terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Festa do Chichorro


Desde tempos imemoriais que o porco assume um papel de primeiro relevo na alimentação e, por consequência, na economia das comunidades rurais, pelas inúmeras possibilidades na feitura dos mais diversos tipos de alimentos, tão importantes ao longo do ano na sobrevivência das famílias. O porco tinha até uma importância capital na teia das relações sociais e nas dinâmicas comunitárias uma vez que, não raras vezes, servia para, de forma silenciosamente ruidosa, estabelecer ou (re)afirmar o estatuto de abastança, logo o estatuto social. Os fluxos migratórios das décadas de 60/70 e inerentemente o contacto com hábitos culturais diferentes, bem como a electrificação das aldeias (Fevereiro de 1979) fizeram com que os hábitos alimentares mudassem sobremaneira. Deste modo a importância do porco na alimentação e nas dinâmicas comunitárias foi gradualmente perdendo visibilidade e, até, viabilidade.
De forma a resgatar esta prática ancestral, a ACR Vila Mendo tem, de há vários anos a esta parte, promovido a Matança do Porco. Este ano contamos com a particularidade de darmos, em todo o processo, maior ênfase a uma “iguaria” que era feita em todas as matanças: o Chichorro. 
Havia duas qualidades: o do coiro, que era constituído, basicamente, pela carne entremeada cortada em pequenos pedaços e o do “Redanho”. Este apenas era constituído pela gordura existente nas massas gordas do animal. A sua confeção era simples. A carne era introduzida em panelas de ferro diferentes e aí fritos na própria gordura que libertavam. Apenas lhes era acrescentado sal grosso a fim de realçar o seu sabor. Depois de já confeccionados, eram então exprimidos para que o excesso de gordura fosse libertado. Depois de arrefecerem eram comidos com uma fatia de bom pão centeio e um melhor copo(s) de vinho tinto. Este constituía um simples mas muito apreciado petisco nesses dias intensos de azáfama mas também de convívio. 
Para esta “Festa” criámos dois pratos com Chichorros que por certo farão as delícias de quem tiver o prazer de os degustar.  


2 comentários:

Anónimo disse...

Ora aqui mais uma nobre e digna atividade Cultural desta coletividade que a todos pertence. Venham de onde vierem, logo que seja por bem, serão certamente bem recebidos.

Anónimo disse...

associações como a vossa sim merecem ser apoiadas. tanto dinheiro público mal gasto e por mais uns euros não se apoia convenientemente quem de fato merece. enfim, por isso é que o país está como está. apoiam-se os amigos os apoiantes e o resto não interessa. triste país, das bases ao topo é governado, com exceções, pelos piores, ordenados e compadrios e o povo que se lixe. PARABENS POR NAO DESISTIREM