outubro (161), setembro (160) e janeiro (159) e menos nos meses de maio (127) julho, (111) e junho (95).

Nos onze primeiros anos do século, os registos, desorganizados e incompletos, foram assinados por quatro padres diferentes – Pe Sebastião da Fonseca, Pe Gaspar de Morais, Pe Manuel Dias e Pe Fernando de Aragão – que estiveram à frente da freguesia por curtos espaços de tempo. Entre maio de 1609 e fevereiro de 1610, entre abril de 1610 e fevereiro de 1611 e, durante os anos de 1612 e 1613, a acreditar nos livros paroquiais, ninguém morreu. Se consultarmos os livros de assento de batismo deste período, encontramos a mesma desordem e poucos registos. Muita informação se deverá ter perdido para sempre, nesta altura.
A partir de 1615, já com a presença do Vig. Manuel de Gouveia, os livros de assentos ganharam alguma organização.

  • Origem dos defuntos
Lugares
1601-1625
 1626-1650
1651-1675
1676-1700
Total
Albardo
53
70
93
83
299
Vila Fernando
39
76
83
91
289
Adão
26
59
96
83
264
Vila Mendo
19
37
30
54
140
Qta. de Cima
24
28
43
43
138
Qta do Meio
11
21
47
39
118
Pousafoles “ó” Roto
14
23
26
49
112
Mte. Carreto
10
14
25
37
86
Qta. de João Dias
1
5
21
21
48
Qta. de Vale de Carros
0
7
4
12
23
Qta. de Baixo
1
9
1
1
12

– Quanto à origem dos defuntos, confirma-se a tendência verificada nos restantes assentos paroquiais. Com efeito, Albardo, Vila Fernando, Adão, Vila Mendo e Quinta de Cima, que já se destacavam quanto aos batismos, evidenciam-se também quanto ao número de óbitos. Eram provavelmente os lugares com mais população.
– A Qta de João Lopes teve o último registo em 1656; a Qta de Afonso Fernandes, em 1633; a Qta dos Pombais, em 1676. A Qta da Queimada teve um único registo em 1626. Em conjunto com a Qta da Caravela, estas quintas tiveram 28 mortes, ao longo do século.
– Os defuntos do Mte de S. Pedro (9) e os do Mte Sardinha (25) foram sepultados em Vila Fernando mas pertenciam a duas freguesias da Guarda – S. Pedro e Sé, respetivamente.
– Não há informações sobre a origem de cerca de 100 falecidos.

l Profissões dos defuntos ou dos seus familiares


alfaiate, azeiteiro, barbeiro, besteiro, cabreiro, cardador, carniceiro, escudeiro, ferreiro, moleiro, pastor, pedreiro, sapateiro, serrador, soldado, tamborileiro, taverneiro, tecelão, tendeiro, vendeiro.

l Alcunhas dos defuntos ou dos seus familiares


tamanhão – genrinho – cabeça – “richoso” – inverno – baixo – valente – casa nova – o direito – o negro – o ovelha – o galego – o romão – o serra – o cascão – o manco – o morgado – o velho – o moço – o costa – o moreno – o folgado – o lacão – o conde – o castanheira – o matela – o cravo – o macho – o bispo – o chapado – o vasco – o justo – o picado – o picão – o delgado – o borrega – o cónego – o bicho – o grande – o lájeas – o barroso – o frade – o rico – o coxo – o ruivo – o jambragal – o abade – o botica – o namorado – o gengibre – o pego – o mouro – o cravinho – o “damoreira” – o da granja – o do forno – o do cimo do lugar – da fonte – do canto – do fundo – da cancela – do lagar – da lapa – do “inxido” – do santo – a piquena – a do forno – a ruiva – a condessa – a “bartoleza” – a tabecas – a da serra – a velha – a cega – a folgadinha – picoa – a fornacha – a granja – a genrinha – a loura – a diega

                                                                                                             Continua...