Durante aqueles
maravilhosos anos 80 o Fim-de-semana de Agosto era preenchido a percorrer todas
as Festas da região e com Matinés e Soirés na Discoteca de Pêga. Um determinado
Domingo o Vitinho, o Zé e o Víctor, depois de passarem a tarde na “Night&Day”, palmearam as Festas que
por ali existiam. A última a ser visitada foi a de Pêga. Chegaram a esta Aldeia
por volta das 22:30 horas. O dia tinha sido “cansativo”.
Alegre convívio, muita brincadeira, alguma cerveja, mas comer, nada! A última
refeição tinha sido o almoço. Como o dinheiro já escasseava os três amigos
viviam na esperança de que alguém os convidasse para comer/beber algo que é
comum, nos dias de Festa, em algumas Aldeias da nossa região. Mas esse convite
não aparecia, o que os estava a deixar preocupados. Então o Vitinho, “envergonhado” como é, descobriu alguém
que lhes podia resolver o problema. É assim que se dirige a um rapaz emigrante
em França, que por acaso tem família na nossa freguesia, e lhe pergunta:
-
Então pá?! Tens Festa na terra e não ofereces um “copo” em casa?!
A referida pessoa,
querendo ser simpática, acedeu à proposta.
-
“Há oui!” Sim…, ainda é cedo…, “s`etu queres”…, o baile ainda não
começou…! … podemos “lá`ir” beber umas
“bières”!
Mas a “malta” de Vila
Mendo estava “cheia” de cerveja! O
que ela queria, mesmo, era comer!!! Então, novamente, o Vitinho assumiu as
rédeas da situação.
-
Não há por aí nada que se coma? – perguntou.
-
Sim! “Bá`oui”! Claro! – respondeu
o anfitrião.
O Vitinho não esteve
com “meias-medidas”, levantou-se e
dirigiu-se ao frigorífico onde encontrou carnes frias, bolos, sobremesas, enfim,
de tudo um pouco o que é normal existir nos dias de Festa na Aldeia. Desde esse
momento os três amigos de Vila Mendo não quiseram mais conversa! O tempo
passava, passava, o dono da casa estava cada vez mais desesperado (mais à
frente veremos porquê), olhava impacientemente para o relógio, mas os “mosqueteiros” da nossa Terra não
arredavam pé.
-
Já “s`ouve” o “Cunjunto”! O Baile “já`stá
à`ndar” e deve “d`haver” “beaucoup” de pessoas! – afirmava.
-
Já vamos! Temos tempo! Senta-te e come connosco! – respondeu
um dos “nossos”.
Uma da manhã, uma e
meia, mas nada! Ninguém se levantava. O anfitrião, sem saber o que fazer,
tentava, subtilmente, que os “ilustres”
convidados terminassem a refeição mas, estes, não estavam pelos ajustes. Só
passadas as 2:00 horas, e já convenientemente saciados, o grupo de Vila Mendo
terminou o Banquete!!!
Quando os quatro
chegaram ao recinto do Baile já este estava praticamente concluído. Aí, quem
ofertou o Jantar, mais incomodado ficou, já que a pessoa que o esperava já não
se encontrava no lugar combinado e já partira para a Discoteca! Enquanto isso,
os três amigos, lá foram concluir a noite numa outra Festa!
Nesses tempos eu, meu Pai
e minha Mãe, no Domingo e/ou Segunda-feira da Festa de Pêga, almoçava-mos
sempre na casa que, meus tios [David e Clara], possuíam na referida aldeia. Nessa
Segunda-feira quando lá cheguei, minha prima Paula, logo me informou do
sucedido na noite anterior com os nossos amigos de Vila Mendo. A pessoa, que no
Baile esperava o anfitrião, era minha prima Paula!!! Foi ela quem em primeira
mão me descreveu o que tinha acontecido! Quando ela, já na Discoteca, ouviu, do
amigo, o relato do porquê de tanto atraso, exclamou:
-
Tinham que ser os de Vila Mendo! Tu não os conheces?! Não sabes como eles são?!
-
“Oui!” mas…, …nunca pensei que
estivessem TRÊS HORAS a comer!!! De Vila Mendo NUNCA mais convido ninguém para
lá ir a casa!!!
P.S.
– Os pormenores desta estória foram-me relatados pela minha prima Paula e pelos
Três protagonistas principais.
Júlio Antunes Pissarra
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