sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Hora de Inverno, Hora de verão- por Tiago Gonçalves

Chegámos à altura do ano em que todos alteramos os ponteiros do relógio provocando uma mudança brusca na nossa rotina diária. Dias ainda relativamente longos transformam-se rapidamente em sombrias tardes que nos toldam o espírito e nos adensam a depressão rumo ao Inverno.
A hora muda duas vezes ao ano por causa de uma alegada poupança energética embora cada vez menos sustentada em factos. Foi de Benjamin Franklin, um dos maiores sábios do seu tempo, a ideia de que se poderiam poupar velas com a mudança da hora colocando pela primeira vez em alerta os fabricantes dos antigos e respeitados relógios de sol. Mais tarde ela veio a ser aplicada por todo o mundo, em nome dessa poupança, durante a Primeira Guerra Mundial quando o carvão escasseava. Pode ter, em tempo, justificado essa poupança energética mas será que isso ainda acontece?
Compreendo facilmente os argumentos de que muitos trabalhos que se realizam mais cedo estariam confinados à noite e que é mais fácil mudar a hora que os hábitos de uma infinidade de pessoas mas estará tão evidenciado o reflexo positivo desta mudança de hora?
Será fácil, se se quiser, analisar hoje de forma rigorosa a poupança energética conseguida com a mudança da hora. Basta analisar os dados de um ano e no ano seguinte fazer de forma diferente não mudando a hora. Mas, se por um lado há poupança energética pergunto se por outro não haverá uma quebra de produtividade associada a esta mudança de hora. Quantos trabalhadores ao verem chegar a noite não começam de imediato a olhar para o vagar com que os ponteiros do relógio atingem a hora da almejada saída do emprego?
 Pela minha parte sinto que uma grande maioria abomina esta mudança de hora. Em muitos países esta situação é cada vez mais discutida medindo-se vantagens e desvantagens da mudança da hora. Num país com tão forte vocação turística como o nosso deixar que o dia útil perca horas de sol parece-me, em tese, uma ideia errada. Repito, todavia: estude-se, compare-se e esclareça-se de modo a que a decisão seja tomada com base numa lógica racional.
Já agora, e a título de curiosidade, fiquem a saber que as mudanças de hora no nosso país são coordenadas pela Comissão Permanente da Hora que funciona sob a alçada do Observatório Astronómico de Lisboa sobre a qual podem obter mais informação em http://oal.ul.pt/hora-legal/comissao-permanente-da-hora/. Esta tem como função fixar o regime da hora legal no país, a coordenação dos processos de difusão da hora na comunicação social, a fiscalização de relógios públicos, etc. Não, isto não tinha por detrás uma intenção de chamar a vossa atenção para os cortes que são necessários na despesa pública mas já agora que falámos no assunto pensem lá nesta como noutras comissões da mesma natureza se não dá para se cortar qualquer coisinha!
                       Tiago Gonçalves- Crónica publicada no jornal Terras da Beira

1 comentário:

Anónimo disse...

Pode ser que a hora de inverno sirva para aumentar a natalidade.....