O Professor Aires Antunes Diniz elaborou uma recensão crítica sobre o nosso Caderno de Memórias "Vila Mendo nos anos 60/70" na revista cultural e científica Praça Velha, editada pela Câmara da Guarda. A ele, o nosso muito obrigado por tal.
Vila
Mendo nos Anos 60/70,
Caderno de Memórias nº 1, Edição da Associação Cultural e Recreativa de Vila
Mendo com o apoio do Instituto Português do Desporto e Juventude, Dezembro de
2013[1].
Numa noite de Outono, na última campanha
eleitoral, a Rádio Altitude promoveu um debate em Vila Mendo e para lá me
dirigi para assistir e provavelmente participar no debate na fase de perguntas,
o que não aconteceu. Importante para mim foi a oferta que me foi feita do livro
monográfico que agora analiso.
Coordenado por Luís Filipe Soares e com
prefácio do atual Vereador da Cultura, teve ilustrações de Catarina Tavares e
revisão linguística de José Monteiro, contando com a colaboração de Acácio
Pereira, António Pereira, Arlete Conde, Carlos Fonte, José Eduardo, José Domingos,
Júlio Pissarra, Manuel Corte e Manuel Silva.
Os onze temas tratados foram a Escola e a Comunidade, a Mulher, a Alimentação, Vestuário e Habitação, a Vida no Campo, o Forno,
o Comércio, os Vendedores ambulantes e
outros Viandantes, Os Divertimentos, A religiosidade, Emigração, finalizando
com o tema o Desfiar da Memória.
Ficamos assim com um bem completo quadro
geral da vida económica e social de Vila Mendo, faltando só uma descrição das
suas ligações com os lugares vizinhos e da sua inserção num universo político concentracionário,
que lhe retirou capacidade de evoluir no espaço em que decorre a sua vida
social e económica nos anos 60-70.
Começando pelo primeiro tema, que é a
Escola e a Comunidade, era necessário inserir o processo cruel, em que se insere
a Educação, que o Estado Novo impôs ao Povo Português, onde o principal
objetivo foi formatar e restringir a educação básica a uma limitada literacia,
que era desde logo também mutilada pela fraca formação profissional dos agentes
de ensino. Fizeram-no a partir do fecho de matrículas das Escolas Normais,
preparando a degradação da preparação científica, cultural e pedagógica dos
professores primários.
Não admira que Vila Mendo como
comunidade se empenhe na criação da sua escola como lugar de aprendizagem
limitada, que não foi contudo capaz de mudar os modos de uso da terra e de
permitir alterações nos diversos aspetos da sua vida social e económica. Foi o
que inevitavelmente provocou como saída a emigração, que permitiu a muitos dos
seus habitantes fora das fronteiras nacionais uma melhoria substancial das suas
vidas.
Sendo sem sombra de dúvidas um trabalho muito
meritório dos que realizaram este trabalho de recolha de memórias de práticas
sociais de Vila Mendo, este esforço deve ser alargado à análise dos fatores que
impediram o seu possível e necessário desenvolvimento e conduziram ao seu
esvaziamento populacional.
A pesquisa deve por isso inserir-se na
análise comparada da diversidade das dinâmicas locais de cada lugar e
freguesias para, assim, encontrarmos as razões das diversas transformações nas
aldeias do nosso Interior.
Convidamos por isso todos a seguir o
exemplo de Vila Mendo.
Aires Antunes Diniz
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