Chegámos à
altura do ano em que todos alteramos os ponteiros do relógio provocando uma
mudança brusca na nossa rotina diária. Dias ainda relativamente longos
transformam-se rapidamente em sombrias tardes que nos toldam o espírito e nos
adensam a depressão rumo ao Inverno.
A hora muda duas vezes ao ano
por causa de uma alegada poupança energética embora cada vez menos sustentada
em factos. Foi de Benjamin Franklin, um dos maiores sábios do seu tempo, a
ideia de que se poderiam poupar velas com a mudança da hora colocando pela
primeira vez em alerta os fabricantes dos antigos e respeitados relógios de sol.
Mais tarde ela veio a ser aplicada por todo o mundo, em nome dessa poupança,
durante a Primeira Guerra Mundial quando o carvão escasseava. Pode ter, em
tempo, justificado essa poupança energética mas será que isso ainda acontece?
Compreendo facilmente os
argumentos de que muitos trabalhos que se realizam mais cedo estariam
confinados à noite e que é mais fácil mudar a hora que os hábitos de uma
infinidade de pessoas mas estará tão evidenciado o reflexo positivo desta
mudança de hora?
Será fácil, se se quiser,
analisar hoje de forma rigorosa a poupança energética conseguida com a mudança
da hora. Basta analisar os dados de um ano e no ano seguinte fazer de forma
diferente não mudando a hora. Mas, se por um lado há poupança energética
pergunto se por outro não haverá uma quebra de produtividade associada a esta
mudança de hora. Quantos trabalhadores ao verem chegar a noite não começam de
imediato a olhar para o vagar com que os ponteiros do relógio atingem a hora da
almejada saída do emprego?
Pela minha parte sinto que uma grande maioria abomina esta mudança de hora. Em muitos países esta situação é cada vez mais discutida medindo-se vantagens e desvantagens da mudança da hora. Num país com tão forte vocação turística como o nosso deixar que o dia útil perca horas de sol parece-me, em tese, uma ideia errada. Repito, todavia: estude-se, compare-se e esclareça-se de modo a que a decisão seja tomada com base numa lógica racional.
Já agora, e a título de
curiosidade, fiquem a saber que as mudanças de hora no nosso país são
coordenadas pela Comissão Permanente da Hora que funciona sob a alçada do
Observatório Astronómico de Lisboa sobre a qual podem obter mais informação em http://oal.ul.pt/hora-legal/comissao-permanente-da-hora/.
Esta tem como função fixar o regime da hora legal no país, a coordenação dos
processos de difusão da hora na comunicação social, a fiscalização de relógios
públicos, etc. Não, isto não tinha por detrás uma intenção de chamar a vossa
atenção para os cortes que são necessários na despesa pública mas já agora que
falámos no assunto pensem lá nesta como noutras comissões da mesma natureza se
não dá para se cortar qualquer coisinha!Pela minha parte sinto que uma grande maioria abomina esta mudança de hora. Em muitos países esta situação é cada vez mais discutida medindo-se vantagens e desvantagens da mudança da hora. Num país com tão forte vocação turística como o nosso deixar que o dia útil perca horas de sol parece-me, em tese, uma ideia errada. Repito, todavia: estude-se, compare-se e esclareça-se de modo a que a decisão seja tomada com base numa lógica racional.
Tiago Gonçalves- Crónica publicada no jornal Terras da Beira
1 comentário:
Pode ser que a hora de inverno sirva para aumentar a natalidade.....
Enviar um comentário