Carlos Canhoto- Candidato pela CDU à Câmara da Guarda
Que motivos o levaram a candidatar-se à Câmara da Guarda?
A CDU tem uma forte ligação às populações e aos seus anseios e uma forte tradição no trabalho autárquico (quer na oposição, quer no poder executivo), procurando estar presente em todo o território nacional. O concelho da Guarda tem necessidade de uma outra política e precisa da CDU. Foi, por isso, com toda a naturalidade que aceitei o desafio que me foi proposto pelo meu partido, o PCP.
Que expectativas tem a nível dos resultados eleitorais?
Um reforço expressivo da votação na CDU que nos permita ter mais força para defender os interesses da população, nomeadamente pelo aumento do número de mandatos nos vários órgãos autárquicos. Estamos, naturalmente, em condições de assumir qualquer cargo para o qual a população nos mandate, e cremos que há condições para aumentar o número de eleitos na Assembleia Municipal e eleger um vereador.
Que projectos âncora tem para a Guarda?
Antes de mais, assumir que o concelho da Guarda não é só a cidade. Se todo o concelho tem sofrido com o abandono e a desertificação, as freguesias rurais têm sofrido o esquecimento por parte do poder autárquico. Defendemos, por isso, uma rede de transportes públicos que sirva condignamente todo o concelho, o apoio à instalação de micro, pequenas e médias empresas com especial enfoque nas que se instalem nas freguesias rurais e nas que tenham uma ligação aos produtos endógenos, apoios aos produtores agrícolas locais, reduções de IMI para a instalação nos centros históricos da cidade e das aldeias (visando a sua recuperação), a extensão da programação cultural às freguesias rurais e a dotação de equipamentos (nomeadamente parques infantis). Lutaremos também pelas escolas de proximidade e por serviços públicos de proximidade, nomeadamente na área da saúde. E porque entendemos que os órgãos autárquicos devem estar tão próximos das pessoas quanto possível, lutaremos pela reversão da extinção de freguesias. Mas promoveremos uma política que vise muito claramente uma melhor qualidade de vida no concelho. Em termos de urbanismo e ambiente, com a criação de corredores verdes para a circulação pedestre na cidade, com a criação de uma rede de ciclovias no concelho, com a reestruturação do Canil Municipal, com a criação de novos espaços verdes e arborizados, com a despoluição do Rio Noéme e outras linhas de água, com a defesa e promoção das hortas urbanas, com a defesa e promoção da floresta e do património natural do concelho. Na área da cultura, património e turismo, o reforço do orçamento municipal para a cultura, a criação de uma escola de artes no antigo Hotel de Turismo, a criação de um centro de arte contemporânea, a recuperação e promoção do património histórico e a criação do Bilhete Único de Turista. Na área da educação, a elaboração de uma rede pública de creches e ATL, a melhoria de espaços educativos sob a responsabilidade do município e a criação de novos parques infantis e requalificação dos existentes (onde necessário). Na área da economia e produção local, o apoio ao comércio local, o apoio aos produtores locais, a ligação ao IPG e a valorização turística do património natural e histórico do concelho. E temos também propostas na área do abastecimento de água e saneamento (melhores serviços, menos custos para o utente) e na área da saúde (exigência de mais e melhores recursos materiais e humanos, além dos serviços de proximidade, que já referi). A CDU defende também uma intervenção combativa junto do poder central para reclamar o fim das portagens, a reabertura da Linha da Beira Baixa, melhores serviços na Linha da Beira Alta e a ligação ferroviária ao Polo Industrial (ex-PLIE), bem como uma maior exigência junto do poder central para que cumpra aquilo que são as suas competências e para que haja uma maior transferência de verbas para as autarquias.
Na sua óptica, quais os principais problemas, os principais desafios que a Guarda enfrenta actualmente e no futuro?
Naturalmente, ultrapassar o grave problema da desertificação, no qual as políticas autárquicas têm tido alguma responsabilidade, mas cujos responsáveis são, sobretudo, os governos que ao longo dos anos praticaram uma política de direita, destruindo e concentrando serviços, aumentando o custo de vida e destruindo o aparelho produtivo. Há que exigir dos governos uma outra política. Mas fazer com que as pessoas se sintam felizes no concelho da Guarda é o outro grande desafio. E isso passa por uma política que promova uma maior qualidade de vida, com mais e melhores serviços públicos e um cuidado planeamento urbanístico e ambiental.
Como vê a cultura na Guarda?
Não se pode dizer que haja uma verdadeira política cultural. Apesar de termos um equipamento tão importante como o TMG, a programação cultural da cidade é muito mais uma política de entretenimento, que cataloga públicos de acordo com o que está pré-estabelecido pela indústria do entretenimento, do que uma política que vise a fruição e criação de produtos artísticos e culturais, que crie uma relação da população com a arte e a cultura que que respeite a inteligência das pessoas.
Rio Noéme. O que pensa fazer concretamente para resolver o problema da sua poluição?
Um dos principais pontos do nosso programa é a despoluição do Rio Noéme e de outros rios e linhas de água do concelho, bem como a devolução do rio Noéme e de outras linhas de água à população, valorizando as suas margens e meio envolvente, e promovendo projectos de lazer e de aproveitamento económico sustentável do ponto de vista ambiental. Para tal, há que, em primeiro lugar, identificar os focos de poluição e, em conjunto com as entidades competentes a nível do poder central, punir os responsáveis e impedir que a poluição continue. Tem havido um muro de silêncio, um certo medo de apurar responsabilidades por parte do poder autárquico.
Vila Mendo, que lhe diz?
A Vila Mendo é uma das localidades que eu descobri ao longo de muitos passeios de fim-de-semana pelo concelho e pela região da Guarda. Muitas localidades da região planáltica entre a Guarda e o Sabugal respiram um certo ar de nostalgia relativamente a um passado em que tinham mais habitantes, mais juventude e mais dinamismo económico. Muitas vezes com uma identidade muito própria que lhes é dada pela história e à qual os habitantes gostam de se sentir ligados. Vila Mendo não é excepção. Infelizmente, muitos anos de políticas erradas deixaram definhar povoações que tinham todas as condições para uma boa qualidade de vida. Mas há esperança. Em primeiro lugar porque as pessoas resistem e fazem tudo o que podem para dar vida às suas terras. Em segundo lugar porque uma outra política é possível. Por isso é importante reforçar a CDU, que é, de facto, uma força necessária.
1 comentário:
Estes senhores do pcp dizem coisas até interessantes mas a cassete do costume está presente em todos eles.
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