quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Recensão crítica: " Vila Mendo nos anos 60/70"- Revista Praça Velha- Aires Antunes Diniz


O Professor Aires Antunes Diniz elaborou uma recensão crítica sobre o nosso Caderno de Memórias "Vila Mendo nos anos 60/70" na revista cultural e científica Praça Velha, editada pela Câmara da Guarda. A ele, o nosso muito obrigado por tal.

Vila Mendo nos Anos 60/70, Caderno de Memórias nº 1, Edição da Associação Cultural e Recreativa de Vila Mendo com o apoio do Instituto Português do Desporto e Juventude, Dezembro de 2013[1].

Numa noite de Outono, na última campanha eleitoral, a Rádio Altitude promoveu um debate em Vila Mendo e para lá me dirigi para assistir e provavelmente participar no debate na fase de perguntas, o que não aconteceu. Importante para mim foi a oferta que me foi feita do livro monográfico que agora analiso.
Coordenado por Luís Filipe Soares e com prefácio do atual Vereador da Cultura, teve ilustrações de Catarina Tavares e revisão linguística de José Monteiro, contando com a colaboração de Acácio Pereira, António Pereira, Arlete Conde, Carlos Fonte, José Eduardo, José Domingos, Júlio Pissarra, Manuel Corte e Manuel Silva.  
Os onze temas tratados foram a Escola e a Comunidade, a Mulher, a Alimentação, Vestuário e Habitação, a Vida no Campo, o Forno, o Comércio, os Vendedores ambulantes e outros Viandantes, Os Divertimentos, A religiosidade, Emigração, finalizando com o tema o Desfiar da Memória.
Ficamos assim com um bem completo quadro geral da vida económica e social de Vila Mendo, faltando só uma descrição das suas ligações com os lugares vizinhos e da sua inserção num universo político concentracionário, que lhe retirou capacidade de evoluir no espaço em que decorre a sua vida social e económica nos anos 60-70.
Começando pelo primeiro tema, que é a Escola e a Comunidade, era necessário inserir o processo cruel, em que se insere a Educação, que o Estado Novo impôs ao Povo Português, onde o principal objetivo foi formatar e restringir a educação básica a uma limitada literacia, que era desde logo também mutilada pela fraca formação profissional dos agentes de ensino. Fizeram-no a partir do fecho de matrículas das Escolas Normais, preparando a degradação da preparação científica, cultural e pedagógica dos professores primários. 
Não admira que Vila Mendo como comunidade se empenhe na criação da sua escola como lugar de aprendizagem limitada, que não foi contudo capaz de mudar os modos de uso da terra e de permitir alterações nos diversos aspetos da sua vida social e económica. Foi o que inevitavelmente provocou como saída a emigração, que permitiu a muitos dos seus habitantes fora das fronteiras nacionais uma melhoria substancial das suas vidas.
Sendo sem sombra de dúvidas um trabalho muito meritório dos que realizaram este trabalho de recolha de memórias de práticas sociais de Vila Mendo, este esforço deve ser alargado à análise dos fatores que impediram o seu possível e necessário desenvolvimento e conduziram ao seu esvaziamento populacional.
A pesquisa deve por isso inserir-se na análise comparada da diversidade das dinâmicas locais de cada lugar e freguesias para, assim, encontrarmos as razões das diversas transformações nas aldeias do nosso Interior.  
Convidamos por isso todos a seguir o exemplo de Vila Mendo.

Aires Antunes Diniz



[1] Ver acrvilamendo.blogspot.pt.

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