Vida e(m) pandemia
espécie de Ensaio- 1ªparte
Estamos a viver um tempo histórico. Um tempo que vai (deve) ficar inscrito (espera-se). Um tempo em tudo semelhante ao de outras pandemias e catástrofes na história da humanidade, com uma diferença: somos nós (Eu, enquanto indivíduo) que o estamos a viver. Ora isto, por si só, redimensiona o problema para uma escala de importância (interpretativa) sem igual: é presente! Não é algo que se lê ou se aborda, superficialmente, no percurso académico. Mas por ser presente, paradoxalmente, quase que parece passado; a quantidade de informação difusa, profusa e confusa a todo o momento e no momento redirecciona o nosso pensamento para um caminho de esquecimento, alienação, desvalorização: tudo acontece agora, tão rápido e tão perto que já é distante- é e não é! Esta dualidade (dubiedade) de pensamento, de percepção (individual) faz com que as pessoas (colectivamente) adoptem, por vezes, comportamentos desajustados e irreflectidos que (previsivelmente) não favorecem à eliminação do problema. O medo (puro e duro) por onde as sociedades das outras vagas pandémicas se governavam e deixavam governar deixou de existir (ainda bem), sem que tal fosse substituído por algo diferenciador e profícuo- há a ideia em cada indivíduo de uma pretensa imortalidade (“a mim nada me acontece”) a que chamaria de imortalidade-frugal por não assentar numa materialização concreta de transformação efectiva, duradoura e inscrita da Vida como tal- temos a vantagem, é certo, de uma ciência avançada, embora lenta para aquilo que esperaríamos e precisaríamos no imediato. Se antes havia pouca ciência, sobrava o medo para controlar as situações, agora com mais ciência (que não basta) falta o medo; não o medo asfixiante, paralisante e opressivo, mas o medo que definiria como prudência-reflexiva-operante que nos permitiria pensar e encarar a realidade com cautela ( sem nos aprisionar numa vivência terrorífica) e capaz de planear e operar o futuro… no presente!
Nesta(s) altura(s) seriam necessárias elites políticas (económicas e culturais) que nos ajudassem, que planeassem e que executassem medidas pensadas, estruturadas e enquadradas numa perspectiva de presente-futuro ancoradas no passado; medidas transformativas, medidas que apontassem um rumo, alicerçadas nas liberdades individuais e colectivas. De facto, temos assistido a políticas erráticas e a políticos errantes (quase que uma sina desde os tempos primeiros da existência de Portugal como país) que não sabem muito bem o que fazer, dizer, logo pensar-antever. Veja-se, como exemplo, a confusão com as máscaras, vacinas, educação, justiça… diz-se uma coisa, depois diz-se que não se disse ou que se disse mas não era aquilo que se queria dizer porque o que se tinha dito já não interessa face às circunstâncias mutantes… o que conduz a outro problema que não é (só) de comunicação; é mais profundo: o valor da palavra dita- escrita e falada; se o que se diz hoje não tem valor amanhã (porque desacreditada pelos intervenientes) então não há um salto de modernidade nas mentalidades, com consequências inegáveis, imprudentes e imprevisíveis no bem-estar material, social e até identitário de um país; tudo é simplificado, desvalorizado, esquecido; e sem memória do atrás é difícil haver mudança no à frente. E Portugal está aqui: individualmente inconsciente, politicamente inconsequente. Como começar a alterar isso: valorizando, reconhecendo e assumindo o ontem; pensando e fazendo o hoje; antecipando o amanhã…
2 comentários:
Com certeza essa situação não ocorre somente em Portugal!!!!
Politicos que apenas pensam em sua imagem e futura eleição habitam todos os paises no mundo.
mas os politicos portugueses são mais espertinhos!!!!
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