sexta-feira, 6 de agosto de 2021

A Freguesia de Vila Fernando no séc. XVIII

Graça Sousa- professora

Casamentos Parte 2

lCerimónia 

l Ao longo do séc. XVIII, foram registados 1085 casamentos nos livros paroquiais da freguesia de Vila Fernando, o que corresponde a uma média aproximada de 11 casamentos por ano. No entanto, houve alturas em que o número foi largamente excedido (1702 – 22; 1706 – 24; 1709 – 22; 1750 – 25; 1763 – 21) e outras em que os matrimónios quase desapareceram (1734 – 2; 1769 – 2; 1770 – 3; 1778 – 1).

 

l Se compararmos os valores do séc. XVII com os do séc. XVIII, percebemos que se manteve a tendência crescente de casamentos até 1725, altura em que houve uma pequena quebra.

Casamentos no séc. XVIII

1701-1725

326

1726-1750

266

1751-1775

221

1776-1800

272

Total

    1085

Casamentos no séc. XVII

1601-1625

79

1626-1650

168

1651-1675

218

1676-1700

311

Total

      776

 

 

 


 


l As cerimónias eram normalmente realizadas na Igreja Matriz de Vila Fernando mas houve exceções. Os noivos pediam uma autorização especial ao Bispo e conseguiam que os seus casamentos tivessem lugar nas Capelas de S. Bartolomeu do lugar do Adão (ex: 1766), do Divino Espírito Santo do lugar de Albardo (ex: 1779) ou de Santa Maria Madalena do lugar do Roto (ex: 1783). (Ex: “… em a Capela de Santa Maria Madalena do lugar do Roto desta mesma freguesia por licença do Sr. Bispo foram recebidos em face da Igreja…” – 23-9-1783)

 

l Um casamento era um momento preparado com antecedência e que obedecia a requisitos e regras. Nada era feito ao acaso e tanto o estado civil como o grau de parentesco dos noivos eram esmiuçados com todo o rigor. Se os laços de parentesco fossem próximos, era preciso pedir autorização e pagar bula. (Ex: “Foram dispensados pelo Exmo Senhor Núncio destes Reinos em terceiro e quarto grau de consanguinidade de que apresentaram Certidão de dispensa que fica no cartório desta Igreja para em todo tempo constar…” – 9-8-1773)

 

l Aparentemente, os noivos podiam contrair matrimónio quando fosse conveniente. Por exemplo, em junho de 1782, houve cerimónias nos dias 5, 12, 18 e 28, que corresponderam a quarta, quarta, terça e sexta, respetivamente, e, em junho de 1791, foram registados casamentos nos dias 10, 12, 13, 23 e 24, equivalentes a sexta, domingo, segunda, quinta e sexta. Por vezes, o Vigário acrescentava algumas informações sobre a data: “sendo Domingo do Santíssimo Nome de Jesus” (15-1-1758), “sendo em véspera do dia de Entrudo” (6-2-1758), “sendo dia de Nossa Senhora da Anunciação” (3-4-1758).

Durante este século, os meses mais escolhidos para a cerimónia do casamento foram fevereiro (180), maio (122) e janeiro (117) e os meses com menos procura, agosto (65), julho (59) e março (45).

 

l Percebemos que o Vigário pedia aos noivos algum tipo de pagamento pela cerimónia porque encontramos, diversas vezes, a informação “deve a galinha” (ex: 20-9-1763) rabiscada na margem dos assentos. Numa outra ocasião, num registo de casamento realizado, com licença do Sr. Bispo, na Capela do Divino Espírito do lugar de Albardo, o Vigário escreveu “e me pagaram o que me ajustei com eles pelo trabalho de la os ir receber” (2-10-1775). Nota: receber = casar

1 comentário:

Anónimo disse...

Trabalho meritório.