Graça Maria Garcia Soares Calçada Sousa, nasceu na Guarda em 1963. As suas origens provêm de Vila Fernando, Quinta do Meio e Monte Carreto. Na infância, e sobretudo nas férias e fins de semana, Vila Fernando acolheu as suas brincadeiras (inesquecíveis) com primos e vizinhos. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas na Universidade de Coimbra e é Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Católica. É professora do 3º Ciclo e Secundário.
Recolheu as informações abaixo publicadas quando, há uns anos, decidiu investigar e construir a árvore genealógica da sua família, quer do lado paterno, quer do lado materno, recorrendo à consulta de livros, documentos e microfilmes no Registo Civil da Guarda e no Arquivo Distrital da Guarda.
Por uma questão editorial, se assim se pode afirmar, decidimos publicar hoje uma parte desta 2ª parte. Domingo, a outra parte.
A
Freguesia de Vila Fernando no séc. XVII
(1601 – 1700)
Parte 2 – Casamentos
Datas
|
Nº de
casamentos
|
1601 – 1625
|
79
|
1626 – 1650
|
168
|
1651 – 1675
|
218
|
1676 – 1700
|
311
|
l Cerimónia
Geralmente, os casamentos ocorriam na “Igreja de Nª Sra da Conceição do lugar de
Vila Fernando”. Houve, no entanto, situações muito pontuais em que,
mediante uma “licença especial do
Reverendo Provisor”, os noivos tiveram autorização para realizar o
matrimónio na ermida de S. Bartolomeu do lugar do Adão, na ermida do Espírito
Santo do lugar de Albardo e na ermida de Sta Maria Madalena de
Pousafoles “ó” Roto.
Quem assistia a todas estas cerimónias? No
início do século, o padre limitava-se, com frequência, a indicar apenas os
nomes dos noivos e a sua origem. Mais tarde, os registos incluíam também os
nomes de alguns dos presentes e referências vagas aos restantes: “doze ou treze pessoas”, “algũas vinte testemunhas”, “algũas corenta pessoas”, “alguma gente”, “mta gente”, “parte
do povo”, “mais de cem pessoas”,
“todo o povo junto”. Depois, em
textos mais elaborados, surgiram padrinhos, madrinhas e testemunhas. As
testemunhas, que eram normalmente duas e sempre do sexo masculino, costumavam
assinar os registos.
Embora os casamentos apareçam distribuídos
por todos os meses do ano, a verdade é que os noivos e as noivas pareciam
preferir os meses de fevereiro (105), janeiro (101) e maio (93), logo seguidos
de junho (65), novembro (65) e outubro (64). Os meses menos procurados foram,
sem dúvida, agosto (42), dezembro (39) e março (38).
Normalmente, não há indicações sobre o
dia da semana ou as horas em que ocorreram as cerimónias, contudo, por vezes, o
Vigário pormenorizava o registo, deixando perceber que este ou aquele casamento
tinha sido num “Domingo” ou num “Domingo da trindade ao offertorio da missa
conventual” ou “no fim da missa”
ou “hũ dia de fazer” ou a “oras de véspera” …
Muitos padres passaram por Vila Fernando
ou viveram na freguesia mas a Igreja esteve entregue, sobretudo, a três
vigários: Manuel Gouveia, Francisco Carvalho e António Tenreiro. Quando
chegaram à freguesia, estes três vigários assinaram os primeiros registos de
casamento nos anos de 1614, 1646 e 1674, respetivamente. Foram eles que
realizaram a maior parte das cerimónias e redigiram a maioria dos assentos.
l Noivos
Dos 776 noivos, 356 (quase metade) não
eram da freguesia de Vila Fernando, mas sim de quintas e lugares situados,
sobretudo, nos concelhos da Guarda e do Sabugal e, em menor número, nos
concelhos limítrofes – Almeida, Pinhel, Belmonte, Celorico e Gouveia.
Relativamente ao concelho da Guarda, os
noivos chegaram de diversas freguesias: Carvalhal Meão, Casal Cinza, Rochoso,
Pousade, Vila Garcia, Marmeleiro, Santa Ana, Pega, João Antão, Arrifana, Monte
Margarida, Porcas, Sé, Jarmelo, Gonçalo Bocas, Panoias, Ramela, Benespera… Quanto
ao Sabugal, são referidos noivos de Pousafoles do Bispo, Penalobo, Vale das
Éguas, Aldeia da Ribeira, Cerdeira, Nave, Vila do Touro, Vila Boa, Vilar Maior,
Bendada, Sortelha… (Algumas quintas e alguns lugares, com o decorrer do tempo,
podem ter mudado de freguesia.)
Os noivos oriundos da freguesia de Vila
Fernando pertenciam, sobretudo, aos lugares de Adão, Albardo, Quinta de Cima, Vila
Fernando e Vila Mendo. As quintas de Afonso Fernandes, de João Lopes, de Vale
dos Carros e outras apresentam valores reduzidos e parecem ter sido locais
muito pequenos, podendo alguns, eventualmente, ter desaparecido. A Quinta de
Baixo não é referida.
Lugares
|
Datas
|
Total
|
|||
1601 – 1625
|
1626 – 1650
|
1651 – 1675
|
1676 – 1700
|
||
Adão
|
10
|
11
|
23
|
28
|
72
|
Albardo
|
5
|
12
|
16
|
23
|
56
|
Monte
Carreto
|
1
|
4
|
5
|
9
|
19
|
Pousafoles
“ó” Roto
|
3
|
2
|
7
|
14
|
26
|
Quinta
de Cima
|
4
|
7
|
6
|
13
|
30
|
Quinta
de João Dias
|
-
|
2
|
8
|
13
|
23
|
Quinta
do Meio
|
4
|
3
|
5
|
13
|
25
|
Vila
Fernando
|
5
|
18
|
25
|
24
|
72
|
Vila
Mendo
|
4
|
11
|
14
|
18
|
47
|
Continua...
1 comentário:
Parabéns à autora por nos ajudar a conhecer dados históricos da freguesia.
Enviar um comentário