sexta-feira, 30 de maio de 2025

o pensamento do Pensamento- III

(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 15 de Maio)
(continuação)

Às perguntas: será que todo o ser humano é um “verdadeiro” pensador? Com capacidade para pensar pensamentos que valham a pena ser pensados? As respostas podem ser, de alguma forma, simples. De facto todo o ser humano é pensador: do menos inteligente ao génio; do que tem défice cognitivo até ao comum das pessoas; do mais maldoso ao bondoso… todos somos pensadores. Provavelmente, toda a gente sem excepção pode vir a ter (ou já teve) pensamentos primordiais, criativos, potencialmente originais. E provavelmente, foram perdidos, porque não lhes foram dados a atenção, nem a forma, e muito menos a expressão necessárias. Perdem-se no emaranhado dos constantes e inconstantes pensares improdutivos, que se perdem a eles próprios. Desperdício? Talvez uma forma de o cérebro se não sobrecarregar com inutilidades costumeiras.
Mas se todos podemos ter capacidade embrionária, potencial para pensar pensamentos profundos (que valham a pena ser pensados), são pouquíssimos aqueles que os têm de facto- na perspectiva de chegarem à consciência; e de serem expressos e preservados. Pouquíssimos são aqueles que conseguem uma finalidade orientada, exigente para produzir pensamentos transformativos e originais: impactantes nas comunidades e humanidade. E aqui há- com bastante probabilidade- uma componente inata, genética de relevância ímpar. Ainda que através de exercícios e treino mental ou meditação ou oração se possam atingir níveis de abstracção formidáveis, o pensar inovador e transformador, a própria criatividade, a originalidade e as configurações de sentido escapam muito a esta lógica. A verdade é que não conhecemos todos os mecanismos do pensamento; que se esquivam claramente à nossa compreensão; e vontade, até…
Dando um salto na análise, o pensamento da humanidade está muito condicionado, ou pelo menos fortemente sujeito às indagações de três preocupações primordiais: o ser (portanto a existência como tal); a morte (os limites e o fim); Deus (o divino). Três preocupações embrenhadas, inseparáveis, visceralmente unas, claramente unívocas, por demais completas e complexas, que o pensamento atinge nelas e por elas os seus limites, e impasses que esses limites lhe impõem a ele mesmo: e que lhe são necessários para a continuação do infindável questionar; porque infindáveis as insuficientes ou inexistentes respostas…
Voltaremos a essas preocupações, até porque elas só podem ser reflectidas no silêncio. No silêncio do pensamento (diametralmente diferente do pensamento silencioso). Nesse silêncio que expressa o que se é, e retira o Homem da superficialidade de si mesmo. Diferenciado da estridência do acto que demonstra o que se quer parecer. E nem sempre coincidentes. Uma luta titânica de autenticidade, de coerência interna com que todos (?) somos assolados.
Mas… e de que silêncio falamos?

(continua)

Notas: Aproximam-se as eleições legislativas. E emerge um cansaço da política. Um desencanto com as políticas. Um desacreditar dos políticos. Espera-se que não da Democracia. E depois ainda temos o martírio das autárquicas. Antes das presidenciais. Num ano. É obra.
A eleição do papa Leão XIV (não ligando ao nome numa vertente futebolística, até porque equipa de vermelho!) faz-nos pensar da importância de ele ser um referente ético e moral, e um sinal e uma voz- actuante- de esperança (real) para humanidade; demasiadas vezes inumana. Precisamos disso. Precisamos dele. Crentes. Não crentes.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

terça-feira, 27 de maio de 2025

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Respiros

Janela. 
intervalo da 
presença,
aqui. ou ali.
espera 
desespera
o fado, o
ocaso?

