sexta-feira, 2 de novembro de 2012

estórias da Terra- Pereira

Há muitos, muitos anos!..
Quem se lembra de ter aprendido a nadar no rio Noéme?!.
Haverá alguém que tenha aprendido noutro local? Talvez não. Não antes de 1976, mais ou menos!
Era nesse rio que os jovens (meninos!) de Vila Mendo, aprendiam a nadar, e era fácil aprender, porque os mais velhos ensinavam (ou obrigavam) os mais novos a cobrir-se de água pois, assim que se apercebiam da presença destes, iam logo guardar-lhes a roupa... Assim sendo os mais novos tinham que se juntar aos “monitores”, pois não queriam ir em pelota (nus) para casa, pois na altura era assim que se nadava (calções de banho não havia e as cuecas tinham que estar junto do resto da roupa para que quando terminasse o banho não irem molhadas!!!).
Não era fácil para alguns, principalmente aqueles que nadavam em locais onde a água chegava pouco mais do que ao umbigo, pois tinham que ir mergulhar no local onde os mais velhos já faziam voos do alto dos amieiros em locais muito profundos. O local mais conhecido era o "barroco", porque justamente havia lá um barroco e era dali que se saltava normalmente para o rio; para aqueles que não saltavam, não havia problema: os mais velhos encarregavam-se deles pegando-os pelas pernas e braços e encaminhando-os para o local certo!!!
Vou contar uma, duas, das muitas estórias passadas no rio Noéme. Quando íamos nadar, quase sempre, também pescávamos, ou melhor apanhávamos peixes. Foi num desses momentos que, no final do banho, começámos a apanhar peixes entre as raízes dos amieiros e foi aí que eu pensei ter agarrado o maior peixe do rio… como era grande apertei-o bem com a mão, para que este não escapasse, só que quando tirei a mão da água, vi (ou quase não vi) uma cobra de água e, talvez por instinto, fi-la voar uns bons metros… Foi assim a minha última apanha de peixes entre as raízes dos amieiros!..
Pescava-se de toda a maneira, era assim nessa altura. Um belo dia até com dinamite fomos pescar!.. Aí sim os peixes voavam nas alturas, e que alturas… e não só os peixes; nesse dia voou a minha bicicleta e a ponte de madeira, uma ponte que dava acesso para Vila Garcia. Os peixes voaram tanto que não mais os vimos, até porque nós não mais olhámos para trás... fo**** !!!
Outras estórias do rio e não só ficam para uma próxima!
Oh rio que tanto nos deste
Quando voltarás?
Amigos sempre tiveste
A morte penso que não merecerás…
                                                                           Pereira

1 comentário:

Júlio Manuel Antunes Pissarra disse...

Bonita Recordação, Amigo António. Felizmente, ainda, tive o prazer de passar ótimas tardes de verão na "nossa Ribeira". Que Saudades ...!