Andava na 3ª ou 4ª classe (não sabe precisar) e invariavelmente depois da escola passava por casa da sua bisavó Purificação Lopes para entretida e paulatinamente transcrever os versos, as quadras e os poemas; as lenga-lengas, as rezas e as estórias para um caderno que guarda religiosamente, mas de que já não encontra uma parte, embora a procure furiosamente uma e outra vez. Recorda com uma saudade nostálgica esses momentos... recorda a ternura e a paciência com que a bisavó esperava que ela escrevesse tudo... recorda as explicações às palavras que não compreendia e que ela aturadamente explanava... Falamos da Paula Pereira que nos deixa, hoje, Poemas Soltos:
Cantigas são meninices
Palavras dadas ao vento
Quem se leva em cantigas
É falta de entendimento.
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A folha do castanheiro
É recortada como a renda
Rapaz quando te casares
Procura mulher, não fazenda
Porque a fazenda é um dote
E a mulher é uma prenda.
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Quando eu nasci chorava
Com pena de ter nascido
Parece que adivinhava
Que o mundo estava perdido.
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