 

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Reditos

 Detém-te, instante, és tão formoso- Goethe

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Gentes de Cá

Cruz; Sra. Laurentina; Stephanie; Angelina; Alexi; Cristóvão 


 

terça-feira, 13 de maio de 2025

Reditos

Quanto à eternidade, recusar que ela existe de uma forma ou de outra é cair na perigosa grosseria de glorificar o efémero- Natália Correia

sábado, 10 de maio de 2025

o pensamento do Pensamento- II

(Publicado originariamente na edição do Jornal A Guarda do dia 17 de Abril)

(continuação)

Numa outra (!) perspectiva, o pensamento do outro é sempre indesvendável; uma cortina impenetrável, intransponível separa cada ser humano a este nível. Nunca conseguimos, de forma objectivamente verificável, perceber que pensamentos dominam (ou predominam) o seu ser. Às vezes, quase que sim; maioritariamente não. Nenhuma técnica psicológica, psicanalítica; nenhuma proximidade com o outro, ou mesmo nenhuma tortura pode “arrancar-lhe” os seus pensamentos de forma objectivamente demonstrável: se aquele ou aqueles pensares são de facto- esses- que outrem pensou mesmo. Os juramentos mais sentidos, as proclamações mais entusiásticas nunca nos dão a absolutidade de uma certeza quanto à sinceridade delas: poderão ser sinceras. Ou não.
Os constantes e variadíssimos “afirmares de”, podem ser actos completamente falsos e perfeitamente conscientes; podem ser autoenganos; ou uma mistura de ambos (e, às vezes, também verdadeiros): a mentira tem infinitas matizes que se tornam difíceis, ou mesmo impossíveis, de distinguir claramente, de ter a certeza absoluta que o que é dito corresponde ao que é pensado (ao que é consciência). À pergunta feita incontáveis vezes por todos nós: “Em que estás a pensar?”, a resposta vem envolta em tantas camadas, passando por diversas filtragens (imperceptíveis), que a veracidade fica tantas e tantas vezes comprometida.
De facto, passamos o tempo em permanentes actos de tradução, por assim dizer. Estamos constantemente e efectivamente a traduzir-nos uns aos outros (e uns para os outros), em todas as áreas e momentos da vida. Querendo e ansiando descortinar e alcançar o que está antes do que é dito (do não dito), antes do escrito, do feito. Às vezes acertamos, ou quase; outras falhamos estrondosamente.
Mesmo no amor, mesmo com as pessoas que são mais próximas e queridas e honestas, o outro- esse outro- é, de algum modo, estranho. O amor, a paixão é também representação. Até no êxtase, os apaixonados conseguem tocar-se, sentir-se; conseguem abraçar-se, mas não conseguem abraçar (ainda que parcialmente) os pensamentos do outro… Talvez no sentimento oposto a este: o ódio (e o medo), os pensamentos sejam mais facilmente genuínos, sem as tais camadas que enevoam a sua decifração. Talvez no riso espontâneo (de uma qualquer situação ou piada), portanto não preparado e diametralmente díspar do sorriso costumeiro (mais elaborado), se encontrem também os pensamentos mais autênticos na sua revelação, que é, ou que tem muito de involuntária.
Na caverna da interioridade (das “identerioridades”) do outro, nunca descobrimos (pelo menos totalmente, ou substancialmente) a luz-final-reveladora do seu ser. Talvez…
E talvez por tudo isso (mas não só por isso) aqui resida a falta de confiança que, individualmente e colectivamente, sentimos uns pelos outros, pela sociedade, pelo mundo (por nós mesmos). Por, enquanto humanidade, cometermos as maiores atrocidades, relegando o outro, o diferente a uns seres desconsideráveis e inumanos. Será?
E será que todo o ser humano é um “verdadeiro” pensador? Com capacidade para pensar pensamentos que valham a pena ser pensados?

(Continua)

 


sexta-feira, 9 de maio de 2025

Novo Papa

Importa que Leão XIV seja um referente ético e moral, e um sinal e uma voz- actuante- de esperança (real) para a humanidade; demasiadas vezes inumana. Precisamos disso. Precisamos dele. Crentes. Não crentes.


 

terça-feira, 6 de maio de 2025

Respiros

Acobertada pela neblina, Vila Mendo há-de assomar- luzente.

 

sexta-feira, 2 de maio de 2025